Apego x apreço
Especial para o Humanitas
Texto de Sérgio Alves. Professor de
Matemática. Leciona e mora na cidade do Recife/PE
Paciência
e humildade. Toda vez que estivermos ávidos por respostas, devemos lembrar ou
praticar o exercício da paciência e da humildade. O que sabemos é suficiente?
Ultimamente
temos percebido que a ilusão do consumismo exagerado está a todo vapor.
Poucas
pessoas se contentam com o material recebido durante o curto prazo de tempo que
é a vida, raríssimas pessoas pedem somente o carro ou a casa.
Diante
dessa afirmação, estaremos crescendo espiritualmente? Qual a diferença
entre o apego e o apreço?
Segundo
alguns dicionários, o apreço é assim definido: “... valor em que é tida alguma coisa – consideração e estima
dispensadas a alguém – afeto – admiração – coleguismo...”
Como primeira definição, notemos que o apreço
está atrelado, vinculado a um valor, a uma medida. Como segunda definição,
notemos que o apreço está vinculado à consideração e estima a alguém ou
até mesmo um “coleguismo”.
Podemos
então ter apreço pelo vizinho, podemos lhe atribuir um valor?
Tal
procedimento é humano? Estamos enxergando o ser em toda sua plenitude?
Já
quanto ao apego, os dicionários foram mais felizes nas definições: “...um sentimento de simpatia – de bem
querer que alguém tem do outro alguém – sentimento de simpatia profunda – ato
de unir-se...”.
O
apego, acreditamos, faz limite com o sentimento mais purificado e humano que
existe: o amor.
Estamos
exercitando o amor ao próximo?
Estamos
tentando entender a dor do próximo? Poucas pessoas, poucas mesmo.
Porém,
devemos nos apegar à vida ou ter apreço pela vida? O que importa ao espírito,
se ao infinito ele pertence?
Datas,
fases, épocas todas pertencem ao infinito. Apegamo-nos ao tempo, às datas, às
épocas e todo esse apego nos deixa estáticos espiritualmente.
O
escritor, Leonardo Rásica, autor do livro: “Sinais da Espiritualidade”, nos contempla com uma belíssima
reflexão e explicação quanto ao apego à vida ou ao seu apreço.
“Nossa vida está contida em uma época e,
como esta, também passa, é fugaz. Nem à própria vida devemos nos
apegar...apreço sim, apego não...”. “O apreço nos permite apreciar (admirar) a
vida. Já o apego nos impede de apreciá-la”.
E
continua: “...o apego cria o medo fútil e
irracional diante do inevitável: o ciclo da vida. Nada lhe satisfaz,
tornando-se mesquinho, desconfiado, individualista”.
Quem
tem o apego à vida como algo infindável, não oferece espaço ao amadurecimento.
É escravo do consumismo exagerado. É um eterno insaciável. Está sempre ávido
para o consumo, para a matéria.
Apego
à própria vida não, apreço sim. Devemos escolher evoluir. Quando na busca por
respostas, o exercício pela paciência e pela humildade é o caminho.
O
exercício da resiliência no nosso dia a dia deverá ser a tônica dessa sociedade
doente. Valorizemos e busquemos experiências em nossa curta trajetória na
terra. Apreciemos a vida e façamos o seu desapego.
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