terça-feira, 25 de agosto de 2015

HUMANITAS Nº 39 – EDIÇÃO DE SETEMBRO DE 2015 –PÁGINA 2

EDITORIAL
O renascer da serpente
Estamos vendo hoje o renascer da serpente fascista. O escritor José Saramago, quando vivo, alertou para o fato de que o fascismo estava crescendo na Europa. Ele disse que nos próximos anos deste século XXI o fascismo atacará com força e temos de nos preparar para enfrentar o ódio e a sede de vingança que seus partidários estão alimentando. Salientou que a Grande Mídia auxiliará a política fascista.
O também escritor Gilberto Maringoni afirmou que “a história dos meios de comunicação de massas é a história do acúmulo de capital”. Isso ajuda a Mídia a propagar o terror, tornando realidade as críticas midiáticas contra governantes que não foram forjados por ela. No controle da mídia, os fascistas anulam a voz da oposição e fazem com que esta passe a ser mal vista.
Já os cristãos - representados por evangélicos neopentecostais e afins - têm comprometedoras coincidências com relação ao modo de pensar fascista. Três pilares específicos alicerçam a ideologia deles: 1) a posse de uma verdade suprema à qual todos devem se submeter, mesmo os descrentes; 2) a iminência de um destino messiânico e glorioso para os escolhidos; 3) e o grande inimigo onipresente. A ideologia totalitária do nazismo de Adolf Hitler era alicerçada sob esses mesmos pilares.
Ambos os lados dividem a humanidade entre eleitos e excluídos. Tanto fascistas como cristãos neopentecostais se unem uns a outros quando definem a justificativa do não compartilhar da mesma opinião deles para condenar alguém ao fogo, seja o do crematório, seja aquele que nunca se apaga.
Os fascistas e os religiosos transmutam e manipulam o ideal de liberdade e o de justiça quando pregam aos quatro cantos do mundo que só obedecendo cegamente aos seus líderes e a seu deus invisível, o homem ganhará liberdade.
Esmagando a individualidade e o ideal do homem livre e senhor de si mesmo e transformando o destino do homem sob a ideia preconcebida de um mito, o fascismo e a religião buscam derrotar a grandeza humana. Somos contra esse tipo de ação. A grandeza do homem é muito maior do que a de qualquer mito político ou religioso.
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NOTAS VARIADAS

Um amigo disse achar difícil alguém vender uma ideia que ele sabe que pode matá-lo. Ele se referia ao mito da ressurreição de Jesus. Dentro de certa lógica, ele tem razão. Mas, ao que parece, a lógica nunca foi o forte dos homens de fé. A história prova. Dizer que pessoas religiosas não vendem ideias que podem matá-las significa duas coisas: ou as pessoas desprezam totalmente o que diz a história ou são completamente ingênuas em relação à história. É como dizer, por exemplo, que se existem homens-bomba, o Islã deve ser verdade, já que ninguém se explodiria por uma ideia falsa. Percebem a ingenuidade? Pessoas em todos os momentos da história venderam ideias que as matariam. Há mártires na história de todas as religiões. O cristianismo, na época da Inquisição, foi responsável pela criação de alguns desses mártires. O problema dos cristãos (ou da maioria deles) é que não conseguem sair de sua bolha existencial e perceber que existe um universo de outras histórias e expressões de vida e fé tão válidas quanto o cristianismo. Está na hora de entender isso, caros ingênuos! (William de Oliveira)
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Há uma grande diferença entre insultar o próximo e fazer humor com aquilo que o próximo encara como sagrado. Se ofendo a um deus, a Jeová, a Alá, qualquer um desses, por que eles mesmos não vêm me punir? É preciso que um fanático religioso venha tomar as dores de um deles? Que divindade é essa? (Valdeci Ferraz)
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Somos seres pessoais porque estamos limitados ao pessoal, ao pensamento pessoal. A pessoalidade compreende uma pessoa.  Uma pessoa compreende, sempre, algo distinto e, por sua vez, seu conteúdo, que é, forçosamente, diferente do conteúdo de uma outra pessoa. Somente pessoas se interrelacionam entre si. Daí, o conceito bíblico de deus é um erro primordial. Deus está forçosamente alojado em algum canto da imaginação de uma pessoa. (Sérgio M. Rangel)
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As massas nunca tiveram a sede da verdade. Requerem ilusões às quais não podem renunciar. Nelas o irreal tem primazia sobre o real. (Sigmund Freud)

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