Poemas publicados no HUMANITAS nº 9 – Abril/2013
Sinais
Rafael Rocha- Jornalista- Recife/PE
Rafael Rocha- Jornalista- Recife/PE
Se algum deus por
acaso aqui exista
Envie sinais para
o fim do desalento.
Traga ações.
Interaja à nossa vista.
Mostre-se real.
Mostre-se atento.
Fé é ignorância por mais que persista
Insistir manter o
invisível em confiança.
Como acreditar
numa etérea pista
A qual não mostra
onde seu fim alcança?
Que esse deus por vontade própria sua
Saia do armário e
mostre a força nua
Interagindo com
toda a humanidade.
Péssima ideia é seguir um fixo rumo.
O homem crendo em
um deus, presumo:
É um ser perdido
na idioticidade.
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Fluir
Antônio Carlos Gomes- Médico - Guarujá/SP
Viver
É sentir-se no tempo,
Como se sempre pertencesse,
Eternamente,
Apesar da breve passagem.
É sentir-se no tempo,
Como se sempre pertencesse,
Eternamente,
Apesar da breve passagem.
Viver
É congelar o tempo
E, quando este
Fluir entre os dedos
Saber que és saudade.
É congelar o tempo
E, quando este
Fluir entre os dedos
Saber que és saudade.
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A
roda da vida
Genésio
Linhares- Professor MS - Recife/PE
A noite, as estrelas e o olhar da lua
O dia, o sol, a luz intensa, a vida
A cidade, as gentes, carros na rua
Um frenesi, uma Babel na lida
Um louco corre-corre na avenida
Todos escravos da máquina crua
Alguém livre nesta urbe ressequida?
É livre a buscar a verdade nua?
Pelas ruas anônima multidão
Milhares de faces com seus disfarces
Alheias, aliadas na alienação
Fazendo a roda da vida girar
Gira gerando um mundo de sequazes
Roda o tempo, ovelhas só a pastar.
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Necessidade
Valdeci Ferraz – Advogado - Caruaru/PE
Preciso
arrancar do peito o poema
Que teima em fazer-se mudo.
Que teima em fazer-se mudo.
Preciso fazer
sangrar a alma
Até que a última gota se transforme em lágrima.
Até que a última gota se transforme em lágrima.
Nem só de
risos vive o palhaço.
Preciso
recriar a noite com seus mistérios
Para encontrar o amor das prostitutas
E a solidariedade dos embriagados.
Para encontrar o amor das prostitutas
E a solidariedade dos embriagados.
Preciso, ah!
Como eu preciso ser
Muito mais do que um demônio
Para enfeitiçar o tempo.
Muito mais do que um demônio
Para enfeitiçar o tempo.
Preciso
encontrar um velho amigo
Mesmo que apoiado em muletas
Ele possa ouvir a minha solidão.
Mesmo que apoiado em muletas
Ele possa ouvir a minha solidão.
Preciso tatuar
no vento a imagem do teu corpo
Para que as tempestades sejam perfumadas.
Para que as tempestades sejam perfumadas.
Preciso
decifrar a esfinge
Que se esconde em tua alma
Para não ser devorado
Pelos germes da incompreensão.
Que se esconde em tua alma
Para não ser devorado
Pelos germes da incompreensão.
Preciso
brincar com as crianças
Que visitarão o meu túmulo
Em busca do último verso:
A elas pertencem o reino das palavras.
Que visitarão o meu túmulo
Em busca do último verso:
A elas pertencem o reino das palavras.
Preciso ouvir
o canto das sereias
Para que a minha canção seja imortalizada.
Para que a minha canção seja imortalizada.
Preciso inverter o percurso do sol
Para reinventar a humanidade.
Preciso, ah!
Como eu preciso.
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Quatro e meia da manhã
Charles Bukowski (1921-1994)
Charles Bukowski (1921-1994)
os barulhos do mundo
com passarinhos vermelhos,
são quatro e meia da
manhã,
são sempre
quatro e meia da manhã,
e eu escuto
meus amigos:
os lixeiros
e os ladrões
e gatos sonhando com
minhocas,
e minhocas sonhando
os ossos
do meu amor,
e eu não posso dormir
e logo vai amanhecer,
os trabalhadores vão se levantar
e eles vão procurar por mim
no estaleiro
e dirão:
"ele tá bêbado de novo",
mas eu estarei adormecido,
finalmente, no meio das garrafas e
da luz do sol,
toda a escuridão acabada,
os braços abertos como
uma cruz,
os passarinhos vermelhos
voando,
voando,
rosas se abrindo no fumo
e
como algo esfaqueado e
cicatrizando,
como 40 páginas de um romance ruim,
um sorriso bem na
minha cara de idiota.
com passarinhos vermelhos,
são quatro e meia da
manhã,
são sempre
quatro e meia da manhã,
e eu escuto
meus amigos:
os lixeiros
e os ladrões
e gatos sonhando com
minhocas,
e minhocas sonhando
os ossos
do meu amor,
e eu não posso dormir
e logo vai amanhecer,
os trabalhadores vão se levantar
e eles vão procurar por mim
no estaleiro
e dirão:
"ele tá bêbado de novo",
mas eu estarei adormecido,
finalmente, no meio das garrafas e
da luz do sol,
toda a escuridão acabada,
os braços abertos como
uma cruz,
os passarinhos vermelhos
voando,
voando,
rosas se abrindo no fumo
e
como algo esfaqueado e
cicatrizando,
como 40 páginas de um romance ruim,
um sorriso bem na
minha cara de idiota.
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