quarta-feira, 12 de junho de 2019

HUMANITAS Nº 84 - JUNHO 2019 - PÁGINA 4

A migração humana na História
Especial do Humanitas

A migração faz parte da história da humanidade. A maior parte dos historiadores concorda que o estilo de vida migratório e o sedentário coexistiram em todos os períodos da história mundial, apesar das fundações legais e administrativas da migração moderna somente terem surgido no final do século XIX.
Mas o que vem a ser migração?
É o movimento de uma pessoa ou de inúmeras pessoas de um país para outro através de uma fronteira política ou administrativa, que deseja se instalar definitiva ou temporariamente em um lugar diferente de seu lugar de origem.
Portanto, migração é um termo amplamente utilizado para diferentes situações e períodos históricos.
Os historiadores conjeturam, por exemplo, que algumas migrações ocorreram na pré-história, no período anterior à escrita, graças às mudanças climáticas.
Porém, naquela época, não existiam países, fronteiras ou controles administrativos como existem dos dias de hoje. Assim entendido, não podemos encaixar esse tipo de migração em uma definição de migração moderna.
Nos dias atuais, as guerras, a insegurança na terra de origem, perseguição política e/ou religiosa, insatisfação com o governo de seu país, esperança de encontrar melhores condições de vida em outro local, são alguns dos fatores que provocam a migração de pessoas.
Existiu ainda um tipo de migração forçada, como a do tráfico de escravos, que eram trazidos principalmente da África, para trabalhar nas Américas.
Com a abolição da escravatura na maior parte das Américas no século XIX, começou outro tipo de migração, também relacionado ao trabalho, mas desta vez voluntária.
Grande parte dos migrantes trabalhadores era originária de regiões menos favorecidas da Europa, como a migração de italianos e alemães para o Brasil.
 Estes, apesar de serem contratados para trabalhar, não recebiam condições favoráveis e o trabalho deles era muitas vezes análogo à escravidão.
A Revolução Industrial foi uma das principais causas da migração moderna.
As novas tecnologias e máquinas fizeram com que muitas pessoas, principalmente nos países mais desenvolvidos, ficassem desempregadas.
Assim, ocorreram migrações em massa para o “novo mundo”, com destaque para os EUA.
Essa nova onda migratória fez com que os países passassem a se preocupar com a regulação da entrada dos imigrantes.
Um dos primeiros a estabelecer critérios para a entrada no país foi os EUA, com o Estatuto Geral da Imigração, em 1882.
A Austrália e o Canadá logo seguiram seus passos.
O período durante e após a Segunda Guerra Mundial é lembrado como uma época de muitas migrações.
Devido às perseguições que atingiram diversos grupos étnicos, o número de refugiados em outros países cresceu. Países como os EUA, Canadá, Austrália e Argentina, tomaram medidas para incentivar o fluxo imigratório para seus países, absorvendo força de trabalho e aproveitando o “boom” econômico pós-guerra.
O número de pessoas que vive em um país diferente daquele em que nasceram se mantém relativamente constante nos últimos anos, em cerca de 3% da população mundial.
As estatísticas da ONU revelam que, em 2015, o número de migrantes internacionais chegou a 244 milhões de pessoas, dos quais 20 milhões eram refugiados.
A Ásia e a Europa comportam dois terços dos migrantes internacionais, sendo que quase metade desses migrantes é originária da Ásia. Problemas econômicos em seus países de origem, conflitos bélicos, especialmente no Oriente Médio, são os fatores preponderantes para o aumento no número de pedidos de refúgio e asilo.


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