HOMOFOBIA: DISCRIMINAR É PRECONCEITO E É
ILEGAL
Ana Leandro - colaboradora do Humanitas
- é escritora e jornalista. Atua em
Belo Horizonte/MG
Vou tocar num tema que eu sei que
é melindroso. Começo contando que um professor de minha pós-graduação em
Comunicação disse, certa vez, que a "expertise"
do cantor e compositor Roberto Carlos foi ter tomado como tema de sua trilha
sonora o único assunto que agrada a todo mundo: o Amor!
Entretanto,
no exercício jornalístico, não posso me furtar a falar sobre temas que causem
resistências a uns ou outros. É preciso encarar a vida, com a realidade que ela
é. Fugir da verdade nunca ajudou o ser humano a evoluir! E eis aqui neste Humanitas,
um artigo sobre o tema que gerou o Dia Mundial contra a Homofobia. Embora a
análise do tema e suas influências sociais tenham me levado a lembrar desta
frase do professor, não creio que o assunto também não fale de Amor.
Dia 17 de
Maio é o Dia Internacional contra a Homofobia. Pois foi exatamente nesse dia
que ocorreu a exclusão da homossexualidade da Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da
Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa foi uma importante vitória para o
movimento LGBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) comemorada por
pessoas e ONGs congêneres.
Historicamente,
parece-me óbvio o "porquê" dessa resistência à aceitação da
homossexualidade. Para que a humanidade se multiplicasse, o que segundo as
religiões era uma ordem divina, a heterossexualidade era a única
opção aceitável.
Aliás, na
história antiga, por questões também religiosas, a relação sexual só poderia
ser aceita para fins de multiplicação, o que naturalmente se explica como uma
negação do direito humano ao “prazer sexual”.
É claro que
a homossexualidade não é coisa apenas dos tempos modernos. Sempre existiu, mas
a era da comunicação invadiu e globalizou o mundo de tal forma, que não foi
possível manter o assunto às escondidas.
O fato de
ter ou não ter filhos nunca foi prova de heterossexualidade, pois sabe-se
sobejamente que tanto homens, quanto mulheres, já descobriram, após viverem no
processo apenas heterossexual e gerado filhos, que tinham também até mais
prazer na relação com pessoas do mesmo sexo.
Com o tempo
ficou visível os desejos de interesses no homossexualismo, lesbianismo e
bissexualismo.
Mas a
realidade é que vivemos numa sociedade altamente fingida, em que muitos, apesar
de terem interesse homo ou lésbico, não se permitem manifestar isso
publicamente, por medo das resistências de aceitação social.
A questão é
que essa discriminação hoje já definida como homofobia, é prática ilegal. A
homofobia chega a extremos de agressões físicas e verbais, e até de
assassinatos de pessoas ou grupos, que se manifestem com interesses sexualmente
fora do padrão heterossexual.
Mas a não
aceitação do direito de exercer a sexualidade dentro do livre arbítrio do
interessado já é por si só criminosa, e passível de ser submetida a penalidades
judiciais.
Mesmo na era
contemporânea há quem considere os interesses sexuais pelo mesmo gênero, ou
pelos dois âmbitos (bissexualidade), ou ainda pela transexualidade (desejo de
mudança do sexo contrário às características dos órgãos genitais com que
nasceram), de forma ostensiva como uma “deformidade mental” ou doença,
ou ainda por culpa de uma educação inadequada.
Outros
continuam a insistir e a defender a tese de que são comportamentos “doentes”,
que devem ser “tratados como tal para recuperação da normalidade”,
segundo seus conceitos.
Mas isto é
contrário à legitimidade de que "cada um não tem o direito de ser o que
deseja ser".
Por motivos
naturais, a legislação humana não teve a condição de estabelecer como crime ou
marginalidade a opção sexual, porque esta não se estabelece apenas como livre
arbítrio, mas também como um apelo fisiológico.
Portanto,
não estando infringindo a lei, não pode o ato ser acusado por uma questão
meramente de resistências pessoais.
Logo surgem
os "resistentes” a esta aceitação com frases como: “Não quero meu filho vendo homens se
manifestarem afetivamente em público”.
Chegamos ao
absurdo de ouvir homens afirmarem, que não dizem ao filho do sexo masculino a
expressão "eu te amo",
para que este não "confunda as
coisas". Ora, um pai não poder dizer a um filho que o ama,
para mim é uma distorção do verdadeiro sentido do Amor.
Entretanto,
o mundo não vai parar de "crescer e se multiplicar" por efeito
do homossexualismo ou lesbianismo, uma vez que as relações heterossexuais não
vão se extinguir.
Parece-me
que, muito ao contrário, na era atual os casais reduzem o número de filhos, por
questões principalmente econômicas e estruturais. Enfim, o ser humano é livre para ser
feliz da maneira que o desejar, desde que não cause qualquer mal a quem quer
que seja.
Esta não é uma
defesa de comportamentos. É uma análise objetiva e lógica, de que ninguém pode
exigir de quem quer que seja ser como “o outro deseja” e não como sua
natureza lhe pede.
Homofobia é
paralela ao fato de não aceitar outras características da natureza humana, como
a diferença de cor da pele, e outros aspectos físicos, que são posturas
preconceituosas.
No que tange à
natureza humana, a evolução da espécie significa respeitar principalmente o
direito de cada um ser como se sente mais feliz e mais realizado.