quarta-feira, 2 de outubro de 2019

HUMANITAS Nº 88 – OUTUBRO DE 2019 – PÁGINA 3

Refúgio Poético – Cartas dos Leitores

O barco na garrafa
Alexandre Guarnieri
Rio de JaneiroRJ

que vento, tormenta, qual
embargo causado pelo caos
atravessou o aço deste barco?
qual a história de seu rapto,
de sua carcaça aprisionada
ao arrecife, pelo casco?

terá afundado em álcool
– em rum, a nau afogada -,
no premente e estrepitoso
jorro da única talagada?
terá sido enfeitiçado
o capitão embriagado
pelo canto da sereia
ou pela água envenenada?

pois saibam, sujos marujos,
que até assim se naufraga,
e onde esperaríamos o gênio
realizando desejos, resta a
miniatura delicada da fragata
prensada através do gargalo,
presa ao interior da garrafa;

haverá outra escolha ( brinquedo
camuflando o medo – mero modelo )
senão estilhaçá-la ao peso
do arremesso ( pequena parcela
do mar ou a própria alma
sequestrada ) a singela peça
do artesanato naval, minuciosamente
trabalhada ou frágil granada
lançada contra a parede da sala?
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Nascido no Rio de Janeiro, em 1974, ALEXANDRE GUARNIERI é um arte-educador habilitado em História da Arte pelo Instituto de Arte da UERJ e mestre em Tecnologia da Imagem pela Escola de Comunicação da UFRJ (ECO). Atuou no Centro Cultural Banco do Brasil e no MAM e produziu materiais didáticos para diversas exposições. Começou na poesia no ano de 1989 e, a partir de 1994 integrou o movimento carioca da poesia falada (CEP 20.000, Cambralha na PUC, Interface na UFF, Revista Urbana no Castelinho do Flamengo, Zn-Zs na UERJ). Foi colaborador do jornal de poesia Panorama da Palavra e teve poemas publicados em jornais e revistas. O seu livro de estreia foi Casa das Máquinas.
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Amor aliado
Ivanise Mantovani
Porto Alegre/RS

Nos apelos da juventude
o tempo adiantou nossos relógios.
Apressamos o passo, era preciso.
Amiúde convidávamos Maiakovski à nossa mesa,
queríamos mudar a visão do mundo.
Eu, um breviário no bolso,
Ele, coesão à doutrina de Marx.
Plantamos inquietudes,
colhemos morangos verdes.
Senti suas mãos, de ternura,
aquecerem as minhas.
E, assim, a vida passou voraz.
Cúmplices sorríamos à troca de olhares.
Entardecendo, nos bastamos atenuando ideais.
Hoje a paixão acomodou-se ao crepúsculo
e nos lençóis o amor se fez paz.
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IVANISE THEREZA MANTOVANI - Natural de Caxias do Sul/RS. Reside em Porto Alegre. Graduada em Administração de Empresas. Possui prêmios literários no país e no exterior, destacando-se: Talentos da Maturidade, patrocinado pelo Banco Real, em 1999 e 2000. Tem trabalhos publicados em Portugal, França e Itália. Pertence à Academia Literária Feminina - Porto Alegre/ RS, Cadeira número 18.
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CARTAS DOS LEITORES

Tudo tem seu nascer e seu fim. Para nossa tristeza, isso aconteceu com o Humanitas impresso. Uma perda lamentável.  Anne Cristine – Olinda/PE

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