quinta-feira, 27 de outubro de 2016

HUMANITAS Nº 53 – NOVEMBRO DE 2016 – PÁGINA 4

Apego x apreço
Especial para o Humanitas
Texto de Sérgio Alves. Professor de Matemática. Leciona e mora na cidade do Recife/PE

Paciência e humildade. Toda vez que estivermos ávidos por respostas, devemos lembrar ou praticar o exercício da paciência e da humildade. O que sabemos é suficiente?
Ultimamente temos percebido que a ilusão do consumismo exagerado está a todo vapor.
Poucas pessoas se contentam com o material recebido durante o curto prazo de tempo que é a vida, raríssimas pessoas pedem somente o carro ou a casa.
Diante dessa afirmação, estaremos crescendo espiritualmente?  Qual a diferença entre o apego e o apreço?
Segundo alguns dicionários, o apreço é assim definido: “... valor em que é tida alguma coisa – consideração e estima dispensadas a alguém – afeto – admiração – coleguismo...”
 Como primeira definição, notemos que o apreço está atrelado, vinculado a um valor, a uma medida. Como segunda definição, notemos que o apreço está vinculado à consideração e estima a alguém ou até mesmo um “coleguismo”.
Podemos então ter apreço pelo vizinho, podemos lhe atribuir um valor?
Tal procedimento é humano? Estamos enxergando o ser em toda sua plenitude?
Já quanto ao apego, os dicionários foram mais felizes nas definições: “...um sentimento de simpatia – de bem querer que alguém tem do outro alguém – sentimento de simpatia profunda – ato de unir-se...”.
O apego, acreditamos, faz limite com o sentimento mais purificado e humano que existe: o amor.
Estamos exercitando o amor ao próximo?
Estamos tentando entender a dor do próximo? Poucas pessoas, poucas mesmo.
Porém, devemos nos apegar à vida ou ter apreço pela vida? O que importa ao espírito, se ao infinito ele pertence?
Datas, fases, épocas todas pertencem ao infinito. Apegamo-nos ao tempo, às datas, às épocas e todo esse apego nos deixa estáticos espiritualmente.
O escritor, Leonardo Rásica, autor do livro: “Sinais da Espiritualidade”, nos contempla com uma belíssima reflexão e explicação quanto ao apego à vida ou ao seu apreço.
“Nossa vida está contida em uma época e, como esta, também passa, é fugaz. Nem à própria vida devemos nos apegar...apreço sim, apego não...”. “O apreço nos permite apreciar (admirar) a vida. Já o apego nos impede de apreciá-la”.
E continua: “...o apego cria o medo fútil e irracional diante do inevitável: o ciclo da vida. Nada lhe satisfaz, tornando-se mesquinho, desconfiado, individualista”.
Quem tem o apego à vida como algo infindável, não oferece espaço ao amadurecimento. É escravo do consumismo exagerado. É um eterno insaciável. Está sempre ávido para o consumo, para a matéria.
Apego à própria vida não, apreço sim. Devemos escolher evoluir. Quando na busca por respostas, o exercício pela paciência e pela humildade é o caminho.
O exercício da resiliência no nosso dia a dia deverá ser a tônica dessa sociedade doente. Valorizemos e busquemos experiências em nossa curta trajetória na terra. Apreciemos a vida e façamos o seu desapego.

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