quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Igualdade e diferença


 Editorial do HUMANITAS nº 15 – Outubro/2013

Uma das principais marcas da atual sociedade humana é a fluidez. O grande fluxo de comportamentos, incluindo novos valores e padrões, novos sentidos identitários, novas modalidades de envolvimento social estão a cada dia evoluindo e recriando-se. Porém, no caso das religiões, principalmente as fundamentalistas cristãs, estamos vendo surgir padrões de intolerância medievais que não existiam há décadas atrás e que causam medo.
Tais padrões pecam pela insignificância em matéria de conhecimento da humanidade. Principalmente se formos adentrar no seio da questão dos chamados e considerados diferentes dentro da esfera social. Podemos assinalar nesse caminho a cor da pele, a etnia, as ideias políticas, mas o que chama muito mais a atenção é a questão do homossexualismo.
Perguntamos: o que é que faz alguém ser homossexual? É uma simples opção individual nascida do livre-arbítrio? É uma alteração patológica do comportamento? É algo que deve ser tratado como se fosse uma disfunção hormonal? É o meio? São os genes? Infelizmente, no Brasil, independentemente da imensa dificuldade de encontrar uma resposta para essas perguntas, o fato é que ser homossexual não é nada fácil.
Sim! Porque a perseguição e a intolerância têm sido o padrão geral de tratamento para a homossexualidade. Ser gay também é um passaporte para a rejeição social e familiar e a religião em nada ajuda. Nunca pretendeu e jamais pretenderá ajudar! No entanto, a questão pode ser simplificada. Homens e mulheres heterossexuais e mulheres homossexuais possuem características cerebrais semelhantes, e a mesma coisa acontece entre mulheres heterossexuais e homens gays. O que não se entende em nossa sociedade é basicamente a crença em um livro dito religioso, que coloca as pessoas diferentes no patamar de filhos do diabo. Quanta simplicidade!
O absurdo disso tudo é a fé que pessoas ditas esclarecidas colocam nas mãos de padres, pastores e outros vendedores de deuses e aceitam as regras de serem contra um sentido de viver. Seja o homem ou a mulher hétero, seja o homem ou a mulher homo, nada retira deles o direito de conviver no mesmo espaço do mundo. Todos fazem parte da mesma criação da natureza.
Importa, sim, o acatamento das diferenças uns dos outros como partes concernentes da vida. Imaginemos o mundo em igualdade de sexos e sintamos que a desigualdade é que constrói valores amplos e distantes do pensamento único. Nós, humanistas, temos de posicionar nossas baterias de guerra contra esse tipo de pensamento.

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