terça-feira, 27 de maio de 2014

Preconceito, racismo e exclusão racial



Texto de Sônia de Oliveira Rodrigues – Marabá/PA – Especial para o HUMANITAS

O preconceito racial fortalece a humilhação e a exclusão social, caracterizando de um modo geral o afastamento dos indivíduos no meio social em que vivem. Pode estar relacionado a vários fatores sejam eles, políticos econômicos, religiosos, entre outros. O preconceito racial é uma forma de exclusão porque é bastante comum no mundo, porém, pode-se observar que no Brasil, apesar deste ser um país com população em sua maioria negra ou afrodescendente, o racismo é uma prática frequente, o que nos leva a pensar em qual seria o verdadeiro motivo para tamanho preconceito.
Os antecedentes históricos provam que o negro sempre foi discriminado em todos os aspectos. Não tinha, por exemplo, direito à escola e até a lei do ventre livre ser decretada, não tinha direito nem sobre seus filhos, pois esses, na hora do nascimento eram considerados propriedades dos senhores, como eram chamadas as pessoas de pele branca que tinham condições financeiras de manter sobre seu poder vários escravos. Quanto maior a quantidade de escravos maior seria o prestígio dos brancos na sociedade. Tudo isso favorecia a exploração, pois transformava a pessoa humana em mero objeto descartável, aumentando assim a desilusão e o egoísmo.
Portanto, o preconceito racial torna as pessoas que contribuíram e ainda contribuem para a construção de uma nação diversificada, em meros escravos conformados com sua condição social, indignos de uma vivência satisfatória em sociedade, pois os exploradores reservam para os marcados como escravos as senzalas da vida, que hoje no século XXI são conhecidas como prisões ou cadeias, que quando não aprisionam o corpo destroem a alma.
Segundo dados do IBGE 2010, o Brasil foi o último país do mundo a abolir o trabalho escravo das pessoas de origem africana, isso em 1888, após ter recebido, ao longo de mais de três séculos, cerca de 4 milhões de africanos como escravos, como também a maior parte da população no país corresponde à pessoa de cor negra resultante de um processo de miscigenação.
É preciso pensar sobre desigualdade e preconceito. Será que uma raça inferior será capaz de construir o mundo e reinventar sua história em um ambiente sem democracia racial?
A elite brasileira fez as leis que favoreciam o racismo, obrigando o povo negro a viver sem terra e sem destino, sujeitando-o a trabalhar por míseros centavos do norte ao sul do Brasil sem ter um lugar para chamar de seu, pois as leis da propriedade diziam de forma clara e precisa: você não é livre, porque não tem onde pousar a cabeça.
Mas, felizmente, ninguém prende um sonho e esse sonho cresceu e depois de muitas lágrimas e sangue o negro foi reconhecido como sem terra. Apesar dos danos causados esse povo negro brasileiro cativo não desapareceu do planeta, apenas se esquivou e vive às margens da sociedade atual, esquecido e quase nunca lembrado. Continua vivo na dança, na comida, na música, na cor e jeito de viver, no nosso sistema imunológico, na nossa vontade de sermos verdadeiramente livres, e até nas lembranças das histórias  contadas pelos nossos avós, enfim na diversidade cultural.
É muito importante destruir os preconceitos que se criaram ao longo dos séculos, impedindo os brasileiros de conhecerem a verdadeira história negra. Até hoje a desconhecemos por pura ignorância ou por não querermos saber.
O educador tem o dever de denunciar as desigualdades sociais que favorecem o preconceito e a exclusão racial, desarticulando a farsa de uma sociedade hipócrita. Os negros precisam se conscientizar que possuem história própria, cheia de derrotas e vitórias, e que acima de tudo somos todos descendentes dos primeiros povos que foram traficados e obrigados a morar aqui e que mesmo contra a vontade construíram com resistência, sangue, suor e lágrimas este país chamado Brasil.

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