EDITORIAL
Continuidade da luta
Setembro abre suas portas e este Humanitas
entra no primeiro mês do seu oitavo ano de existência.
A luta em favor das causas humanas continua
em voga nas páginas desta publicação, ainda que agora não exista mais o jornal
impresso.
Neste setembro buscamos armas novas para
fortalecer a nossa luta a favor do homem como animal artístico, cultural, e,
também, para mostrá-lo em sua verdade nua e crua: animal predador e amante da
violência e das guerras de conquista.
Essa é a raça humana. Uma raça cheia de incoerências.
Uma raça que acredita em um deus, cujos representantes dizem amar o próximo lá
de dentro do coração, porém, ao mesmo tempo, estupram essa ideia, utilizando as
mais variadas armas de extermínio, de homofobia, de perseguição, discriminação
e preconceitos.
O leitor continuará a ver neste Humanitas
temas os mais variados. Desde assuntos históricos e culturais, até poesias de
poetas famosos ou não, do Brasil e do Mundo.
Nossos articulistas poderão ser criticados,
mas nunca censurados. As ideias que eles propagam em seus escritos estão
inseridas dentro de nossa linha editorial de apoio ao laicismo, à liberdade de
pensamento e contra os extremistas amantes da violência e do fascismo.
Assim, neste setembro, entramos revigorados
para viver mais um ano junto aos nossos leitores – agora virtualmente – com a
certeza de que estamos no caminho certo, mas também com a honestidade para
reconhecer erros que possamos cometer durante esse período.
Que juntos – leitores e articulistas –
coloquemos o homem dentro de sua evidência comum sempre a seguir o lema "nada
acima do ser humano e nenhum ser humano abaixo de outro".
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O TRISTE APEGO À RELIGIÃO
Colaboração de Décio Schroeter - Porto
Alegre/RS
Na maior parte dos casos,
os homens só se apegam à religião por hábito.
Eles jamais examinam as
razões pelas quais adotaram sua religião, nem os motivos da sua conduta, nem os
fundamentos das suas opiniões.
Desde modo, a coisa que
eles consideram mais importante tem sido sempre aquilo que eles mais temem
aprofundar.
Eles seguem o caminho que
seus pais traçaram para eles.
Eles creem, porque na
infância lhes disseram que é necessário crer.
Eles têm esperança,
porque seus ancestrais tiveram esperança.
Eles temem, porque os
seus antecessores temeram.
Eles quase nunca se
dignam a dar-se conta dos motivos da sua crença.
É assim que as opiniões
religiosas, uma vez adotadas, se mantêm durante uma longa sequência de séculos.
É assim que, era após
era, os povos retransmitem ideias que jamais foram examinadas.
Eles creem que a
felicidade está ligada a instituições que, se forem examinadas mais de perto,
se revelarão como a fonte da maior parte dos seus males. A autoridade ainda vem
em ajuda dos preconceitos dos homens; ela lhes impede de fazer o exame; ela os
força à ignorância; ela está sempre disposta a punir todo aquele que tentar
rejeitar a ilusão.
Nós encontramos em todos
os séculos homens que, livres dos preconceitos, ousaram mostrar a verdade.
Mas o que pode a sua voz
fraca contra os erros que são absorvidos desde a primeira infância, confirmados
pelo hábito, autorizados pelo exemplo, e fortalecidos por uma política que é
frequentemente cúmplice da sua própria ruína?
As vozes da impostura reduzem logo ao silêncio aqueles
que querem protestar em nome da razão (da obra “Le Christianisme Dévoilé” (1761) - Paul-Henri Thiry, o Barão
d’Holbach).
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