sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

HUMANITAS Nº 31 – JANEIRO/2015 – PÁGINA 8

A DERROCADA DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS NO NORDESTE
Pedro Rodrigues Arcanjo – Olinda/PE

A invasão holandesa em Pernambuco (1630) é fato de grande relevância na história do Nordeste brasileiro, pois forneceu uma herança sociocultural de grande porte deixada pelos flamengos logo após capitularem no dia 26 de janeiro de 1654.
Não se pode deixar de destacar que no domínio holandês, principalmente no governo do conde alemão João Maurício de Nassau, Pernambuco cresceu bastante, especialmente no âmbito da cidade do Recife, tanto em termos socioeconômicos como culturais.
Já foi dito e redito que tudo na História das Civilizações pode ficar resumido em temas ligados à economia ou à produção. Cabe muito bem dentro desse pensamento salientar que os comerciantes e produtores brasileiros conseguiram expulsar os holandeses porque começaram a perder dinheiro.
E não se deve esquecer que os substitutos de Maurício de Nassau não conseguiram reeditar o governo deste, ao rasgarem o testamento político do conde, começando a cobrar dos produtores de cana-de-açúcar do Recife e de Olinda as dívidas contraídas junto à Companhia das Índias Ocidentais.
Tal cobrança foi feita em um momento errado, quando o clima não ajudou muito na safra de cana, causando grandes prejuízos para os produtores.
Fora isso, vale ressaltar que no âmbito histórico o processo de expulsão dos holandeses do Nordeste é de grande importância.
A Insurreição Pernambucana é considerada pela corrente militar tradicional brasileira como o primeiro movimento patriótico do Brasil e contou com lutas bem violentas, como as duas batalhas dos Guararapes.
Os principais líderes que lutaram contra os holandeses foram o senhor de engenho João Fernandes Vieira; os soldados André Vidal de Negreiros e Antônio Dias Cardoso, hoje patrono do 1º Batalhão de Forças Especiais do Exército Brasileiro; o nativo Felipe Camarão, mais conhecido como Poti, que liderou diversas ações de guerrilha; e o negro Henrique Dias, que comandou diversos ex-escravos.
Os rebeldes pernambucanos acumularam vitórias como a do monte das Tabocas (1646) e as batalhas dos Guararapes (1648 e 1649). Incentivada por D. João IV, rei de Portugal principal interessado no fim do domínio flamengo a Insurreição teve inicio em 1645 e só terminou no dia 26 de janeiro de 1654, quando os holandeses se renderam, sendo expulsos do território brasileiro no dia seguinte.
Muitos historiadores dizem que o processo de expulsão dos holandeses foi a primeira manifestação de um espírito nacionalista no país, quando a palavra “pátria” foi pronunciada pela primeira vez no território brasileiro através do texto "Compromisso Imortal" assinado por 18 líderes em maio de 1645.
Também é emblemático assinalar que o Exército brasileiro adotou o dia 19 de abril, data da primeira Batalha dos Guararapes como o dia de seu aniversário.
Após a segunda Batalha dos Guararapes (1649), os holandeses foram derrotados e no dia 26 de janeiro de 1654, renderam-se na Campina do Taborda, deixando definitivamente o Nordeste brasileiro nessa data.
Ainda assim o definitivo tratado de paz só foi assinado no ano de 1661 após a armada holandesa cercar a cidade de Lisboa e ameaçar Portugal exigindo o pagamento de uma indenização pela perda dos territórios. Assim, a Holanda conseguiu receber cerca de 650 milhões de dólares (na moeda de hoje).

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