Texto
de Ivo S. G. Reis – Campo Grande/MS – publicado no HUMANITAS nº 14 – Setembro/2013
Hoje as
religiões cristãs estão desvirtuadas e as igrejas foram transformadas em
igrejas-empresas, não cumprindo mais um papel social
Necessário se faz definir, de uma maneira bem simplificada, o
significado do termo “evangélico”,
tal como é entendido no Brasil e em
muitos países.
A rigor, o cristianismo foi dividido em duas grandes correntes: os católicos e protestantes. Esses grupos, por sua vez, subdividem-se em vários outros subgrupos, dentre os quais se encontram os pentecostais, neopentecostais e os evangélicos, por exemplo. Complicado? Sim, é complicado mesmo.
Justamente por isso, convencionou-se adotar a denominação “evangélicos” e “crentes” (mais genéricas), para referir-se a todos os tipos de protestantes, desconsiderando-se o fato de os evangélicos serem um subgrupo dos protestantes. Mas isso, embora seja a prática, não é do agrado de todos porque, segundo alguns, como os adventistas, as testemunhas de Jeová, os metodistas, os batistas, os luteranos e os anglicanos, o termo “crente” soa como pejorativo. Por isso, preferem ser identificados pelas suas respectivas denominações.
Vamos assumir – independentemente de isto ser consensual ou não -, que evangélico é uma denominação geral para designar todos os grupos de protestantes e que crente é todo e qualquer evangélico, pertencente a qualquer dos grupos. Tudo isso se chama protestantismo evangélico. É assim que o povo entende e é assim que vamos simplificar.
Considerando que hoje as religiões cristãs estão desvirtuadas e que as igrejas foram transformadas em igrejas-empresas, não cumprindo mais seu papel social (levar conforto espiritual e realizar obras sociais, atuando em áreas em que o Estado não atua ou é deficiente) fica difícil dizer que rumo irá tomar o cristianismo brasileiro.
Mas algumas coisas já parecem ser certas, se causas imponderáveis significativas não acontecerem:
1) O número de religiosos praticantes, irá diminuir, em função do esclarecimento da população e da decepção com os sucessivos escândalos religiosos que têm surgido;
2) O número de irreligiosos (ateus, agnósticos, humanistas seculares), hoje já aumentado para 8%, irá continuar aumentando;
3) Os números de católicos e evangélicos irão se igualar antes de 2025. A partir daí, o Brasil poderá ser um país de maioria protestante e não mais católica nas próximas décadas.
Os evangélicos irão festejar e dizer que o cenário projetado é bom para o Brasil; os católicos e todos os demais, dirão que não.
E não será mesmo, porque enquanto os católicos são mais moderados, os evangélicos são extremamente radicais e fundamentalistas, o que poderá acarretar sérios problemas sociais.
Só para citar uns poucos exemplos, enquanto o atual papa Francisco já admite rever certos conceitos ultrapassados da Igreja e adaptá-los à realidade do tempo de hoje, os evangélicos insistem em radicalizar. O papa não vê razões para discriminar os gays; os evangélicos, sim. O papa tem pensamentos interdenominacionais em relação à fé; os evangélicos, não. O papa aceita a união entre as igrejas cristãs de qualquer denominação; os evangélicos, não. O papa não advoga a filosofia ateísta, mas não hostiliza os ateus; os evangélicos, sim. O papa entende e valoriza os inconformistas; os evangélicos, não. O papa é contra a ostentação, a supervalorização do dinheiro, o consumismo e a política economicista mundial; os evangélicos, não.
Apesar disso, em que pese a boa vontade do papa e seus ideais reformistas, não cremos que ele possa provocar grandes mudanças no sistema. Pesados os prós e os contras dessas duas grandes religiões, diríamos que a católica é menos nociva para o país, sendo até possível uma coexistência pacífica entre religiosos de todas as correntes e irreligiosos.
Já o mesmo não se pode dizer em relação aos evangélicos, excessivamente materialistas, fundamentalistas e fortemente infiltrados na política brasileira (72 representantes no Congresso), com aspirações até de ter um presidente da república evangélico, o que não é hipótese absurda, a julgar pelo que temos visto por aí.
Um Estado laico, mas com predominância natural da religião católica, se deve a razões culturais e históricas, originárias do período de colonização.
E assim tem sido. Então, com os católicos, ainda poderíamos ter a esperança de continuar a ser um Estado laico, garantido desde a Constituição Republicana de 1891 até a última, a de 1988.
Com os evangélicos, entretanto, esta laicidade estaria ameaçada, caminhando-se para a instituição de um Estado Teocrático Protestante. Aliás, propostas de emendas constitucionais nesse sentido já estão sendo apresentadas pela Frente Parlamentar Evangélica, no Congresso Nacional.
Estado teocrático protestante - ou evangélico, se preferirem -, com um Presidente da República evangélico (nomes como Marina Silva, Silas Malafaia e até Marcos Feliciano já despontam), é uma possibilidade sombria e não muito distante.
A rigor, o cristianismo foi dividido em duas grandes correntes: os católicos e protestantes. Esses grupos, por sua vez, subdividem-se em vários outros subgrupos, dentre os quais se encontram os pentecostais, neopentecostais e os evangélicos, por exemplo. Complicado? Sim, é complicado mesmo.
Justamente por isso, convencionou-se adotar a denominação “evangélicos” e “crentes” (mais genéricas), para referir-se a todos os tipos de protestantes, desconsiderando-se o fato de os evangélicos serem um subgrupo dos protestantes. Mas isso, embora seja a prática, não é do agrado de todos porque, segundo alguns, como os adventistas, as testemunhas de Jeová, os metodistas, os batistas, os luteranos e os anglicanos, o termo “crente” soa como pejorativo. Por isso, preferem ser identificados pelas suas respectivas denominações.
Vamos assumir – independentemente de isto ser consensual ou não -, que evangélico é uma denominação geral para designar todos os grupos de protestantes e que crente é todo e qualquer evangélico, pertencente a qualquer dos grupos. Tudo isso se chama protestantismo evangélico. É assim que o povo entende e é assim que vamos simplificar.
Considerando que hoje as religiões cristãs estão desvirtuadas e que as igrejas foram transformadas em igrejas-empresas, não cumprindo mais seu papel social (levar conforto espiritual e realizar obras sociais, atuando em áreas em que o Estado não atua ou é deficiente) fica difícil dizer que rumo irá tomar o cristianismo brasileiro.
Mas algumas coisas já parecem ser certas, se causas imponderáveis significativas não acontecerem:
1) O número de religiosos praticantes, irá diminuir, em função do esclarecimento da população e da decepção com os sucessivos escândalos religiosos que têm surgido;
2) O número de irreligiosos (ateus, agnósticos, humanistas seculares), hoje já aumentado para 8%, irá continuar aumentando;
3) Os números de católicos e evangélicos irão se igualar antes de 2025. A partir daí, o Brasil poderá ser um país de maioria protestante e não mais católica nas próximas décadas.
Os evangélicos irão festejar e dizer que o cenário projetado é bom para o Brasil; os católicos e todos os demais, dirão que não.
E não será mesmo, porque enquanto os católicos são mais moderados, os evangélicos são extremamente radicais e fundamentalistas, o que poderá acarretar sérios problemas sociais.
Só para citar uns poucos exemplos, enquanto o atual papa Francisco já admite rever certos conceitos ultrapassados da Igreja e adaptá-los à realidade do tempo de hoje, os evangélicos insistem em radicalizar. O papa não vê razões para discriminar os gays; os evangélicos, sim. O papa tem pensamentos interdenominacionais em relação à fé; os evangélicos, não. O papa aceita a união entre as igrejas cristãs de qualquer denominação; os evangélicos, não. O papa não advoga a filosofia ateísta, mas não hostiliza os ateus; os evangélicos, sim. O papa entende e valoriza os inconformistas; os evangélicos, não. O papa é contra a ostentação, a supervalorização do dinheiro, o consumismo e a política economicista mundial; os evangélicos, não.
Apesar disso, em que pese a boa vontade do papa e seus ideais reformistas, não cremos que ele possa provocar grandes mudanças no sistema. Pesados os prós e os contras dessas duas grandes religiões, diríamos que a católica é menos nociva para o país, sendo até possível uma coexistência pacífica entre religiosos de todas as correntes e irreligiosos.
Já o mesmo não se pode dizer em relação aos evangélicos, excessivamente materialistas, fundamentalistas e fortemente infiltrados na política brasileira (72 representantes no Congresso), com aspirações até de ter um presidente da república evangélico, o que não é hipótese absurda, a julgar pelo que temos visto por aí.
Um Estado laico, mas com predominância natural da religião católica, se deve a razões culturais e históricas, originárias do período de colonização.
E assim tem sido. Então, com os católicos, ainda poderíamos ter a esperança de continuar a ser um Estado laico, garantido desde a Constituição Republicana de 1891 até a última, a de 1988.
Com os evangélicos, entretanto, esta laicidade estaria ameaçada, caminhando-se para a instituição de um Estado Teocrático Protestante. Aliás, propostas de emendas constitucionais nesse sentido já estão sendo apresentadas pela Frente Parlamentar Evangélica, no Congresso Nacional.
Estado teocrático protestante - ou evangélico, se preferirem -, com um Presidente da República evangélico (nomes como Marina Silva, Silas Malafaia e até Marcos Feliciano já despontam), é uma possibilidade sombria e não muito distante.
Marina já é uma candidata praticamente certa; Marco Feliciano, deputado
federal, pastor evangélico, homofóbico, trapalhão, charlatão e racista
confesso, já se insinua em seus cultos e pela internet, possuindo até um
movimento chamado “Marco Feliciano Presidente do Brasil”, com sites de apoio
(não é piada) e Silas Malafaia faz charme, dizendo que não deseja ser
candidato, resistindo aos convites (até quando?).
O cenário está pronto. Quem conseguir ganhar a preferência e unificar os mais de 42,3 milhões de eleitores evangélicos estará eleito. Aí teremos os principais ministérios e comissões da Câmara e do Senado distribuídos entre os evangélicos.
Eles estarão na educação, na saúde, no turismo, na economia. Nas comissões, é certo que presidirão a CCJ, bem como 4 ou 5 das principais delas. Aturar isso por quatro anos ou, quem sabe, oito anos ou mais?!!!
Será o retorno triunfal do obscurantismo e do sono dogmático, o caos social que poderá fazer o nosso IDH despencar para abaixo de 0,600, no mínimo; senão no geral, pelo menos, com toda certeza, na educação.
O cenário está pronto. Quem conseguir ganhar a preferência e unificar os mais de 42,3 milhões de eleitores evangélicos estará eleito. Aí teremos os principais ministérios e comissões da Câmara e do Senado distribuídos entre os evangélicos.
Eles estarão na educação, na saúde, no turismo, na economia. Nas comissões, é certo que presidirão a CCJ, bem como 4 ou 5 das principais delas. Aturar isso por quatro anos ou, quem sabe, oito anos ou mais?!!!
Será o retorno triunfal do obscurantismo e do sono dogmático, o caos social que poderá fazer o nosso IDH despencar para abaixo de 0,600, no mínimo; senão no geral, pelo menos, com toda certeza, na educação.
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