BREVE HISTÓRICO DO CARNAVAL
NO BRASIL
Pedro Rodrigues Arcanjo- Olinda/PE
Especial para o Humanitas
A história do Carnaval no Brasil começou no
período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, festa de origem portuguesa
que, na colônia, era praticada pelos escravos.
Estes saíam pelas ruas com seus rostos pintados, jogando
farinha e bolinhas de água de cheiro nas pessoas. Tais bolinhas nem sempre eram
cheirosas.
O entrudo era considerado ainda uma prática violenta e
ofensiva, em razão dos ataques às pessoas com os materiais, mas era bastante
popular. Isso pode explicar o fato de as famílias mais abastadas não
comemorarem junto aos escravos, ficando em suas casas.
Porém, nesse espaço havia brincadeiras, e as jovens moças das
famílias de reputação ficavam nas janelas jogando águas nos transeuntes.
Nos meados do século XIX, no Rio de Janeiro, a prática do
entrudo passou a ser crime, principalmente após uma campanha contra a
manifestação popular veiculada pela imprensa.
Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império
criava os bailes de carnaval em
clubes e teatros.
No entrudo não havia músicas, ao contrário dos bailes da
capital imperial, onde eram tocadas principalmente as polcas.
A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, cuja
primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, que passou a desfilar nas
ruas da cidade.
Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial
tentava tomar as ruas.
Mas as camadas populares não desistiram de suas práticas
carnavalescas. No final do século XIX foram criados os cordões e ranchos. Os primeiros usavam a estética das
procissões religiosas com manifestações populares, como a capoeira e os zé-pereiras. Os
ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas pessoas de origem rural.
As marchinhas carnavalescas surgiram também no século XIX, cujo
mais conhecido é o de Chiquinha Gonzaga e sua música Abre-alas.
O samba somente surgiria por volta da década
de 1910, com a música Pelo Telefone, de Donga e Mauro de
Almeida, tornando-se ao longo do tempo o legítimo representante musical do
carnaval.
Na Bahia, os afoxés surgiram
na virada do século XIX para o XX, com o objetivo de relembrar as tradições
culturais africanas. Os primeiros afoxés foram o Embaixada Africana e os Pândegos
da África.
Ao longo do século XX, o Carnaval popularizou-se ainda mais
no Brasil e conheceu variadas formas de realização, tanto entre a classe
dominante como entre as classes populares.
No século XIX, o frevo
deu ao Carnaval de Pernambuco identidade única no Brasil. Os operários urbanos
organizaram as primeiras agremiações nos bairros populares. No início, muitas
delas mantiveram suas identidades profissionais: os Caiadores desfilavam juntos, assim como os Lenhadores. Mas, com o tempo,
foram sendo criados clubes mais abertos, com nomes engraçados: Canequinhas Japonesas, Marujos do
Ocidente, Toureiros de Santo Antônio e outros.
Ao lado dos maracatus, dos ursos, dos caboclinhos, das
escolas de samba, esses clubes, troças e blocos, miscigenando as influências
europeias, africanas e indígenas, transformaram o Carnaval de Pernambuco no
maior caldeirão cultural do Brasil.
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