sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Nelson Mandela: o ícone das causas humanitárias

Texto de Rafael Rocha – Jornalista – Recife/PE
Publicado no HUMANITAS nº 18 – Janeiro/2014

Considerado um pai por todos os negros sul-africanos, Nelson Mandela livrou-os das piores humilhações, reconciliando-os com o futuro da pátria


"Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível? Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo". 
As palavras acima foram ditas pelo líder sul-africano Nelson Mandela, falecido no dia 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos, um dos humanistas mais importantes dos dois últimos séculos. Político atuante nas causas contra o processo de discriminação instaurado pelo “apartheid”, na África do Sul, ele se tornou um ícone internacional na defesa das causas humanitárias.
O que se pode dizer de um grande homem e de suas ações humanistas? Desde há muito que o planeta não possuía alguém dessa estatura. Desde Gandhi na Índia, para sermos mais justos, nenhum outro homem surgiu para se posicionar ao lado das massas colonizadas e discriminadas pelos poderosos.
Pai de todos os negros sul-africanos se desejarmos ir bem mais longe nesse pensamento. Nelson Mandela livrou os negros de seu país das piores humilhações, reconciliando-os com o futuro da pátria. É reconhecido como o “Guia”, aquele que retirou os negros de uma condição aviltante, e ofereceu a eles a cidadania plena. “Madhiba”, o “Pai da Nação”, era a forma afetuosa de seu sobrenome na África do Sul. 
“Eu cultivei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual todos poderiam viver em harmonia e com chances iguais. Ainda espero desfrutar deste ideal. Se for necessário, morro por ele”. 
Como líder carismático de uma nação e como todo grande humanista que luta a favor dos despossuídos a prisão foi reservada para Nelson Mandela pelos donos do poder, os brancos sul-africanos. E para que ele não pensasse em fugir, o fundo da cela era voltado para o mar.
A ideia da luta pela liberdade e contra a opressão, no entanto, não esmoreceu. Mandela nunca deixou de manter a confiança resignada que não excluía a dúvida, e jamais ficou alheio aos eventos, considerando a vida carcerária uma “versão reduzida da luta no mundo”. 
Na prisão fez amizade com James Gregory, um guarda, espécie de carcereiro, e ficou comovido com a respeitosa humanidade dele, enquanto o carcereiro ficava perturbado com a suprema dignidade do preso. Ambos ficaram livres de seus respectivos preconceitos durante a época da prisão de Mandela, e começaram a manter uma relação fraternal. No seu livro “Mandela, meu prisioneiro, meu amigo”, Gregory dará um vibrante e emocionado testemunho sobre o homem atrás das grades. De acordo com Breyten Breytenbach, escritor sul-africano e um dos grandes nomes da luta contra o “apartheid”, Nelson Mandela “(...) entrou na prisão como militante e saiu dela como um mito”. Mito cuja primeira ação ao ser posto em liberdade foi levantar o punho, sinalizando um gesto de vitória.
Durante 27 anos, Mandela esteve preso por lutar contra o regime do “apartheid” na África do Sul. Militante político e líder carismático, ele jamais deixou de combater por uma África do Sul mais justa e fraterna.
Os esforços de Mandela para abolir as leis de segregação foram reconhecidos por Estocolmo que, no ano de 1993, concedeu a ele o prêmio Nobel da Paz. Em maio de 1994, ocorreram as primeiras eleições multirraciais na África do Sul e Nelson Mandela foi oficialmente escolhido presidente da República. 
Caiu por terra o “apartheide o anseio de elaborar as bases de uma “nação livre” continuaram orientando as opções de Mandela. Porém, quando passou o cargo de presidente para Thabo Mbeki, em 1999, ele afirmou: “Ainda não somos livres”.

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