sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Refúgio Poético - HUMANITAS - Novembro/2012

Poemas publicados na coluna REFÚGIO POÉTICO
do jornal HUMANITAS em novembro/2012

Sonhos: oferenda a Rimbaud
Silvia Mota – Poeta- Rio de Janeiro/RJ 


Sob um negro céu coberto de ilusões - entre os lençóis
de cetim, as lingeries azuis, os beijos de prata
e os abraços de veludo que perpetuam a nobreza
da emoção - escuto o silêncio que se abre do coração fechado
a ferro, ao encanto de versos reversos.


 Pérolas de cor negra espalham-se pelo chão, gigantes
de desejos incontroláveis numa lagoa de espumas verdes,
flores de choro roxo e de risos alecrim
perfumam as costas nuas.


 Como um demônio de olhos parvos e de contornos
de medo, o som e o tom seduzem os prazeres escondidos
ao pecado multicor dos devaneios.
 

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Recital da Goiabeira 
Karline Batista – Estudante- Aracati-CE

Eram cacos de acasos.
Pousados na goiabeira.
O tempo, correndo, rio abaixo.
E a sorte, feito sereia,
Riscava silhuetas de afeto
Entre bocas de areia.
 

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Mariposas
 Rafael Rocha – Jornalista - Recife/PE 

Olhei para minhas mãos calejadas
Para meus dedos grossos
E vi uma vida a voar celeremente
Para um mundo fantástico


Era o mundo dos dedos
E das linhas das mãos
A buscar o infinito
De minha integridade


Não sei porque de repente
Senti vontade de voar
Talvez as mãos lembrassem
As mariposas noturnas.
 

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Apelo 
Valdeci Ferraz – Advogado - Caruaru/PE 

Tragam uma tarde cinzenta
E uma boa dose de uísque
Talvez possamos espantar a tristeza
E encontrar uma razão para cantar.


Sim, a razão que insiste em manter
A prateleira arrumada,
A cama bem forrada, o chão limpo
E cada coisa em seu lugar.


Ao diabo essas correias
Que querem nos amordaçar
Tragam a foto de uma mulher nua
Ou um pedaço da estrela polar.


Vamos ouvir o som do vento
Batendo nas velhas árvores
E escrever poesia com a urina
Das múmias petrificadas.


Podemos também ficar em silêncio
Diante das antigas estátuas
Observando os gatos
A caminhar no telhado de vidro.


Depois da tarde pode vir uma noite morena
E com ela todas as assombrações frustradas
Por não haverem encontrado nenhum deus
Faremos um bacanal de almas penadas.


Tragam também o gosto de um adeus
E o perfume de uma saudade
Para que nenhum compasso
Seja preenchido com a pausa do tempo.


Deixem cair as vestes
E rasguem seus medos
Afinal tudo um dia vai virar pó
Já não importarão os segredos.
 

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Prisão de Luz 
Antônio Carlos Gomes – Médico - Guarujá/SP 

 Prendi-me nas luzes da grande cidade,
Na roda das saias das moças bonitas
Eu vi o arco-íris, o pote de pepitas
Me oferecendo as moedas do amor.


Prendi-me nas luzes da grande cidade
Luminosos de chope, doce veneno.
Vi os dentes alvos, cabelos morenos
De moças com graça sorrindo amor.


Prendi-me nas luzes da grande cidade
E, entre avenidas, correndo, voando
Vi moças eufóricas rindo, brindando
Falando alegres e rezando amor.


Prendi-me nas luzes da grande cidade
Fechei sozinho, as algemas em cores,
Junto com as moças sorrindo albores

Vivi entre sonhos os prazeres do amor.
 

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Reticências 
Pamela Souza – Pesquisadora - Ribeirão Preto/SP 

Ai essa saudade...
do seu cafuné desapressado,
da sua risada gostosa,
das lindas e mais espontâneas declarações de amor.
Eita saudade...
do seu cheiro,
da sua mão segurando a minha,
do brilho do seu olhar quando dividimos ou multiplicamos
nossos sonhos.
Oh saudade...
de ficar ao seu lado,
só ouvindo o silêncio da sua presença
e saboreando a bênção do nosso amor...

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