Textos publicados na página 2 do
HUMANITAS nº 22 - Maio/2014
O Homus Primitivus
Não há como deixar de
observar na evolução do Universo que existe certo equilíbrio entre as diversas
dimensões que o compõem. Incluindo nisso a evolução que ocorre no planeta
Terra, a qual se manifesta através de grandes e demorados processos. A natureza
terrestre, através de suas manifestações físicas, apresenta ao homem processos
com muitos e especiais graus matemáticos, físicos, biológicos e químicos, os
quais vêm de priscas eras geológicas. Dentro desse procedimento, o animal homem
continua a evoluir, ainda que sua evolução ataque e atinja erradamente os
processos de expansão do planeta.
O universo não para de
se expandir. Essa é a verdade única. Mas o homem prende-se à ideia de que a
criação e a evolução de sua espécie são responsabilidades de um deus. É nesse
ponto que as maravilhas apresentadas pela natureza aos olhos humanos são
esquecidas como parte e reino naturais para serem admiradas como obra de um
criador, o qual é muito excêntrico, pois ninguém sabe quem ele é, como é, e o
que pretende.
Isso é lamentável!.
Numa época onde a ciência devia estar tão evoluída que o homem pudesse fugir
dos conceitos fantasiosos de deus, santos, diabos e trindades divinas, cada vez
mais a raça regride e se entrega, comodamente, às superstições milenares. Assim
fica fácil aceitar as incertezas e as crueldades e até mesmo as tragédias.
Na sua ignorância
tribal o homem diz que se um avião caiu no mar e todos seus ocupantes morreram,
foi porque um deus assim o quis e nada podemos fazer contra o poder de tal
deus. Ou, ainda, se existe fome no mundo essa é uma provação para que o homem
aceite o filho de tal deus como a divindade verdadeira e única e acredite que
após a morte não mais haverá fome, nem guerras, nem desastres aéreos. Acredite,
morra e salve-se.
O que significa tal
pensamento? Primitivismo! Nenhum deus que seja criador pode se dá ao luxo de
destruir sua própria criação apenas para ser aceito por ela. Mas a mentalidade
humana, insuflada pelos poderosos da religião, não aceita a verdade cruel de
que um deus desse tipo é que é a fatalidade mesma da crença.
Portanto, o homem deixa
de construir um mundo com uma dimensão de qualidade humanitária, porque existe
um deus para ele acreditar. E deixa de construir um mundo onde todos possam
viver, progredir e realizar tudo que desejar, porque um deus não aceita essa
forma de ser e de viver libertos dele. Assim, o homem abandona suas prerrogativas
de transformar para melhor o mundo que o cerca para não magoar seu deus, que
nada mais é do que sua própria fantasia interior de vida eterna.
E dedica-se a destruir
tudo que a natureza cria e recria por acreditar que tal deus é dono dessa
criação, esquecendo que a natureza evolui de segundo em segundo, de minuto em
minuto, de hora em hora, e que tal criador é a maior das mentiras inventadas
pelo próprio ser humano para usurpar a ideia de expansão das dimensões
universais, que há mais de bilhões de anos vem acontecendo em todo o infinito
tanto dentro e fora do planeta Terra, do sistema solar e dos milhares de
galáxias.
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Cartas dos Leitores
Apesar de respeitar o jornalista Lungaretti e ler seus textos, só faço uma discordância em relação ao fato de Jango ser "bobalhão" tal como ele publicou no jornal Humanitas do mês passado. Muitas pesquisas feitas por historiadores e muitos documentos que estão vindo à tona dão uma visão um pouco menos enfática, tanto do recuo de Goulart, quanto da atitude heroica de Brizola. Eu mesma realizei entrevistas que reforçaram a dificuldade de uma reação imediata, além de se considerar que um processo de tomada de decisão envolve uma série de elementos nem sempre publicizados. Jacqueline Ventapane – Rio de Janeiro/RJ
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Eu não creio que BOBALHÃO seja uma forma de definir uma pessoa como Jango (Humanitas do mês de abril de 2014, texto do jornalista Celso Lungaretti). Se houvesse uma luta armada, além de sermos derrotados e subjugados, muita gente morreria e não dá pra prever a desgraça, e que seria pior do que foi. Tânia Orsi Vargas – Taquara/RS
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Um ser do acaso
Antonio Carlos Gomes – Guarujá/SP
Um planeta vivo envolto de uma estranha energia que o movimenta, um pequeno planeta periférico de uma imensidão desconhecida e ignorada. Esta é a cena inicial de tudo que compõe esta esfera ovalada a que chamamos Terra. De uma ínfima junção de energia, com colaboração de dois seres nasceu uma massa disforme, confusa que se multiplicou como possibilidade de ser. Neste acaso que não sei se consentido mutuamente, ou fruto de agressão unilateral descobri-me ser.
De inicio não sabia o que era: apenas via uma massa que se desprendia de mim e já tinha forma definida de tamanho gigante para as parcas sensações que possuía. Conforme me conformava à massa se desprendia e formava fronteiras e o que era um anexo de minha massa criava atividade própria diferente da inexistente atividade que eu possuía.
Parte de mim me submetia e ao mesmo tempo me mantinha vivo. Para viver dependia do que perdi e a parte destacada exigia que eu a amasse e obedecesse para eu continuasse a existir. Sem saída amei e odiei esta parte destacada que me dava o liquido branco chamado leite: Ora sugando-o avidamente, ora mordendo raivoso sentindo a perda de minha integridade total.
A quebra deste todo que imaginava: eu fruto de uma insignificante descarga da energia do planeta, mas que a meu ver fazia-me único; tinha que cindir meu solipsismo em dois, naquele que eu sentia e no outro que se desprendia, mas ao mesmo tempo me cuidava e mantinha-me vivo.
Estava eu no mundo num estranho contrato: Ceder parte de minha onipotência a troco de continuar a existir. Um contrato unilateral sem avalista que me faria pertencente a uma espécie por onde iniciava meu reconhecimento e descobria que não era planta nem, outro animal: apenas um animal humano, pertencente a uma espécie com história e regras próprias.
Estranha relação de espelhos com contrato particular, amar e odiar o que julgava ser eu mesmo, na missão impossível de auto apaixonamento. O espelho em que me via aos poucos me fazia parte do que já era e não sabia. Aprendi que tinha um corpo ao olhar minhas extremidades arredondadas; que por meio de grunhidos chamados choro, podia ficar confortável e alimentado e, da mesma maneira repudiar o que sentia como agressão e estranho, um duplo de eu mesmo com uma parte destacada ensinando-me a ser humano.
Ali comecei a me conhecer e identificar diferente do outro que me espelhava.
Um terceiro apareceu, não era eu nem minha parte. Uma agressão que mudava o contrato ampliando obrigações e retornando obediência. Descobri que tinham outro e outros que me cercavam e ali estava um núcleo onde eu era apenas uma majestade manipulada e obediente. Assim virei gente.
Descobri que meu duplo era a parte social que teria que aprender e o terceiro e estranho elemento ditaria as regras que seria obrigado a aprender. Sem opção neste contrato imposto por imagens teria que achar uma identidade que justificasse o nome ao qual fui apelidado como expectativa da esperança do grupo.
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EXPEDIENTE
HUMANITAS – ANO II - Nº 22
ISSN 2316-1167
Este jornal é mensal e gratuito
Tiragem 1.000 exemplares
Editor Geral: Rafael Rocha
Jornalista - Reg. DRT/PE 1160
Editor Adjunto: Genésio Linhares
Jornalista – Reg. DRT/PE 1739
Colaboradores
no Brasil: Valdeci Ferraz; Araken
Galvão; Francisco de Assis Coelho, Antônio Carlos Gomes; Aline Cerqueira; Manfred
Grellmann; Karline da Costa Batista; Ana Maria Leandro; Celso Lungaretti; Ricardo Tiné; Rod Britto; Silvia Mota; Jorge
Oliveira de Almeida; Ivo S. G. Reis; Divina de Jesus Scarpim.
Colaboradores em Portugal: Marisa Soveral; Paula
Duarte.
Cartas à Redação enviar para:
Editoração e Revisão: Rafael Rocha
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