quarta-feira, 12 de junho de 2019

HUMANITAS Nº 84 - JUNHO 2019 - PÁGINA 8

Rafael Rocha é jornalista e editor-geral deste Humanitas. Atua no Recife/PE

João Guimarães Rosa mineiro nascido em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo/MG, e falecido em 19 de novembro de 1967, no Rio de Janeiro/RJ, foi um escritor, diplomata, novelista, romancista, contista e médico brasileiro, considerado por muitos o maior escritor brasileiro do século XX e um dos maiores de todos os tempos. Ele fez parte da terceira geração do modernismo, com fortes características regionalistas.
Sua linguagem como escritor é carregada de regionalismos, sendo que seus textos são bastantes influenciados pela linguagem popular. Ele chegava a inventar palavras. Para Rosa, a linguagem deveria estar relacionada à temática, para permitir que uma deixasse a outra melhor. Toda sua escrita foi marcada pela experimentação, buscando a recriação da linguagem, colocando o falar popular e a vida no sertão em primeiro plano.
Quando era estudante de medicina em Belo Horizonte, Guimarães Rosa disse, na época, a famosa frase: “As pessoas não morrem, ficam encantadas”. Exerceu a profissão de médico na cidade mineira de Itaguara. Mas a dificuldade do trabalho, principalmente pela falta de estrutura da cidade, fez com que ele largasse o posto de médico.
A carreira de médico, porém, foi muito importante na sua literatura. Como ia visitar os pacientes a cavalo, passou a observar os costumes do povo, a terra e o cotidiano, começando a escrever e registrar a linguagem popular.
Rosa escreveu seus primeiros contos no ano de 1929 para um concurso literário.
Premiado pelas obras, teve quatro contos publicados com ilustrações na revista O Cruzeiro e ainda ganhou um valor financeiro de cem contos de réis, nossa moeda na época.
No ano de 1933, atua como oficial médico do 9º Batalhão de Infantaria, em Barbacena/MG.
Como o trabalho não era tão exigente quanto o anterior, em Itaguara, o escritor pôde assim se dedicar às letras. 
Rosa também foi um diplomata. Atuou como cônsul adjunto na Europa, inclusive na Alemanha, na cidade de Hamburgo.
No período que passou nessa cidade, colaborou com a fuga de judeus.
Por esse motivo, terminou sendo - após o fim da guerra - homenageado em Israel.
No ano de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, quando Getúlio Vargas, o então presidente do Brasil, cortou relações com a Alemanha, o escritor e outros brasileiros ficaram retidos nesse país durante quatro meses.
A libertação só aconteceu quando foi realizada uma troca por diplomatas alemães.
Voltando ao Brasil é nomeado secretário da Embaixada em Bogotá, Colômbia.
A seguir, teve uma passagem por Paris, na França, também a serviço do governo.
Guimarães era um profundo estudioso de línguas. Falava fluentemente oito idiomas e conhecia a gramática de dezenas de outros. Toda essa erudição aliada à inventividade resultou em novas palavras: os neologismos. Foi o escritor brasileiro que mais cunhou palavras novas para o português na sua literatura.
Os problemas de saúde que levaram o escritor à morte começaram em 1958. Com hábitos pouco saudáveis, Rosa era sedentário, fumava demais e estava com excesso de peso, o risco de doenças cardíacas era grande.
Um dos livros que colocaram João Guimarães Rosa no rol de grandes escritores brasileiros foi “Grande Sertão: Veredas”. Ele ainda ganhou o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), pelo conjunto da obra.
Também foi premiado pela sua coletânea de poemas denominada Magma.
Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963, só resolveu tomar posse quatro anos depois, ocupando a cadeira de número 2 por apenas três dias, já que faleceu logo em seguida.
No discurso de posse, chegou a dizer: “A gente morre para provar que viveu”.
..........................
Principais obras:

1936 – Magma; 1946 – Sagarana; 1952 - Com o vaqueiro Mariano; 1956 - Corpo de Baile: Noites do Sertão; 1956 - Grande Sertão: Veredas; 1962 - Primeiras Estórias; 1964 - Campo Geral; 1967 - Tutameia: Terceiras Estórias; 1969 - Estas Estórias (póstumo); 1970 - Ave, Palavra (póstumo); 2011 - Antes das Primeiras Estórias (póstumo)
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário