sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

HUMANITAS Nº 31 – JANEIRO/2015 – PÁGINA 7

A MANIPULAÇÃO DAS MASSAS PELA RELIGIÃO CRISTÃ

Vanessa Fagundes – Campinas/SP


De acordo com Karl Marx (ateu e idealizador de uma sociedade sem classes) a religião é uma ferramenta utilizada pelas classes dominantes para que as massas possam "aliviar" brevemente seu "sofrimento", pelo ato religioso de "experiência e emoção”.
Ele afirma ser do interesse das classes dominantes inculcarem nas massas a convicção religiosa de que seus atuais sofrimentos as levarão a uma "eventual felicidade".
Enquanto as massas acreditarem na religião nunca tentarão um esforço genuíno para compreender e superar a verdadeira fonte de seu sofrimento, que, na opinião do Marx é o sistema econômico capitalista.
Marx defendia que a religião seria utilizada para "controlar as pessoas" e que seria o "ópio do povo". Esta foi a razão para que os regimes comunistas no passado e no presente restringissem a liberdade religiosa e proibissem cultos religiosos.
Mas isso tem motivação! Basta ler a Rerum Novarum ((Das Coisas Novas) encíclica papal sobre a condição dos operários, elaborada pelo papa Leão XII e publicada em 15/05/1891:
“...a opinião enfim mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito. Por toda a parte, os espíritos estão apreensivos e numa ansiedade expectante, o que por si só basta para mostrar quantos e quão graves interesses estão em jogo”.
“...contra a natureza todos os esforços são vãos. Foi ela, que estabeleceu entre os homens diferenças multíplices e profundas; diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de força; diferenças necessárias, de onde nasce espontaneamente a desigualdade das condições”. 
“...Entre os deveres, eis os que dizem respeito ao pobre e ao operário: deve fornecer integral e fielmente todo o trabalho a que se comprometeu.”
“...deve fugir dos homens perversos que, nos seus discursos artificiosos, lhe sugerem esperanças exageradas e lhe fazem grandes promessas, as quais só conduzem a estéreis pesares e à ruína das fortunas."
“...Os costumes cristãos reduzem o desejo excessivo das riquezas e a sede dos prazeres... contentam-se enfim com uma vida e alimentação frugal, e suprem pela economia a modicidade do rendimento, longe desses vícios que consomem não só as pequenas, mas as grandes fortunas, e dissipam os maiores patrimônios”.
(A Igreja Católica manda defender os maiores patrimônios contra a ganância dos pobres!)
“....o trabalho tem uma tal fecundidade e tal eficácia, que se pode afirmar, sem receio de engano, que ele é a fonte única de onde procede a riqueza das nações”.
“A equidade manda, pois, que o Estado se preocupe com os trabalhadores, e proceda de modo que, de todos os bens que eles proporcionam à sociedade, lhes seja dada uma parte razoável, como habitação e vestuário, e que possam viver à custa de menos trabalho e privações.”
(Prover o básico para quem trabalha é muita caridade!)
“...O trabalho muito prolongado e pesado e uma retribuição mesquinha dão, não poucas vezes, aos operários ocasiões de greves”.
“É preciso que o Estado ponha cobro a esta desordem grave e frequente, porque as greves causam dano não só aos patrões e aos mesmos operários, mas também ao comércio e aos interesses comuns”.
(A religião através dessa encíclica defende interesses comuns? De quem?)
“...Certamente em nenhuma outra época se viu tão grande multiplicidade de associações de todo o gênero, principalmente associações operárias. Opinião confirmada por numerosos indícios, que elas são ordinariamente governadas por chefes ocultos, e que obedecem a uma palavra de ordem igualmente hostil ao nome cristão e à segurança das nações: que, depois de terem açambarcado todas as empresas, se há operários que recusam entrar em seu seio, elas fazem-lhe expiar a sua recusa pela miséria.”
Conclusão: o cristão e as igrejas cristãs querem uma sociedade em que o pobre aceite que deve continuar pobre para proteger o patrimônio do rico.
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Nota da autora - Devo ressaltar que não sou a favor do comunismo da forma como foi desenvolvido. É importante lembrar que o seu idealizador nunca chegou a descrever como seria a concretização do comunismo e, portanto, tudo que se chama de comunismo hoje é uma subversão dos ideais marxistas.

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