quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A construção de valores humanos na escola

Texto de Aline Cerqueira – Historiadora – Itaberaba/BA 
publicado no HUMANITAS nº 12 – Julho/2013   

Precisamos pensar em uma aprendizagem onde os valores fraternos tenham como eixo o respeito coletivo e individual


As práticas de violência, discriminação e preconceito vivenciadas por alguns educandos no cotidiano das escolas públicas, têm se apresentado como um grande desafio para os profissionais da educação. Tais práticas, muitas vezes, podem acarretar dificuldades de aprendizagens e desencadear traumas ao longo da vida.
Os seres humanos em relação com a natureza e com os outros seres através dos tempos, passaram a ter consciência da necessidade de atividades em grupo com o objetivo de transformar o mundo em que vivem.  Para alcançar esse objetivo estabeleceram um vínculo de ajuda entre e com seus semelhantes, instalando a necessidade de comunicação, o que propiciou o uso da linguagem. Portanto, a comunicação, o respeito e a solidariedade entre os indivíduos podem ser considerados instrumentos nascidos de uma necessidade social e histórica.
A comunicação é a característica que identifica todos os indivíduos. Ela permite interagir no meio em que vivem ao transmitir suas experiências coletivamente. Entendemos que os indivíduos estabelecem um processo continuo de desenvolvimento do conhecimento humano a partir de um aprendizado coletivo.  Pensando essas questões propomos um trabalho direcionado para a questão cidadã na escola, por entender a importância da participação social e do respeito às diferenças, devolvendo aos nossos educando a ideia de agentes participativos do processo histórico.
Assim, diante da necessidade de acrescentar novos significados ao ensino de história indicamos uma prática que envolva a realidade do aluno para que esse perceba o processo histórico significativo, entendendo a importância do respeito e proporcionando uma interação cidadã que permita refletir os valores na busca de uma sociedade mais justa e solidária.
Historicamente a falta de respeito às diferenças se torna visível na sociedade e atinge a comunidade escolar. É notável como a relação entre os indivíduos na sala de aula se torna distante de um pensamento igualitário. No entanto, é necessário pensar em uma aprendizagem significativa em que os valores de fraternidade prevaleçam tendo como eixo o respeito coletivo e individual.
È importante partir da realidade dos alunos do ponto de vista ético e propiciar reflexões para que eles desenvolvam suas capacidades dialógicas, tendo como base o respeito individual e coletivo. Diante desses pressupostos há questionamentos que precisa ser respondidos. Quais as situações que temos possibilidades de mudar? Qual seria a nossa contribuição concreta para viabilizar a conscientização dos alunos, levando em conta o respeito ao direito do outro?  Será partindo dessa análise de igualdade e respeito que propomos uma aula participativa, com a troca de conhecimento entre alunos e professores e onde a organização das ideias esteja vinculada aos processos históricos e à realidade.
É possível conhecer as questões que envolvem solidariedade e o exercício da cidadania tendo como parâmetro os direitos sociais, bem como perceber a diversidade e a pluralidade cultural, como pressuposto para as lutas por direitos iguais e as conquistas, relacionando as várias manifestações ocorridas nas diversas sociedades. Entendemos que no ambiente escolar é necessário que haja a participação de cada indivíduo como sujeito ativo. Partindo dessa ideia que buscaremos pensar as formas de solidariedade no contexto social e no ambiente escolar, propondo uma interação em que cada aluno consiga criar estratégias de respeito ao outro de forma compreensiva.
Consideramos a solidariedade como algo de grande importância para se propor atividades que sensibilizem os alunos diante das várias formas de exclusão social existente na sociedade e na própria sala de aula, entendendo a escola como um espaço de respeito às diferenças. O ensino de história não pode se restringir ao conhecimento dos conteúdos conceituais, mas ir além, inserindo as atividades em um contexto mais amplo e direcionando para um ensino que vise educar para a cidadania e à vida democrática. Tudo isso refletindo a participação cidadã, como um mecanismo de melhoria das ações sociais.
Por fim, é mais que necessário que os alunos se valorizem, respeitando grupos, povos e pessoas, considerando a solidariedade como um elemento significante na valorização da paz como forma de solução dos conflitos e consequentemente uma verdadeira democracia em que todos possam viver sem exclusão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário