terça-feira, 15 de abril de 2014

Não existe vida após a morte

Uma crônica da professora Divina de Jesus Scarpim - São Paulo/SP
Especial para o HUMANITAS nº 21 - Abril/2014


Não consigo acreditar em vida após a morte, em fantasmas, em espíritos, em pessoas "recebendo" ou "incorporando" outras pessoas ou em experiências de sair fora do corpo, acho que, principalmente, porque não consigo acreditar na existência de alma.
Não vejo sentido nessa dualidade que os que aceitam a tal vida depois da morte usam para definir-nos: "Somos corpo e alma". Na minha visão somos corpo, só corpo. E quando nosso corpo está vivo é porque nosso cérebro está funcionando e todas as manifestações que normalmente se confunde com "alma" para mim pode, no máximo, ser chamada de mente, no sentido de que são resultados do "trabalho", ou das atividades, do nosso cérebro, não consigo acreditar em nada além disso.
Não é por teimosia que não acredito (pelo menos eu acho que não é), é porque nunca vi nenhuma evidência que pudesse me convencer e, principalmente, porque quando penso no assunto a existência de uma alma ou de uma vida após a morte me parece muitas coisas, todas elas ruins ou no máximo inúteis.
Alguns exemplos das conclusões que me fazem duvidar dessas teorias são esses: Dizem os que acreditam em espíritos que estamos aqui para evoluir, mas eu não consigo imaginar qual seria a utilidade dessa evolução e até onde ela chegaria. E mais, fico me perguntando que tipo de evolução meu espírito (se eu tivesse um) poderia alcançar que compensasse para mim o fato de ter aqui e agora vivido (e portanto me aproveitado disso!) em um lugar (tempo, espaço, dimensão ou o que se queira chamar) onde existem crianças que sofrem. Acho sinceramente que se meu espírito(?) chegasse a um ponto em que eu aceitasse isso como normal por ser "parte do meu crescimento" eu teria INvoluído e não o contrário.
Mesmo com a justificativa comum de que é também "parte do crescimento do espírito dessas crianças" tenho restrições demais: primeiro que a explicação me soa como desculpa esfarrapada e egoísta para não se importar, e segundo que não vou conseguir aceitar nunca como normal nenhum tipo de sofrimento no qual aquele que sofre não saiba a razão de estar sofrendo.
Outro ponto é que se eu fosse "corpo e alma", como costumam definir os que aceitam essas teorias, então eu penso que só e apenas essa junção corpo-alma seria eu, qualquer dos dois, separados, seria qualquer coisa mas não seria eu; o corpo seria matéria morta se decompondo e depois voltando à "tabela periódica dos elementos" e a alma seria um sei lá o quê que não seria eu.
Daí, pensando nisso, me parece bem mais interessante minha mente voltar ao nada que foi até que comecei a existir como eu, e meu corpo se dissolver espalhando os elementos que o compõem pelo ambiente, de onde esses elementos vieram. O ciclo da vida me soa muito mais poético do que ter que justificar o sofrimento de crianças para uma teórica "evolução" da minha (ou de qualquer outra) "alma" até um ponto que não sei qual seja e que duvido muito que me interesse.
Outro ponto é que todas as crenças em almas, espíritos, vida após a morte que tenho visto estão sempre atreladas à crença em um determinado deus, e eu sou ateia. Sou ateia e, além de ser ateia, sou uma ateia convicta de que, se eu estivesse enganada e existisse um deus, eu preferiria manter a maior distância possível dele.
Não consigo imaginar uma possibilidade de deus que eu respeitasse e não consigo imaginar nenhuma possibilidade de explicação que um deus pudesse me dar e que me faria perdoá-lo por ter criado o mundo do jeito que o mundo é. Portanto, não consigo, não consigo mesmo, ver qual seria a vantagem de existir vida após a morte.
Mais um ponto: Os que defendem a vida após a morte com esse "aprendizado", ou "evolução", envolvido geralmente evitam falar a respeito de como ficariam os animais.

Essa omissão me parece um indício muito forte de que nada disso existe, isso porque, na minha opinião, explicar como ficariam os animais, criaria uma gama de embaraços muito grande para essas teorias. Mas confesso que de repente posso estar falando besteira e pode ter alguma teoria espírita que tenha conseguido detalhar esse aspecto e apenas eu não a conheça.
E, finalmente, tenho uma outra justificativa que está mais brincadeira do que para um argumento sério mas mesmo assim acho que vale uma "analisada": Tenho segredos que não contaria A NINGUÉM nem sob ameaça de morte (e acho que todos temos ou então eu sou uma anomalia) e se com essa coisa de "alma" eu tiver que me tornar "transparente", abro mão de qualquer privilégio pós morte rapidinho para conservar meus segredos bem guardados!
Bem, é isso. Vejam que não usei como argumento nenhuma bibliografia de peso e nenhum tipo de “estudo aprofundado".
É apenas minha MENTE raciocinando com pouco conhecimento, embora deva dizer que li alguns livros de cientistas que concordam comigo. Ou com os quais concordei.

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