Poemas publicados no HUMANITAS
nº 18 – JANEIRO/2014
Loucura
Rafael Rocha –
Recife/PE
Levante a noite estrelas como um dístico
A tempestade ponha raios sobre as águas
Terremotos criem sons apocalípticos
Antes de um corpo inteiro trazer mágoas
A dissolver dentro de mim o abandono
Como se raízes não possam ter na terra
A desejar para meu tempo eterno sono
Quando as mãos se preparam para a guerra
Matando anseios de paixões tormentosas
Renascidas do ventre e dentre as pernas
Onde o poeta glorifica a causa louca
E onde põe desvairado a própria boca
Pronta a sugar todo o doce mel das rosas
A deslizar dessas vermelhas pétalas.
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Ela não sabe
Valdeci Ferraz
– Caruaru/PE
Ela não sabe
da missa um terço.
Nem imagina o
estrago
Quando me
recusa um beijo
Ela não sabe
O tamanho do
meu desejo
Ela não sabe
nada do meu amor.
Ela não vê
meu vulto nas madrugadas
Escalando
estrelas. Surfando nos ventos.
Arranhando as
paredes com unhas de prata
E beijando o
chão onde ela pisa.
Ela não vê as
minhas lágrimas noturnas
Escorrendo
pelo ladrilho do quarto.
Pérolas
solitárias engolidas pela noite.
Ela não
percebe os meus volteios
A minha
palavra doida
O meu gesto
bobo
Meu riso
triste
Ela não
escuta o som do meu gemido
Navegando nos
lençóis da cama
Nem percebe o
tremor dos meus pés
Solicitando
carícias atropeladas.
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Noites de lua cheia
Antonio Carlos
Gomes – Guarujá/SP
Quando o
vento traz a solidão
A lua vem
como companhia
Converso com
ela no anfiteatro das estrelas.
Então o vento
perde o furor
Vem mansinho
Vem como
brisa
Escutar as
falas de amor
Que fazem
alegorias
Nas noites de
lua cheia
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O universo da arte
Genésio
Linhares – Recife/PE
Sim! A arte é
um grande ofício deslumbrante
Posto que
nela tudo é feito em ritual
Pois sua
matéria, a essência espiritual
É a fonte
poética do seu vero amante.
A arte finge
e simula, mas é brilhante
Em seu
exclusivo e puro mundo ideal
De beleza
sacrossanta e magistral
A arrebatar
nossa alma que vaga errante.
Um novo
sentido de vida oferece
Talvez, não o
paraíso eterno do divino
Nem a vitória
do bem contra a maldade
Mas o sopro
vivo da arte nos enobrece
A recriar
outro universo e o seu destino
No imo deste
mundo onde impera a fealdade.
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Partilha
Marisa Soveral – Porto/Portugal
Marisa Soveral – Porto/Portugal
Nesta existência incerta e complexa
Um verdadeiro afecto é uma bênção
Com ele crescemos e podemos florir
O mais importante temos à nossa mão
Que bom é partilhar íntimas afinidades
Podermos juntos em uníssono divagar
Olhar os olhos brilhantes e enlevados
Sentir uma imensa vontade de abraçar
Compartilhar com fé a lágrima e o sorriso
Ter aquele ombro especial que aconchega
E sentir aquele orgulho grande e incisivo
Podem lampejar raios estourar trovões
Sei que estás por aí, posso contar contigo
Para embalar as minhas dores e tensões!
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