Poemas publicados no HUMANITAS nº 15 – Outubro/2013
Moça na janela
Antonio Carlos Gomes – Médico - Guarujá/SP
Pela manhã
A moça na janela
Esperava ele
Eu olhava pra ela.
À tarde
Ainda na janela
Esperava ele
Eu olhava pra ela.
À noite,
A moça fechou a janela,
Foi sonhar com ele
E eu sonhei com ela.
................
Asas
libertas
Rafael Rocha – Jornalista – Recife/PE
As
aves do caminho de agora são negras
Tais
como o silêncio espacial ao redor
Onde
o último ser humano adormeceu
Na
insone incapacidade de amar.
Homem:
de joelhos elevou a voz ao céu
Bradou
ao deus esperado no seu tempo
Do
céu desse deus caiu apenas o nada
Tornou-se
real no caminho da sua visão
E
o homem:
Bastou
perguntar o que era o nada visto
Para
descobrir o tudo dentro de si mesmo
E
viver e recomeçar em cada paisagem
Como
pó de areia incriado no espaço.
E
as aves do caminho
Melhores
que os homens
Voam
e voam e voam
Asas
libertas do nada.
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O Recife
Robson Sampaio – Poeta
– Recife/PE
O Recife não é uma
aldeia
O Recife é um estado
de ser...
Suas luzes naturais ou
artificiais
Não são luzes e, sim,
o alumiar
Dos teus olhos.
Reflexos de todos nós
Recifenses ou
arrecifensados,
Onde as luzes não são
luzes.
Mas olhos debruçados
sobre
O Capibaribe, um traço
indivísivel
De ser o Recife...
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Quando não se escreve
Genésio Linhares – Professor – Recife/PE
Há quantos anos eu não pego da pena?
Criei um silêncio monstruoso dentro em mim
Muitas vezes me indaguei: ainda vale a pena
Esta vida vazia que carrego assim?
Mais pareço um demiurgo morto e sem arte
Meu espírito como chama enlanguescida
Me tornava dia a dia um ser fazendo parte
Desta unanimidade fria e enlouquecida.
Hoje parei a refletir sobre tudo
Vi o tempo me consumindo lentamente
E me perguntei: o que fiz finalmente?
Só então percebi a dor do verso mudo
Poemas da vida se foram como o vento
E o
meu lânguido olhar só e sem alento.
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