Texto de Rod Brito – Jornalista (Rio de Janeiro) - Especial para o
HUMANITAS nº 12 – julho/2013
Caros: hoje, honorariamente, o que se tem visto nos estádios de futebol
do Brasil? Melhor dizendo: nos novos ou reformados estádios feitos para a Copa
das Confederações e o Mundial de 2014? Localizando o fato, sai de cinco mil
fileiras e por camadas e por barreiras, retornando contrário pela ética do
esquecimento, na contramão do progresso e das famílias felizardas mais bem
sucedidas para com os hot dogs a R$8,00: Huuum?, boca cheia, o que há
no entorno destes estádios, hein?
Quais dejetos – ou mesmo o máximo da pureza contagiante – bem ali, para além do
bem e do mal do próprio jogo, do jogo próprio / este num instante aniquilado /
o que temos, no que se convencionou chamar do lado de fora deles em dia de
páreo da nossa seleção, dos modernos estádios, resolvidos de si economicamente
falando, o que temos nós, aliás e de propósito? Sim, os Torcedores, na certa, podemos contar com eles, logo, os
autenticamente populares, está claro, filma aê! Oh Yes, positividade geral,
minha gente, os torcedores para todas as nações humanísticas ou nem para tanto!
No que se recusa ver o umbigo podre donde se dá a saída na bola para o empolgar
às avessas e controlado deste mundo arrimo e monstro sonoro, as novas casas do
futebol. Com folga e – se precisar, pela transmissão – também mofa. Mas nada
demais, ali sem vez, sem grita disso, por favor, agora bastante barulho, segura
choro. Tempo real. Em tempo, já disse que sem vez, mas aguardem; e se o produto
da TV, gaiola-canarinha, canarinhola
100.000, do lado de dentro pelo lado
de fora. Desligo ela. Vejamos, temos ali, sem ingresso di entrance, no encurralamento marcial das amuradas dos estádios,
apenas o repilhar da exclusão, algo normal em nosso país e dessa vez trabalhada
(sic) de forma animada e mesmo
alegórica, verde-e-amarelíssima, pra inglês ver e ouvir e sentar em cima.
Lógica mas não espontânea, of course.
Vão ao jogo e não vão, estes caricatos
porque inaugurais torcedores, primeiros a chegar e a testar o país inteiro.
Mexer e não mexer com a gente. São atraídos e traídos / ali bancam em alegria
os gringos / brancam / sem deixar a nação / Vão e não vão. Papagaios de pirata,
de salteadores, de pilhadores. Mas os nossos legítimos.
Caríssimos: é que com as mudanças de comportamento e cultura social, gerais, para além das esqueléticas que estes estádios específicos receberam (vêm ainda recebendo santos, também os alicerces no desvio de intenções públicas como primordialmente no de socar dentro/sacar fora os dinheiros, o eterno retorno das obras capitais capitalísticas).
Mudanças como as do Maracanã – ou se já nasceram com elas, as intenções higienizadoras do público, por renda, no caso das novas arenas feitas sob medida, sem história alguma de comunhão e de aperfeiçoamento, a alegria como rebimboca do povo, todo ele unido numa mesma arquibancada de gozos e deleites soltos, assim era, assim seria – vem eles agora, os benquistos e exploradores estádios em múmia, pertencentes a seus donos indizíveis sem se sentarem, o segredo de Tutancâmon, e não admitindo mais os torcedores populares, dentro nunca mais, aqueles que, pra utilizarem os bem dotados estádios, não mais poderão pagar um valor baixo e compatível com a nossa realidade econômica, eles, cultural e tipicamente brasileiros por alegria e exclusão, nessa ordem, mas que, logo, torçam pelo lado de fora e não transgridam; vamos instrumentalizá-los, sim, já está se fazendo sem grande crítica, para parecerem aquilo que adorariam ser, óbvio, frequentadores satisfeitos dos novos estádios-arenas, seria apenas isso o seu desejo, por isso, numa interpretação lúdica de seus trelevisores, amigos, eles aparecem tanto! Sim, é óbvio, os donos lá de dentro, organizam egoisticamente também o di fora: aos torcedores sem acesso aos ingressos, os querem participando dos eventos, fator decisivo, os querem muito perto para a realização das filmengens que correrão mundo, usem suas roupas coloridas e penduricalhos típicos, sua comoção benfazeja típica, sua simpatia contra-burguesa, mas desde que, de fato, não se desejem dentro, não, por favor, iniciadas já as partidas, não estando mais no olho do lance, ninguém mais o tá. Foi o que se viu já nos amistosos de abertura e reabertura dos estádios, bem antes desse doce fenômeno brasileiro acontecer e se desenvolver saudável, agora há pouco, sem sangrar.
Na verdade, ao contrário destes torcedores pelo lado di fora, como bem podemos ver, agitando já nas horas que antecedem as partidas, vistos nas entradas ao vivo da patrona absoluta rede globo de televisão, não desejam mesmo nada estes patronos do futebol de hoje, imitadores internacionais, sobre encomenda e para o mundo, eles não desejam nada...
– Mas será? Silêncio! Já já recomeça Brasil x... Ponha-se na frente uma cortina de torcedores vivos sofredores porém animados sem igual no mundo todo, vibremos. Cinturão de uma alegria desdentada. ...como o Maraca, poderia se dizer... Pelo menos no Maraca, em reflexo, quem sabe, não estaremos já bem perto de vivermos um belo dia apenas a arqueologia da alegria ao lembrarmos de Garrincha e de todos os seus desembaraços para com o olhar de horizonte da plateia, divino este porque indiferenciada aquela. Mané se fazia santo, artista. Mané era rico. Mané era pobre. Conduzia desconcertantemente para o bem e para fora das coisas, estando todinhos dentro e matando no peito. Man’é.
Caríssimos: é que com as mudanças de comportamento e cultura social, gerais, para além das esqueléticas que estes estádios específicos receberam (vêm ainda recebendo santos, também os alicerces no desvio de intenções públicas como primordialmente no de socar dentro/sacar fora os dinheiros, o eterno retorno das obras capitais capitalísticas).
Mudanças como as do Maracanã – ou se já nasceram com elas, as intenções higienizadoras do público, por renda, no caso das novas arenas feitas sob medida, sem história alguma de comunhão e de aperfeiçoamento, a alegria como rebimboca do povo, todo ele unido numa mesma arquibancada de gozos e deleites soltos, assim era, assim seria – vem eles agora, os benquistos e exploradores estádios em múmia, pertencentes a seus donos indizíveis sem se sentarem, o segredo de Tutancâmon, e não admitindo mais os torcedores populares, dentro nunca mais, aqueles que, pra utilizarem os bem dotados estádios, não mais poderão pagar um valor baixo e compatível com a nossa realidade econômica, eles, cultural e tipicamente brasileiros por alegria e exclusão, nessa ordem, mas que, logo, torçam pelo lado de fora e não transgridam; vamos instrumentalizá-los, sim, já está se fazendo sem grande crítica, para parecerem aquilo que adorariam ser, óbvio, frequentadores satisfeitos dos novos estádios-arenas, seria apenas isso o seu desejo, por isso, numa interpretação lúdica de seus trelevisores, amigos, eles aparecem tanto! Sim, é óbvio, os donos lá de dentro, organizam egoisticamente também o di fora: aos torcedores sem acesso aos ingressos, os querem participando dos eventos, fator decisivo, os querem muito perto para a realização das filmengens que correrão mundo, usem suas roupas coloridas e penduricalhos típicos, sua comoção benfazeja típica, sua simpatia contra-burguesa, mas desde que, de fato, não se desejem dentro, não, por favor, iniciadas já as partidas, não estando mais no olho do lance, ninguém mais o tá. Foi o que se viu já nos amistosos de abertura e reabertura dos estádios, bem antes desse doce fenômeno brasileiro acontecer e se desenvolver saudável, agora há pouco, sem sangrar.
Na verdade, ao contrário destes torcedores pelo lado di fora, como bem podemos ver, agitando já nas horas que antecedem as partidas, vistos nas entradas ao vivo da patrona absoluta rede globo de televisão, não desejam mesmo nada estes patronos do futebol de hoje, imitadores internacionais, sobre encomenda e para o mundo, eles não desejam nada...
– Mas será? Silêncio! Já já recomeça Brasil x... Ponha-se na frente uma cortina de torcedores vivos sofredores porém animados sem igual no mundo todo, vibremos. Cinturão de uma alegria desdentada. ...como o Maraca, poderia se dizer... Pelo menos no Maraca, em reflexo, quem sabe, não estaremos já bem perto de vivermos um belo dia apenas a arqueologia da alegria ao lembrarmos de Garrincha e de todos os seus desembaraços para com o olhar de horizonte da plateia, divino este porque indiferenciada aquela. Mané se fazia santo, artista. Mané era rico. Mané era pobre. Conduzia desconcertantemente para o bem e para fora das coisas, estando todinhos dentro e matando no peito. Man’é.
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