terça-feira, 27 de maio de 2014

Contos, causos e outras histórias

A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL 
Texto de Jorge Oliveira de Almeida – Rio de Janeiro/RJ
Especial para o HUMANITAS
Virgil Georghiu em seu romance "A vigésima quinta hora" vislumbra a eclosão de uma terceira guerra mundial. Quem não teve a oportunidade de lê-lo poderá assistir ao filme com o mesmo nome, que teve como protagonista principal o ator Anthony Quinn.
Naquela obra havia só a conjectura, naturalmente. Entretanto, nuvens escuras estão a ofuscar o nosso firmamento. A Segunda Guerra Mundial teve início com a anexação pela Alemanha de uma região da Polônia onde a população era alemã e fora separada de seu país por determinação do Tratado de Versalhes, que determinou a divisão territorial levada a efeito pelos vencedores após a Primeira Guerra Mundial.
O mundo assistiu embasbacado àquela anexação e implicitamente concordou com ela, não só porque admitiu ter sido a Alemanha punida muito severamente, inclusive com pesadas somas em dinheiro, mas também porque entendeu que tal fato correspondia aos anseios tanto da população da Alemanha quanto daquela região da Polônia. Essa região ficava incrustada no interior do país e os cidadãos para se deslocarem dali até a Alemanha faziam-no sob violência, o que deu origem à expressão: "corredor polonês". Por outro lado, a Europa já sofrera com a Primeira Guerra poucos anos antes e não estava desejosa de participar de nova aventura. Entretanto, Hitler não se contentou apenas com anexar aqui e ali, mas pretendeu dominar o mundo. Deu no que deu!
Hoje situação similar está a ocorrer na Ucrânia. Inicialmente a Criméia, região da antiga URSS que foi doada (sem aspas) por Krushev à Ucrânia (que fazia parte do império soviético) por motivos que atendiam às necessidades do momento, viu a sua população (a grande maioria de origem russa) insurgir-se contra o poder central por estar sendo discriminada, tendo-lhe sido inclusive proibido falar em sua língua natal. Realizada com êxito a anexação com pouco sangue derramado, outras regiões nas mesmas circunstâncias se apressaram a seguir o exemplo. É muito difícil estabelecer quem está certo e quem está errado. Aqui vale mais aquele ditado: "quem pode, manda; quem não pode, obedece!".
As populações de origem russa na Ucrânia possuem uma cultura eslava, de origem grega, que procuram preservar, contrariamente ao poder central que destituiu o antigo presidente, que era pró-Rússia, e está a bandear-se para o Ocidente, que está naturalmente por demais desejoso de abrir as suas portas, até mesmo para que aquelas regiões possam servir de porteiras de entrada em direção ao grande gigante russo, assentando os seus foguetes em direção àquele grande país, como sempre fizeram e estão desejosos de continuar a fazê-lo.
Dirigentes europeus estão a levantar a questão (aliás, bastante pertinente, porque quem foi escaldado tem medo de água fria) de o presidente Putin estar a dar os mesmos passos que Hitler. Entretanto, ninguém sabe quais são os propósitos desse presidente que está-se mostrando pouco confiável para os moldes ocidentais. Está agora o Ocidente a concluir que aquele presidente não é a "vaquinha de presépio" que eles julgaram ser e está a defender os interesses de seu país, contrariamente ao que desejariam.
Mas, afinal, quem foi ou quem é Putin? Ao final do regime comunista ele era o chefe da KGB, a polícia secreta soviética, e naturalmente para ocupar tão alto posto, o mínimo que se poderia exigir é que fosse comunista por convicção. Com a derrocada do regime e com o apoio da Máfia russa foi eleito e reeleito presidente. Querem as nações ocidentais que ele reze segundo os ditames dessas nações, mas isso nunca mais será possível. Com as restrições econômicas impostas à Rússia, esta se apressou a concluir um tratado com a China que já vinha sendo elaborado há algum tempo, no sentido de vender para aquele país o seu petróleo e o seu gás, que precisa passar pela Ucrânia para chegar à Europa, e estava sendo ultimamente objeto de boicote. A Rússia já aumentou o preço desses produtos que são vendidos para a Ucrânia, porque anteriormente essas nações se consideravam irmãs e havia, portanto, uma certa boa vontade que agora deixou de existir.
Cada dia que passa os movimentos rebeldes na Ucrânia aumentam e cada dia está a morrer mais gente nessa disputa. Naturalmente esta nação utilizará o seu poder de força (e já começou a fazê-lo) para tentar aniquilar os rebeldes, mas seria muita inocência imaginarmos que Putin não dará o seu apoio àqueles movimentos. Como ex-chefe do serviço secreto, conhece muito bem as artimanhas do poder naquela região e tem o interesse de ajudar os seus compatriotas.
Será que Putin está desejoso de conquistar o mundo? Não parece razoável, mesmo porque ele sabe muito bem que depois de uma terceira guerra mundial as próximas armas voltarão a ser o arco e a flecha - se houver quem possa empunhá-las!
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O INVENTOR DA FALA, O FABRICANTE DAS

LETRAS E O VENDEDOR DE PALAVRAS

Texto de Ricardo Tiné - Guaraí/TO

Nenhuma nação que almeje ser moderna, com responsabilidade e justiça para o seu povo, deve construir os alicerces de um futuro promissor sem assumir com coragem e honestidade intelectual o verdadeiro passado histórico que sustenta a identidade coletiva de suas próprias origens como povo soberano. Por isso precisamos compartilhar uma identidade lingüística e histórica que nos defina como uma nação independente. Conhecemos a nossa identidade etnológica, sabemos da nossa miscigenação, assim como sabemos da mistura de todos os outros povos do mundo; mas isso não nos exime do direito explícito de valorizarmos o que é praticado por brasileiros. E quando falamos do que é nosso, falamos da vontade de reconhecermos o que é praticado em nosso território, que supomos soberano. No Brasil, o termo “soberano” se apresenta aos políticos como antônimo de liberdade e autonomia lingüística em relação a Portugal.
Implantaram no consciente dos brasileiros que falar uma língua de origem genuinamente tupi (miscigenada como todas) é dizer-se índios, atrasados. Não é bem assim. A verdade é que é cada vez mais comum o uso do termo “brasileiro” para se referir ao nome do nosso idioma no mundo, quer seja em softwares, cursos ministrados em países estrangeiros ou mesmo em livros e dicionários, como é o caso do “Dizionario Italiano-Brasiliano” da autora italiana Antonella Annovazzi Vallardi. Então porque no Brasil certas pessoas insistem em chamar de “português” a nossa língua brasileira? Infelizmente os integrantes da academia brasileira de letras são em sua maioria de lusitanistas que preferem ver a língua de quase 200 milhões de brasileiros submissa à língua de aproximadamente 11 milhões de portugueses ao invés de cuidarem da nossa originalidade e independência vocabular e gráfica.
Portugal não conseguiu nem sequer uma palavra genuinamente portuguesa para denominar o seu país e o seu povo, pois “Portugal” é um nome híbrido derivado de “Portus” de origem latina(itália) e “Kálos” de origem grega que significa “belo”. Já o nosso velho idioma conseguiu nomear o nosso pais e o nosso povo, porém, com uma palavra composta por aglutinação, puramente de verbetes tupi: YMYRAPITÔ onde YMYRA significa madeira, e PITà significa cor de “BRASA”, vermelha.
Todos estão enxergando esta grande realidade da língua brasileira, menos, é claro, os políticos de nosso país. Leiam o trecho do artigo publicado pelo historiador português Vasco Pulido Valente no jornal português “Público” em 21/03/2008: 
“...A essência desta monstruosidade acabou por se perder numa discussão técnica da qual ninguém se interessa e nem consegue seguir.  A ortografia portuguesa e a ortografia brasileira são diferentes, porque a língua portuguesa e a língua brasileira são diferentes: na fonética, na sintaxe e na semântica. O brasileiro evoluiu e continua a evoluir de uma maneira e o português de outra”.

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