EDITORIAL
A CRIATIVIDADE HUMANA NÃO É UM PRESENTE DIVINO
A CRIATIVIDADE HUMANA NÃO É UM PRESENTE DIVINO
O ser humano é o único animal racional do planeta Terra. O ser humano é o único animal que consegue superar seus instintos pela razão. Essa é uma conquista pela qual toda humanidade pode se orgulhar.
A capacidade humana de realizar
trabalhos e tarefas as mais diversas, as múltiplas inteligências e a
complexidade de criação humana são impressionantes. Tudo isso devemos à nossa
gradual evolução no planeta, mas essa conquista natural não é suficiente para
alguns.
Pelo medo da morte e buscando uma forma
de obter poder, homens e mulheres dotados do dom da oratória convenceram outros
homens e mulheres que o nosso potencial é um empréstimo divino e que devemos
pagar com gratidão eterna por esse “ganho”. Mais do que claro que o dinheiro é
indispensável para demonstrar gratidão a um deus e enriquecer os representantes
de tal deus.
A ideologia cristã ensina aos seus fiéis
que as vitórias humanas não fazem parte dos esforços humanos. Fazem parte da
intervenção divina. Para isso os representantes do deus cristão exortam e
obrigam os fiéis a constantes expressões de agradecimento que devem se tornar
um mantra entre eles.
O uso da frase “graças a deus” é a maior
expressão cristã de rebaixamento humano. Por essa frase, homem e mulher que a
citam são rebaixados a objetos e tornam-se ferramentas secundárias de suas
conquistas. Apesar de a frase parecer inofensiva, ela é uma ofensa ao potencial
criativo humano. Os cristãos além de se submeterem a fantasias divinas nessa
expressão acabam por detonar com a autoestima deles e das outras pessoas ao seu
redor.
Nada acontece por intervenção de um deus
ou por consequência de um destino predestinado. As conquistas humanas são méritos
de um bom trabalho humano. Nossa potencialidade criativa faz parte de nossa
potencialidade criativa. Não é um presente nem um empréstimo divino.
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CARTAS DOS LEITORES
CARTAS DOS LEITORES
El periódico HUMANITAS ha sido muy bien recibido en Barcelona. Brasileños que viven aquí alaban los creadores de este diario. Carmen Vásquez – Barcelona-Espanha
Recebo o HUMANITAS na Banca Guararapes no centro do Recife. Fico sempre aguardando ansiosamente a chegada mensal desta publicação na banca. Ana Gardênia Silva – Recife/PE
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A EXISTÊNCIA PRECEDE A ESSÊNCIA
A EXISTÊNCIA PRECEDE A ESSÊNCIA
Jean-Paul
Sartre – Especial para o HUMANITAS
No século XVIII, para o ateísmo dos filósofos, suprime-se a noção de Deus, mas não a ideia de que a essência precede a existência. O homem possui uma natureza humana e essa natureza, que é o conceito humano, encontra-se em todos os homens, o que significa que cada homem é um exemplo particular de um conceito universal: o homem.
O existencialismo ateu, que eu
represento, é mais coerente. Declara ele que, se Deus não existe, há pelo menos
um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de
poder ser definido por qualquer conceito, e este ser é o homem ou, como diz
Heidegger, a realidade humana.
Que significará aqui o dizer-se que a
existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se
descobre, surge no mundo; e que só depois se define.
O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há um deus para concebê-la.
O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há um deus para concebê-la.
O homem é, não apenas como ele se
concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência,
como ele se deseja após este impulso para a existência. O homem primeiro
existe, ou seja, o homem, antes de mais nada, é o que se lança para um futuro,
e o que é consciente de se projetar no futuro.
Mas
se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por
aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo
homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua
existência. Portanto, o homem é responsável por todos os homens.
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