sábado, 22 de fevereiro de 2014

Direitos e deveres

Texto de Antônio Carlos Gomes – Guarujá/SP
publicado no HUMANITAS nº 19 – Fevereiro/2014

O direito de um não pode ultrapassar o direito de outro. A regra impõe claramente um limite, ou seja, uma regra. No caso uma Ética. A grande pergunta que fica é quais são os nossos limites?
Somos seres de um ecossistema, portanto já estamos limitados. Vivemos na superfície sob ação da gravidade, sem asas para voar e sem condições de habitar sob a terra que nem as minhocas. Somos, portanto limitados à superfície. Pertencemos a uma cadeia alimentar, alimentamo-nos de seres vivos e tentamos não sermos atacados por outros, vírus, insetos, bactérias e predadores, estes limitados a regiões remotas. Ao nos alimentarmos temos que tomar cuidado para não quebrar a cadeia alimentar que rege o planeta, caso contrário teremos escassez ou mesmo falta. A alimentação tem que ter a sabedoria de ser justa, ou seja: Ética.
Dentro de nossa casa temos que conviver com os demais elementos: esposo [a], filhos [as], agregados, cachorro, gato e assim por diante. Convém lembrar que cada um ocupa seu espaço, tem seus próprios limites e independência do pensar. Temos ainda que conviver com os limites dos eventuais: parentes e visitas; pessoal que vai fazer a manutenção: empregados, eletricistas, pintores, e assim por diante.
Ao ir ao trabalho, ou estudo ou mesmo na diversão temos que conviver com os limites de quem pega a mesma condução, ou dos outros veículos do trânsito, de quem frequenta as ruas. Chegando ao trabalho temos que nos limitar à nossa tarefa especifica, aos horários programados, aos colegas, aos clientes e fornecedores.
Como podemos ver, nossas limitações são muitas, cada quebra determinará uma invasão indesejável e uma invasão de direitos. Numa sociedade capitalista e de consumo esta invasão vai refletir nos bilhões de refugiados e famintos e na destruição da natureza.
A miséria que espalhamos agora acabará por se refletir em nós mesmos, já que a natureza também faz parte dos limites do humano. É aí que está o tão propalado risco de extinção da espécie, que é real. Por outro lado, esta invasão traz uma reação lógica dos prejudicados gerando violência em forma de guerras, crimes, assaltos e mesmo discórdia no meio que nos cerca.
Esta sociedade utópica onde se respeitará o espaço de todos é uma sociedade comunista obrigatoriamente. Não há ditadura, mas divisão de espaço. O que temos que ter em mente é que nosso espaço realmente é muito pequeno e cabe a nossa inteligência viver o melhor possível dentro dele, sem atritos. Fora isto nunca haverá Ética e Justiça e teremos eternamente uma sociedade instável com guerras e neuroses generalizadas.
Curtamos nosso espaço restrito, eticamente.

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