terça-feira, 26 de janeiro de 2016

HUMANITAS Nº 44 – FEVEREIRO DE 2016 – PÁGINA 4

BREVE HISTÓRICO DO CARNAVAL NO BRASIL
Pedro Rodrigues Arcanjo- Olinda/PE
Especial para o Humanitas

A história do Carnaval no Brasil começou no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, festa de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos.
Estes saíam pelas ruas com seus rostos pintados, jogando farinha e bolinhas de água de cheiro nas pessoas. Tais bolinhas nem sempre eram cheirosas.
O entrudo era considerado ainda uma prática violenta e ofensiva, em razão dos ataques às pessoas com os materiais, mas era bastante popular. Isso pode explicar o fato de as famílias mais abastadas não comemorarem junto aos escravos, ficando em suas casas.
Porém, nesse espaço havia brincadeiras, e as jovens moças das famílias de reputação ficavam nas janelas jogando águas nos transeuntes.
Nos meados do século XIX, no Rio de Janeiro, a prática do entrudo passou a ser crime, principalmente após uma campanha contra a manifestação popular veiculada pela imprensa.
Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros.
No entrudo não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital imperial, onde eram tocadas principalmente as polcas.
A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, cuja primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, que passou a desfilar nas ruas da cidade.
Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial tentava tomar as ruas.
Mas as camadas populares não desistiram de suas práticas carnavalescas. No final do século XIX foram criados os cordões e ranchos. Os primeiros usavam a estética das procissões religiosas com manifestações populares, como a capoeira e os zé-pereiras. Os ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas pessoas de origem rural.
As marchinhas carnavalescas  surgiram também no século XIX, cujo mais conhecido é o de Chiquinha Gonzaga e sua música Abre-alas. O samba somente surgiria por volta da década de 1910, com a música Pelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida, tornando-se ao longo do tempo o legítimo representante musical do carnaval.
Na Bahia, os afoxés surgiram na virada do século XIX para o XX, com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os primeiros afoxés foram o Embaixada Africana e os Pândegos da África.
Ao longo do século XX, o Carnaval popularizou-se ainda mais no Brasil e conheceu variadas formas de realização, tanto entre a classe dominante como entre as classes populares.
No século XIX, o frevo deu ao Carnaval de Pernambuco identidade única no Brasil. Os operários urbanos organizaram as primeiras agremiações nos bairros populares. No início, muitas delas mantiveram suas identidades profissionais: os Caiadores desfilavam juntos, assim como os Lenhadores. Mas, com o tempo, foram sendo criados clubes mais abertos, com nomes engraçados: Canequinhas Japonesas, Marujos do Ocidente, Toureiros de Santo Antônio e outros.
  Ao lado dos maracatus, dos ursos, dos caboclinhos, das escolas de samba, esses clubes, troças e blocos, miscigenando as influências europeias, africanas e indígenas, transformaram o Carnaval de Pernambuco no maior caldeirão cultural do Brasil.

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