Texto de Marisa Soveral – Orientadora Pedagógica – Porto-Portugal
Publicado no HUMANITAS nº 10 – Maio/2013
Os países da União Europeia vivem em situação
tal que os problemas econômicos podem
desencadear rebeliões
Os especialistas econômicos
dizem que este ano de 2013 vai ser decisivo sobre a crise da zona euro. Há um
questionamento sobre se ela se vai ampliar ou recuar, mas a maior parte das
previsões são pessimistas. Também países como os EUA, Japão e China podem
trazer surpresas desagradáveis. Christine Lagarde, directora-geral do FMI,
afirmou recentemente que a organização reviu ligeiramente em alta, o
crescimento e avançou números! Que adianta números se eles sobem e descem
frequentemente e nunca se concretizam? Os números servem, para usar conforme o
interesse das circunstâncias!
É complexo o mapa geoeconómico! Continua a haver enormes incertezas sobre o futuro próximo. Sem dúvida que a zona euro está em maior risco, razões do ciclo político e também da política de austeridade, num vasto conjunto de países. O Banco Central Europeu não prevê recaída da recessão, mas uma quase estagnação.
Os EUA tornam-se controversos devido ao risco da turbulência política derivada das maiorias contraditórias do Congresso. Há especialistas que consideram que os EUA, vão ser uma surpresa positiva, apesar do drama sucessivo em torno do “precipício orçamental”.
A China, dizem os especialistas, vai surpreender pela negativa, devido à questão do “modelo” económico de desenvolvimento e da descida de crescimento em 2012. Hong Kong deverá transformar-se no principal centro off-shore do yuan, servindo de elo para Xangai, que deverá assumir o papel de principal centro on shore, na estratégia de internacionalização da moeda chinesa. O Japão está em situação de deflação, no entanto está no grupo dos países com excedentes externos, como Alemanha, Hong Kong, Filipinas e China, contra os países com défices externos, a Turquia, Grécia, Reino Unido. Os países com um grau de endividamento mais elevado, relativamente ao PIB são: Japão, Grécia, Itália, EUA.
A nível de focos de tensão a nível mundial, as áreas suscetíveis de insegurança, continuam a ser o tráfico de droga, o terrorismo, as disputas fronteiriças e de recursos estratégicos, o estacionamento de tropas, as instalações nucleares militares e a luta pela influência regional. A Europa vive em paz, mas também numa situação em que os problemas económicos podem desencadear rebeliões. O Velho Continente sabe que o poder militar continua a ser importante no contexto da política internacional, mas têm cada vez menos recursos orçamentais.
A nível da EU tem sido proposta uma especialização e partilha dos meios militares, mas isso abre uma interrogação: o que acontecerá a um país que se especializou em determinada área, quando não está de acordo politicamente com determinada operação?
Nos Estados Unidos o orçamento para o Pentágono continuará a ser o maior do mundo, mas opções vão ter que ser tomadas.
O nordeste e sueste da Ásia geram um quinto do produto mundial. A China é a segunda economia a nível internacional e o Japão a terceira. A região marítima do Japão a Singapura é bastante importante a nível económico e toda esta região está a mudar a nível estratégico, os orçamentos militares estão em crescendo.
A China é a “nação indispensável” nesta região, com uma intervenção naval importante no Pacífico ocidental.
Como é que uma região tão importante para a política e a segurança internacional, com animosidades históricas, vai conseguir gerir a competição geopolítica entre Pequim e os seus vizinhos?
No Médio Oriente, política e militarmente há mudanças. No Egipto, a Irmandade Muçulmana, os militares e as oposições negociam uma nova ordem constitucional. Na Palestina o Hamas é cada mais influente que o Fatah. Na Jordânia, a monarquia hachemita está a ser cada vez mais pressionada pela oposição religiosa. Na Síria a queda do clã Assad é uma questão de tempo e a sua queda, será importante a nível interno e regional. A Síria faz fronteira com Israel, Turquia, Líbano, Iraque e a Jordânia e envolve interesses de países como o Irão, Arábia Saudita, Qatar, EUA, Rússia e China.
O Irão voltará a estar na ordem do dia, porque ambiciona ter um papel importante no Golfo Pérsico e no Médio Oriente e ambiciona ter armas nucleares. As sanções a que o país tem sido sujeito, têm tido impacto na economia iraniana: desemprego, inflação, desvalorização do rial, mas mesmo assim, o Irão não parece abdicar das suas ambições e vai obrigar a administração Obama a forçar os seus trabalhos diplomáticos.
De acordo com o professor e economista mineiro Fabrício de Oliveira, a origem da crise europeia está no Tratado de Maastricht, de 1992, que amarrou o crescimento econômico da União Europeia ao estabelecer regras no campo fiscal, como limites de endividamento e de déficit público dos estados-membros. Além disso, a política monetária europeia contribuiu para frear o desenvolvimento, porque ela é extremamente ortodoxa, ao fixar uma taxa limite de inflação. Ele observa que se fizermos uma avaliação sobre a situação econômica da União Europeia pós-92, veremos que apenas em um ano a Zona do Euro conseguiu ter um crescimento um pouco acima do da média mundial.
“Portanto, esse é um tratado de estagnação. Sem crescimento econômico. Assim, fica difícil sustentar um estado de bem-estar social e corrigir eventuais desequilíbrios”. O professor Fabrício faz questão de salientar que o crescimento econômico europeu vai continuar muito baixo nos próximos anos. Para ele, a situação não tende a se resolver, porque os buracos fiscais são muito grandes.
É complexo o mapa geoeconómico! Continua a haver enormes incertezas sobre o futuro próximo. Sem dúvida que a zona euro está em maior risco, razões do ciclo político e também da política de austeridade, num vasto conjunto de países. O Banco Central Europeu não prevê recaída da recessão, mas uma quase estagnação.
Os EUA tornam-se controversos devido ao risco da turbulência política derivada das maiorias contraditórias do Congresso. Há especialistas que consideram que os EUA, vão ser uma surpresa positiva, apesar do drama sucessivo em torno do “precipício orçamental”.
A China, dizem os especialistas, vai surpreender pela negativa, devido à questão do “modelo” económico de desenvolvimento e da descida de crescimento em 2012. Hong Kong deverá transformar-se no principal centro off-shore do yuan, servindo de elo para Xangai, que deverá assumir o papel de principal centro on shore, na estratégia de internacionalização da moeda chinesa. O Japão está em situação de deflação, no entanto está no grupo dos países com excedentes externos, como Alemanha, Hong Kong, Filipinas e China, contra os países com défices externos, a Turquia, Grécia, Reino Unido. Os países com um grau de endividamento mais elevado, relativamente ao PIB são: Japão, Grécia, Itália, EUA.
A nível de focos de tensão a nível mundial, as áreas suscetíveis de insegurança, continuam a ser o tráfico de droga, o terrorismo, as disputas fronteiriças e de recursos estratégicos, o estacionamento de tropas, as instalações nucleares militares e a luta pela influência regional. A Europa vive em paz, mas também numa situação em que os problemas económicos podem desencadear rebeliões. O Velho Continente sabe que o poder militar continua a ser importante no contexto da política internacional, mas têm cada vez menos recursos orçamentais.
A nível da EU tem sido proposta uma especialização e partilha dos meios militares, mas isso abre uma interrogação: o que acontecerá a um país que se especializou em determinada área, quando não está de acordo politicamente com determinada operação?
Nos Estados Unidos o orçamento para o Pentágono continuará a ser o maior do mundo, mas opções vão ter que ser tomadas.
O nordeste e sueste da Ásia geram um quinto do produto mundial. A China é a segunda economia a nível internacional e o Japão a terceira. A região marítima do Japão a Singapura é bastante importante a nível económico e toda esta região está a mudar a nível estratégico, os orçamentos militares estão em crescendo.
A China é a “nação indispensável” nesta região, com uma intervenção naval importante no Pacífico ocidental.
Como é que uma região tão importante para a política e a segurança internacional, com animosidades históricas, vai conseguir gerir a competição geopolítica entre Pequim e os seus vizinhos?
No Médio Oriente, política e militarmente há mudanças. No Egipto, a Irmandade Muçulmana, os militares e as oposições negociam uma nova ordem constitucional. Na Palestina o Hamas é cada mais influente que o Fatah. Na Jordânia, a monarquia hachemita está a ser cada vez mais pressionada pela oposição religiosa. Na Síria a queda do clã Assad é uma questão de tempo e a sua queda, será importante a nível interno e regional. A Síria faz fronteira com Israel, Turquia, Líbano, Iraque e a Jordânia e envolve interesses de países como o Irão, Arábia Saudita, Qatar, EUA, Rússia e China.
O Irão voltará a estar na ordem do dia, porque ambiciona ter um papel importante no Golfo Pérsico e no Médio Oriente e ambiciona ter armas nucleares. As sanções a que o país tem sido sujeito, têm tido impacto na economia iraniana: desemprego, inflação, desvalorização do rial, mas mesmo assim, o Irão não parece abdicar das suas ambições e vai obrigar a administração Obama a forçar os seus trabalhos diplomáticos.
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Política
ortodoxa dá forte freio no crescimento
De acordo com o professor e economista mineiro Fabrício de Oliveira, a origem da crise europeia está no Tratado de Maastricht, de 1992, que amarrou o crescimento econômico da União Europeia ao estabelecer regras no campo fiscal, como limites de endividamento e de déficit público dos estados-membros. Além disso, a política monetária europeia contribuiu para frear o desenvolvimento, porque ela é extremamente ortodoxa, ao fixar uma taxa limite de inflação. Ele observa que se fizermos uma avaliação sobre a situação econômica da União Europeia pós-92, veremos que apenas em um ano a Zona do Euro conseguiu ter um crescimento um pouco acima do da média mundial.
“Portanto, esse é um tratado de estagnação. Sem crescimento econômico. Assim, fica difícil sustentar um estado de bem-estar social e corrigir eventuais desequilíbrios”. O professor Fabrício faz questão de salientar que o crescimento econômico europeu vai continuar muito baixo nos próximos anos. Para ele, a situação não tende a se resolver, porque os buracos fiscais são muito grandes.
“Os
governos estão falidos e, dentro da concepção da economia, um governo falido,
com um enorme montante de dívida ou vai ter que dar o calote (que é um problema
grave) ou vai tirar dinheiro dos contribuintes”.
“Portanto
pelo que vemos as perspectivas são péssimas para os próximos anos já que o
horizonte de médio e longo prazo para planejar investimentos foi perdido, tanto
assim que a aversão ao risco se fortalece bastante”.
Seguindo o pensamento do economista
Fabrício de Oliveira, vemos que alguns dos países emergentes ainda estão
conseguindo segurar algum crescimento da economia mundial, sendo os principais
responsáveis pela projeção de crescimento de 3%, neste ano de 2013 –, mas com
suas taxas declinantes, também começam a sofrer economicamente.
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