Poemas publicados no HUMANITAS
nº 16 – Novembro/2013
Cisco
Rafael Rocha – Jornalista –
Recife/PE
Vendo
a fumaça fazer suas espirais
Enchendo
o copo com cerveja à borda
O
poeta sente a imbecilidade da horda
Dos
hipócritas vazios e débeis mentais.
Inexpressivas
gentes! Pessoas ocas!
Ratos
esperando abandonar o navio!
Dizem-se
saudáveis e são todas loucas!
Pedras
musguentas às margens do rio!
Ai
de mim! Ai de todos os pensadores!
Ai
daqueles a conviver com tais senhores
Amantes
da mentira e de um deus adoradores.
Ai
de mim! Adoraria ser agora um corisco
Para
afastar do corpo com apenas um risco
Tanta
gente oca! Tirar do olhar o cisco!
..........................
No silêncio etéreo
Genésio Linhares – Professor – Recife/PE
No silêncio etéreo
desta madrugada
Lentamente alço vôo
para a compreensão
Do que sobra de mim da
breve jornada
Donde o tempo meu
inimigo e ilusão
Imagino-me desbravando
o ser e o nada
Num afã infinito a
obter razão
Desta minha existência
atormentada
Em angústia, dor e
intensa solidão
Mas o porquê de tudo
nunca tem fim
Se há solução, está no
mundo do além
E independe da minha e
tua vontade
Ou é fruto do humano
imaginário sim?
E assim, nosso existir
aqui se detém
Tudo o mais é sonho.
Eis a crua realidade.
............................
Amor solitário
Valdeci Ferraz – Advogado – Caruaru/PE
Minha mão flutua sobre teu corpo
Como um passarinho a procura de repouso.
Meus lábios anseiam os teus
Assim como a flor anseia a carícia do vento.
A escuridão presa no quarto
Ameaça romper as paredes
Para alongar a noite.
Tremores – o sangue
Gemidos – a alma
Mas teu corpo indiferente
Enrijecido pelo sono
Esmaga sobre os lençóis
Meus anseios de homem.
E eis que as paredes se rompem
E me vejo perdido no meio de uma noite
Que parece nunca acabar.
Como um passarinho a procura de repouso.
Meus lábios anseiam os teus
Assim como a flor anseia a carícia do vento.
A escuridão presa no quarto
Ameaça romper as paredes
Para alongar a noite.
Tremores – o sangue
Gemidos – a alma
Mas teu corpo indiferente
Enrijecido pelo sono
Esmaga sobre os lençóis
Meus anseios de homem.
E eis que as paredes se rompem
E me vejo perdido no meio de uma noite
Que parece nunca acabar.
...............................
A palavra
Antônio Carlos Gomes – Médico Guarujá/SP
A palavra
É a pena que escreve
A seta que perfura.
É a mulher que aceita
O ser que rejeita
O homem que acaricia
O guerreiro que ataca
Origem da sociedade
Defesa do humano
Ataque ao inimigo.
O início da guerra
O pranto que molha a terra
A semente que germina
O choro que cria a vida
O suspiro que a termina.
É o som da sociedade
Com vícios e alegrias.
A palavra é nossa vida.
..........................
Os mortos riem
Robson Sampaio – Jornalista - Recife/PE
No Dia dos Mortos, os mortos riem do choro
E das rezas dos vivos, lamúrias
perturbadoras
Da paz e do silêncio no Campo Santo.
Os mortos riem tal qual hienas: sorrisos
permanentes
Mas os vivos choram e choram,
rezam e rezam, enquanto
Os mortos riem, riem e até gargalham.
Os mortos riem no dia dos Mortos, ou não
Tal qual hienas, sorrisos permanentes:
escárnio
Dos vivos-sobreviventes e mortos-vivos
Rotina da vida eternamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário