Texto de Karline da Costa Batista – Aracati/CE
Publicado no HUMANITAS nº 10 – maio/2013
É do conhecimento popular a
força e a preciosidade das atividades literárias em Aracati. Esta que foi uma
das primeiras cidades do interior do estado do Ceará a pôr no prelo mais de
vinte jornais, que foi o berço do escritor naturalista Adolfo Caminha, da
escritora e abolicionista Emília Freitas e do irreverente Paula Nei, jornalista
destacado na então capital federativa do Rio de Janeiro, isso somente para
citar alguns nomes que me vieram de lapso.
A vida cultural da Princesa do Vale sempre foi intensa. Outrora, funcionando como importante porto cearense onde recebia navios diretamente da Europa, a pequena cidade ganhara rapidamente ares de modernismo. Fatores esses que ladeados pela fortalecida economia das charqueadas, das salinas e do algodão contribuíram para o requinte da sociedade aracatiense, tornando seus filhos tão destacados que a simples menção de sua origem era uma carta de recomendação muito bem aceita.
E essa efervescência continua lampejando, embora com menos holofote e espaço. Da imprensa restaram as lembranças, dos poetas as memórias - estas mal lembradas- e da vida cultural literária apenas os sutis momentos em surdina.
Hoje, o poeta caminha pela Rua Grande em direção à Coronel Pompeu. Carregado de sacolas, atravessará o mercado, mas nem isso e nem o cheiro podre das carcaças será capaz de tirar-lhe o bom verso. Fiel, a musa repousa em seu colo enquanto ele procura as moedas da passagem. Solavancos da estrada e os hits do momento compõem sua trilha sonora rumo à residência simples ao lado do cajueiro velho. O poeta deixa as mercadorias em cima da mesa, liga o computador e vasculha qualquer coisa no Facebook, quando a musa risonha lhe sussurra um haicai modesto que prontamente será compartilhado na rede para os seus 642 amigos.
O poema caminhará de face a face e será curtido pela beleza do verso lido. Uns por simpatia, outros por compulsão, mas haverá aqueles que o farão por sinceridade, por sintonia, pela sinfonia. Estes e somente estes saberão a diferença entre um post e uma poesia da mesma forma que ao acabarem de ler o período passado verificaram a minha aliteração proposital. Ou talvez o leitor volte agora e procure-a, ou percebendo-a antes dirá que eu cometi um infantil erro de redação. Não importa. Em todo caso trago a minha licença poética em mãos e prossigo o que vinha dizendo.
De todo modo, quem sabe o poeta nem saiba que os autores ainda vivem, que em Aracati ainda se faz poesia e que ele é amigo dos poetas André Nogueira, Robson Rodriguez, Ronet Matos e da Maria Costa(*) via Facebook. Talvez nenhum deles suspeite que sejam poetas porque um dia aprenderam que poesia era tudo aquilo que estava escrito no livro amarelo da escola. Em todo caso, o poeta seguirá sua rotina, rabiscando versos na última folha do caderno de catecismo e nunca suspeitará que um dia foi mencionado pela poetisa aracatiense Karline Batista quando ela pensava em escrever apenas um artigo bacana.
A vida cultural da Princesa do Vale sempre foi intensa. Outrora, funcionando como importante porto cearense onde recebia navios diretamente da Europa, a pequena cidade ganhara rapidamente ares de modernismo. Fatores esses que ladeados pela fortalecida economia das charqueadas, das salinas e do algodão contribuíram para o requinte da sociedade aracatiense, tornando seus filhos tão destacados que a simples menção de sua origem era uma carta de recomendação muito bem aceita.
E essa efervescência continua lampejando, embora com menos holofote e espaço. Da imprensa restaram as lembranças, dos poetas as memórias - estas mal lembradas- e da vida cultural literária apenas os sutis momentos em surdina.
Hoje, o poeta caminha pela Rua Grande em direção à Coronel Pompeu. Carregado de sacolas, atravessará o mercado, mas nem isso e nem o cheiro podre das carcaças será capaz de tirar-lhe o bom verso. Fiel, a musa repousa em seu colo enquanto ele procura as moedas da passagem. Solavancos da estrada e os hits do momento compõem sua trilha sonora rumo à residência simples ao lado do cajueiro velho. O poeta deixa as mercadorias em cima da mesa, liga o computador e vasculha qualquer coisa no Facebook, quando a musa risonha lhe sussurra um haicai modesto que prontamente será compartilhado na rede para os seus 642 amigos.
O poema caminhará de face a face e será curtido pela beleza do verso lido. Uns por simpatia, outros por compulsão, mas haverá aqueles que o farão por sinceridade, por sintonia, pela sinfonia. Estes e somente estes saberão a diferença entre um post e uma poesia da mesma forma que ao acabarem de ler o período passado verificaram a minha aliteração proposital. Ou talvez o leitor volte agora e procure-a, ou percebendo-a antes dirá que eu cometi um infantil erro de redação. Não importa. Em todo caso trago a minha licença poética em mãos e prossigo o que vinha dizendo.
De todo modo, quem sabe o poeta nem saiba que os autores ainda vivem, que em Aracati ainda se faz poesia e que ele é amigo dos poetas André Nogueira, Robson Rodriguez, Ronet Matos e da Maria Costa(*) via Facebook. Talvez nenhum deles suspeite que sejam poetas porque um dia aprenderam que poesia era tudo aquilo que estava escrito no livro amarelo da escola. Em todo caso, o poeta seguirá sua rotina, rabiscando versos na última folha do caderno de catecismo e nunca suspeitará que um dia foi mencionado pela poetisa aracatiense Karline Batista quando ela pensava em escrever apenas um artigo bacana.
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*Nota: Ao contrário de Maria Costa, nome fictício a simbolizar poetas
anônimos, os autores André Nogueira, Robson Rodriguez, Ronet Matos e Karline
Batista são alguns exemplos de jovens poetas aracatienses da atualidade.
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