Texto de Sônia de Oliveira Rodrigues – Marabá/PA – Especial para o
HUMANITAS
O preconceito racial fortalece a humilhação e a exclusão social,
caracterizando de um modo geral o afastamento dos indivíduos no meio social em
que vivem. Pode estar relacionado a vários fatores sejam eles, políticos
econômicos, religiosos, entre outros. O preconceito racial é uma forma de
exclusão porque é bastante comum no mundo, porém, pode-se observar que no
Brasil, apesar deste ser um país com população em sua maioria negra ou afrodescendente,
o racismo é uma prática frequente, o que nos leva a pensar em qual seria o
verdadeiro motivo para tamanho preconceito.
Os antecedentes históricos provam que o negro sempre foi discriminado
em todos os aspectos. Não tinha, por exemplo, direito à escola e até a lei do
ventre livre ser decretada, não tinha direito nem sobre seus filhos, pois esses,
na hora do nascimento eram considerados propriedades dos senhores, como eram
chamadas as pessoas de pele branca que tinham condições financeiras de manter
sobre seu poder vários escravos. Quanto maior a quantidade de escravos maior
seria o prestígio dos brancos na sociedade. Tudo isso favorecia a exploração,
pois transformava a pessoa humana em mero objeto descartável, aumentando assim
a desilusão e o egoísmo.
Portanto, o preconceito racial torna as pessoas que contribuíram e ainda
contribuem para a construção de uma nação diversificada, em meros escravos
conformados com sua condição social, indignos de uma vivência satisfatória em
sociedade, pois os exploradores reservam para os marcados como escravos as
senzalas da vida, que hoje no século XXI são conhecidas como prisões ou cadeias,
que quando não aprisionam o corpo destroem a alma.
Segundo dados do IBGE 2010, o Brasil foi o último país do mundo a
abolir o trabalho escravo das pessoas de origem africana, isso em 1888, após
ter recebido, ao longo de mais de três séculos, cerca de 4 milhões de africanos
como escravos, como também a maior parte da população no país corresponde à
pessoa de cor negra resultante de um processo de miscigenação.
É preciso pensar sobre desigualdade e preconceito. Será que uma raça
inferior será capaz de construir o mundo e reinventar sua história em um
ambiente sem democracia racial?
A elite brasileira fez as leis que favoreciam o racismo, obrigando o
povo negro a viver sem terra e sem destino, sujeitando-o a trabalhar por
míseros centavos do norte ao sul do Brasil sem ter um lugar para chamar de seu,
pois as leis da propriedade diziam de forma clara e precisa: você não é
livre, porque não tem onde pousar a cabeça.
Mas, felizmente, ninguém prende um sonho e esse sonho cresceu e depois
de muitas lágrimas e sangue o negro foi reconhecido como sem terra. Apesar dos
danos causados esse povo negro brasileiro cativo não desapareceu do planeta,
apenas se esquivou e vive às margens da sociedade atual, esquecido e quase
nunca lembrado. Continua vivo na dança, na comida, na música, na cor e jeito de
viver, no nosso sistema imunológico, na nossa vontade de sermos verdadeiramente
livres, e até nas lembranças das histórias
contadas pelos nossos avós, enfim na diversidade cultural.
É muito importante destruir os preconceitos que se criaram ao longo dos
séculos, impedindo os brasileiros de conhecerem a verdadeira história negra. Até
hoje a desconhecemos por pura ignorância ou por não querermos saber.
O educador tem o dever de denunciar as desigualdades sociais que
favorecem o preconceito e a exclusão racial, desarticulando a farsa de uma
sociedade hipócrita. Os negros precisam se conscientizar que possuem história
própria, cheia de derrotas e vitórias, e que acima de tudo somos todos
descendentes dos primeiros povos que foram traficados e obrigados a morar aqui
e que mesmo contra a vontade construíram com resistência, sangue, suor e
lágrimas este país chamado Brasil.
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