Texto de Karline da Costa Batista –
Professora - Aracati/CE
Publicado no HUMANITAS nº 14 – Setembro/2013
A figura da mulher ativa e insubordinada
eclodiu como consequência direta da Revolução Francesa e do Socialismo
manifestada, enfaticamente, nos anos 60 e 70, registrando-se o crescente
interesse literário pelo tema. Entretanto, anterior às décadas feministas,
deparamo-nos com a presença desta mulher-sujeito em obras de Jorge Amado
assinalando um claríssimo manifesto precursor.
Compete salientar que, ao revelar a existência dessa cultura de afirmação feminina atrelada ao texto amadiano, menciona-se, unicamente, enquanto processo em construção, cabendo por mérito do autor o ato de propiciar às mulheres o legítimo papel de sujeito ao protagonizar cenas do cotidiano. Resgatando-as em meio ao contexto social, histórico e cultural, vislumbra-se a apresentação realista de uma condição já existente a transpor para a Literatura um ser despido de todo simbolismo dando-lhe voz e autonomia.
Dessa forma, Amado escreve sobre a menina que se transforma em mulher, adentrando na vida adulta a partir do instinto de sobrevivência. Dialoga trazendo o eu-feminino destituído de caricaturas, concebendo um perfil psicológico complexo e instigante. Reveste a personagem de significados, afastando-a positivamente da concepção da mulher-objeto. No romance “Capitães de Areia”, por exemplo, Dora ao enfrentar os problemas e dificuldades amadurece precocemente e quando atinge esta posição assume, automaticamente, o papel de mãe, de chefe do lar e de esposa concentrando no seu íntimo um modo de agir voltado para o coletivo. Esta mulher independente e madura vive em função do outro fomentando o principio social da coletividade que tanto impregna as personagens amadianas. Constantemente nos deparamos com uma representatividade humanizada, uma substância feminina a buscar a segurança no matrimônio e a satisfazer os seus desejos carnais, simplesmente porque entende o ser humano como indivíduo complexo, isto, simbolicamente demonstrando na relação bígama de Dona Flor. Amado trata a vida a dois recorrendo à situacionalidade e ao linguajar contemporâneo, numa encenação tendenciosa ao realismo machadiano em estilo “sui generis”.
Retrata desse modo, a mulher que ama e é amada, que concebe o casamento enquanto relação afetiva e que se indispõe quando algo não lhe agrada. Em “Mar Morto”, a insubmissão de Lívia perante a realidade torna-a senhora do seu destino, agente de transformação apesar de subordinada às leis do acaso. Nutre a esperança amparada à força de vontade num misto de mito e realidade coerentes a sua consciência coletiva. Não se mantém alheia às inadaptações do meio em que vive e procura assumir o comando da sua vida num movimento continuo, porque sabe das fatalidades e dos lutadores.
Importa mencionar ainda que as mulheres de Amado emprestam ao enredo uma perspectiva moderna, materna, profissional, sensual e feminina permeada de conceitos ideológicos que surgirão somente no século XXI. Dentre outros aspectos, impressiona a leitura pelo posicionamento de gêneros orientados pelo princípio da igualdade denotando a atualidade de sua escrita.
Compete salientar que, ao revelar a existência dessa cultura de afirmação feminina atrelada ao texto amadiano, menciona-se, unicamente, enquanto processo em construção, cabendo por mérito do autor o ato de propiciar às mulheres o legítimo papel de sujeito ao protagonizar cenas do cotidiano. Resgatando-as em meio ao contexto social, histórico e cultural, vislumbra-se a apresentação realista de uma condição já existente a transpor para a Literatura um ser despido de todo simbolismo dando-lhe voz e autonomia.
Dessa forma, Amado escreve sobre a menina que se transforma em mulher, adentrando na vida adulta a partir do instinto de sobrevivência. Dialoga trazendo o eu-feminino destituído de caricaturas, concebendo um perfil psicológico complexo e instigante. Reveste a personagem de significados, afastando-a positivamente da concepção da mulher-objeto. No romance “Capitães de Areia”, por exemplo, Dora ao enfrentar os problemas e dificuldades amadurece precocemente e quando atinge esta posição assume, automaticamente, o papel de mãe, de chefe do lar e de esposa concentrando no seu íntimo um modo de agir voltado para o coletivo. Esta mulher independente e madura vive em função do outro fomentando o principio social da coletividade que tanto impregna as personagens amadianas. Constantemente nos deparamos com uma representatividade humanizada, uma substância feminina a buscar a segurança no matrimônio e a satisfazer os seus desejos carnais, simplesmente porque entende o ser humano como indivíduo complexo, isto, simbolicamente demonstrando na relação bígama de Dona Flor. Amado trata a vida a dois recorrendo à situacionalidade e ao linguajar contemporâneo, numa encenação tendenciosa ao realismo machadiano em estilo “sui generis”.
Retrata desse modo, a mulher que ama e é amada, que concebe o casamento enquanto relação afetiva e que se indispõe quando algo não lhe agrada. Em “Mar Morto”, a insubmissão de Lívia perante a realidade torna-a senhora do seu destino, agente de transformação apesar de subordinada às leis do acaso. Nutre a esperança amparada à força de vontade num misto de mito e realidade coerentes a sua consciência coletiva. Não se mantém alheia às inadaptações do meio em que vive e procura assumir o comando da sua vida num movimento continuo, porque sabe das fatalidades e dos lutadores.
Importa mencionar ainda que as mulheres de Amado emprestam ao enredo uma perspectiva moderna, materna, profissional, sensual e feminina permeada de conceitos ideológicos que surgirão somente no século XXI. Dentre outros aspectos, impressiona a leitura pelo posicionamento de gêneros orientados pelo princípio da igualdade denotando a atualidade de sua escrita.
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