UM ARTISTA ARGENTINO QUE FEZ DA BAHIA SUA
PÁTRIA
Nascido
em 7 de fevereiro de 1911, na pequena cidade de Lanús, subúrbio de Buenos
Aires, o artista, pintor, escultor, pesquisador e historiador Hector Julio
Páride Bernabó, mais conhecido como Carybé, veio morar no Brasil em 1919, onde
completou os estudos secundários no Rio de Janeiro e estudou na Escola Nacional
de Belas Artes.
Até meados dos anos 1940, Carybé viveu em
vários países, mas sempre retornando ao Brasil. Neste período, trabalhou como
ilustrador de obras literárias e traduziu o livro Macunaíma, de Mário de Andrade, para o espanhol. Em 1943, fez sua
primeira exposição individual e ilustrou o livro "Macumba, Relatos de la Tierra Verde", de Bernardo
Kordan. Em 1950 foi morar definitivamente em Salvador, na Bahia, onde, através
de uma carta de recomendação do escritor Rubem Braga, foi contratado para fazer
murais em prédios e obras públicas.
Durante os quase 50 anos em que viveu na
Bahia, Carybé desenvolveu profunda relação com a cultura e com os artistas de
Salvador. As manifestações culturais locais, como o candomblé, a capoeira e o
samba de roda, passaram a marcar a sua obra. Em virtude de seus trabalhos
voltados para a cultura afro-brasileira, enfocando seus ritos e orixás, ele
conquistou um importante título de honra do Candomblé, o obá de Xangô.
Frequentador do terreiro de candomblé Ilê
Axé Opô Afonjá, Carybé morreu aos 86 anos, no dia 1° de outubro de 1997, em
Salvador, durante uma cerimônia no próprio terreiro. O artista deixou como
legado mais de cinco mil trabalhos, entre pinturas, desenhos, esculturas e
esboços.
“Um
elemento principal na pintura de Carybé é o movimento, o ritmo, a surpresa, que
ele quer que conviva com uma exigência do seu espírito: a do nada deixado por
fazer, a do nada ambíguo, pouco reconhecível, da definição do pormenor, como a
unir a serenidade da obra clássica à multiplicidade de sugestões e o
descompromisso do esboço” (FURRER, Bruno. Carybé. Salvador: Fundação Emílio
Odebrecht, 1989).
Carybé fez desenhos em inúmeras obras de
Jorge Amado, além de ilustrar trabalhos para livros de outros autores de grande
expressão, como Mário de Andrade, Gabriel García Márquez e Pierre Verger. O
artista também escreveu livros como "Olha
o Boi" e foi co-autor da obra "Bahia, Boa Terra Bahia", com Jorge Amado. Em 1981, após 30
anos de pesquisa, publicou a Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia.
(Texto de Rafael
Rocha)
Nenhum comentário:
Postar um comentário