Poemas publicados no HUMANITAS nº 10 – MAIO/2013
Silêncio na metrópole, o que a pouco havia
não há mais,
recolheram-se estes que transitavam em afazeres
poucos os que ainda rondam o asfalto,
recolheram-se estes que transitavam em afazeres
poucos os que ainda rondam o asfalto,
sinistros seres.
Embarcaram as lembranças e vidas neste
Embarcaram as lembranças e vidas neste
imenso cais...
Respirações e roncos uníssonos...
Roncos de homens e máquinas!
Poucas as máquinas vorazes e velozes
Respirações e roncos uníssonos...
Roncos de homens e máquinas!
Poucas as máquinas vorazes e velozes
que ainda teimam em quebrar o silêncio
noturno,
muitos os homens que em seu leito
muitos os homens que em seu leito
desfrutam de um sono oblíquo , profundo...
Mas meu ser permanece intacto e simplório...
Como tal lobo que uiva perante a luz do luar.
Já sinto a brisa que é vida,
é o vento que afasta minhas perguntas em ida,
fico então amaldiçoado, eternamente a me indagar:
será que por leis a terra é regida?
será racional meus instintos matar?
Espero que tudo isso não me venha a calar...
Pois nessas luas que passam minha missão é cumprida...
não há mais a presa calada e retida
agora há fera selvagem num surto a urrar!
Mas meu ser permanece intacto e simplório...
Como tal lobo que uiva perante a luz do luar.
Já sinto a brisa que é vida,
é o vento que afasta minhas perguntas em ida,
fico então amaldiçoado, eternamente a me indagar:
será que por leis a terra é regida?
será racional meus instintos matar?
Espero que tudo isso não me venha a calar...
Pois nessas luas que passam minha missão é cumprida...
não há mais a presa calada e retida
agora há fera selvagem num surto a urrar!
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Rejeitado
Antônio Carlos Gomes – Médico - Guarujá/SP
Rejeitado foi, rejeitada a vida,
Agressão brutal que o desconserta
Perdido e solto no espaço sem guarida
Dos sonhos que já viveu: nada resta!
A imagem própria por si já emitida
De uma forma pontual, sempre correta,
Que levava altivo por toda vida
Perdida e fria ficou, ficou incerta.
Em rodeios tíbios, frouxos, desconexos,
Procura acertar o rumo dos passos
A vagar, no lugar incerto: o espaço
Perdido. O ser total não tem mais
nexo.
Olhando ao espelho ofuscado, nada!
A imagem de si está deformada.
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O fingimento
da arte
Genésio de Almeida Linhares - Professor MS -
Recife/PE
Será que tudo na vida é fingimento
Ou haverá no mundo um pouco de verdade?
Talvez no cético haja sinceridade
Ao duvidar do próprio conhecimento
E no áureo idealismo o puro pensamento
Conquistou a essência da profundidade
Ou se perdeu na abstrata idealidade
E o inatingível de Kant ainda é um
tormento?
Porém, o que professam as religiões
Com seus aparatos de simbologia
Ao velar mais que desvendar o mistério?
Ah! Como prefiro a arte e suas ilusões
Pois se finge verdade um mundo em magia
Sempre é fiel a este ofício e ministério.
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O divisor é
o tempo
Robson Sampaio – Jornalista - Recife/PE
Robson Sampaio – Jornalista - Recife/PE
Torna a vida mais vida
e a morte mais morte.
e a morte mais morte.
Contraponto que induz
à busca do nada.
O divisor é o tempo...
Encurta a distância do sempre
na ilusão de tudo.
à busca do nada.
O divisor é o tempo...
Encurta a distância do sempre
na ilusão de tudo.
A vida é a morte,
a morte é a vida.
O divisor é o tempo...
a morte é a vida.
O divisor é o tempo...
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Ser poeta
Silvia Mota – Poeta - Cabo Frio/RJ
Poeta é beijo e ferida.
Poeta é demo e asceta.
Poeta é morte e é vida.
Se não for – não é poeta!
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Glamour
Valdeci Ferraz – Advogado - Caruaru/PE
A minha
alma não se cansa
Nem afronta meu corpo tal realidade
Prossigo sem ver mudança
No amor que ultrapassou a eternidade
Conservo-me vivo e forte,
Ainda que me estreite de leve a morte.
Nem afronta meu corpo tal realidade
Prossigo sem ver mudança
No amor que ultrapassou a eternidade
Conservo-me vivo e forte,
Ainda que me estreite de leve a morte.
Sou de tal
modo viçoso
Que trago no peito tamanha glória
Troféu de um vitorioso
A escrever com sangue a sua própria história,
Entrego-a aos desvalidos
Para que sejam por ela remidos.
Que trago no peito tamanha glória
Troféu de um vitorioso
A escrever com sangue a sua própria história,
Entrego-a aos desvalidos
Para que sejam por ela remidos.
Que o
amor, ao amor se renda
Sem razão, sem reservas, sem mistério,
Que seja por fim só uma prenda:
Conservar-se inaudito, sempre etéreo,
E vencido todo mal,
Sejam todos amantes, amantes afinal.
Sem razão, sem reservas, sem mistério,
Que seja por fim só uma prenda:
Conservar-se inaudito, sempre etéreo,
E vencido todo mal,
Sejam todos amantes, amantes afinal.
Estabeleço
assim meu destino
Contrariando roteiro de autor falaz
A conservar-me homem-menino
Amante da vida, amante da paz
Que todos digam amém
Os deuses e os diabos também.
Contrariando roteiro de autor falaz
A conservar-me homem-menino
Amante da vida, amante da paz
Que todos digam amém
Os deuses e os diabos também.
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