EDITORIAL
O renascer
da serpente
Estamos vendo hoje o renascer da serpente
fascista. O escritor José Saramago, quando vivo, alertou para o fato de que o
fascismo estava crescendo na Europa. Ele disse que nos próximos anos deste
século XXI o fascismo atacará com
força e temos de nos preparar
para enfrentar o ódio e a sede de vingança que seus partidários estão
alimentando. Salientou que a Grande Mídia auxiliará a política
fascista.
O também escritor Gilberto Maringoni afirmou
que “a história dos meios de
comunicação de massas é a história do acúmulo de capital”. Isso ajuda a
Mídia a propagar o terror, tornando realidade as críticas midiáticas contra
governantes que não foram forjados por ela. No controle da mídia, os fascistas
anulam a voz da oposição e fazem com que esta passe a ser mal vista.
Já os cristãos - representados por evangélicos
neopentecostais e afins - têm comprometedoras coincidências com relação ao modo
de pensar fascista. Três pilares específicos alicerçam a ideologia deles: 1) a
posse de uma verdade suprema à qual todos devem se submeter, mesmo os
descrentes; 2) a iminência de um destino messiânico e glorioso para os
escolhidos; 3) e o grande inimigo onipresente. A ideologia
totalitária do nazismo de Adolf Hitler era alicerçada sob esses mesmos pilares.
Ambos os lados dividem a humanidade
entre eleitos e excluídos. Tanto fascistas como cristãos neopentecostais se
unem uns a outros quando definem a justificativa do não compartilhar da mesma opinião deles para condenar alguém ao
fogo, seja o do crematório, seja aquele que nunca se apaga.
Os fascistas e os religiosos transmutam e
manipulam o ideal de liberdade e o de justiça quando pregam aos quatro cantos
do mundo que só obedecendo cegamente aos seus líderes e a seu deus invisível, o
homem ganhará liberdade.
Esmagando a individualidade e o ideal do
homem livre e senhor de si mesmo e transformando o destino do homem sob a ideia
preconcebida de um mito, o fascismo e a religião buscam derrotar a grandeza
humana. Somos contra esse tipo de ação. A grandeza do homem é muito maior do
que a de qualquer mito político ou religioso.
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NOTAS VARIADAS
Um amigo
disse achar difícil alguém vender uma ideia que ele sabe que pode matá-lo. Ele
se referia ao mito da ressurreição de Jesus. Dentro de certa lógica, ele tem
razão. Mas, ao que parece, a lógica nunca foi o forte dos homens de fé. A
história prova. Dizer que pessoas religiosas não vendem ideias que podem
matá-las significa duas coisas: ou as pessoas desprezam totalmente o que diz a
história ou são completamente ingênuas em relação à
história. É como dizer, por exemplo, que se existem homens-bomba, o Islã
deve ser verdade, já que ninguém se explodiria por uma ideia falsa. Percebem a
ingenuidade? Pessoas em todos os momentos da história venderam ideias que as matariam. Há mártires na história de todas
as religiões. O cristianismo, na época da Inquisição, foi responsável pela
criação de alguns desses mártires. O problema dos cristãos (ou da maioria
deles) é que não conseguem sair de sua bolha existencial e perceber que existe
um universo de outras histórias e expressões de vida e fé tão válidas quanto o
cristianismo. Está na hora de entender isso, caros ingênuos! (William de
Oliveira)
***
Há uma grande diferença
entre insultar o próximo e fazer humor com aquilo que o próximo encara como
sagrado. Se ofendo a um deus, a Jeová, a Alá, qualquer um desses, por que eles
mesmos não vêm me punir? É preciso que um fanático religioso venha tomar as
dores de um deles? Que divindade é essa? (Valdeci Ferraz)
***
Somos seres pessoais porque estamos limitados ao
pessoal, ao pensamento pessoal. A pessoalidade compreende uma pessoa. Uma
pessoa compreende, sempre, algo distinto e, por sua vez, seu conteúdo, que é,
forçosamente, diferente do conteúdo de uma outra pessoa. Somente pessoas se interrelacionam entre si. Daí, o
conceito bíblico de deus é um erro primordial. Deus está forçosamente alojado
em algum canto da imaginação de uma pessoa.
(Sérgio M. Rangel)
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As massas nunca tiveram a sede da
verdade. Requerem ilusões às quais não podem renunciar. Nelas o irreal tem
primazia sobre o real. (Sigmund Freud)
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