A DERROCADA DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS NO NORDESTE
Pedro Rodrigues Arcanjo – Olinda/PE
A invasão holandesa em Pernambuco (1630) é fato de grande relevância na
história do Nordeste brasileiro, pois forneceu uma herança sociocultural de
grande porte deixada pelos flamengos logo após capitularem no dia 26 de janeiro
de 1654.
Não
se pode deixar de destacar que no domínio holandês, principalmente no governo
do conde alemão João Maurício de Nassau, Pernambuco cresceu bastante, especialmente
no âmbito da cidade do Recife, tanto em termos socioeconômicos como culturais.
Já foi dito e redito que tudo na História das
Civilizações pode ficar resumido em temas ligados à economia ou à produção. Cabe
muito bem dentro desse pensamento salientar que os comerciantes e produtores
brasileiros conseguiram expulsar os holandeses porque começaram a perder
dinheiro.
E não se deve esquecer que os substitutos de Maurício
de Nassau não conseguiram reeditar o governo deste, ao rasgarem o testamento político do conde,
começando a cobrar dos produtores de cana-de-açúcar do Recife e de Olinda as
dívidas contraídas junto à Companhia das Índias Ocidentais.
Tal cobrança foi
feita em um momento errado, quando o clima não ajudou muito na safra de cana,
causando grandes prejuízos para os produtores.
Fora isso, vale
ressaltar que no âmbito histórico o processo de expulsão dos holandeses do
Nordeste é de grande importância.
A Insurreição Pernambucana é considerada pela corrente
militar tradicional brasileira como o primeiro movimento patriótico do Brasil e
contou com lutas bem violentas, como as duas batalhas dos Guararapes.
Os
principais líderes que lutaram contra os holandeses foram o senhor de engenho João Fernandes Vieira; os soldados
André Vidal de Negreiros e Antônio Dias Cardoso, hoje
patrono do 1º Batalhão de Forças Especiais do Exército Brasileiro; o nativo Felipe Camarão, mais conhecido
como Poti, que liderou diversas ações de guerrilha; e o negro Henrique Dias, que comandou
diversos ex-escravos.
Os
rebeldes pernambucanos acumularam vitórias como a do monte das Tabocas (1646) e
as batalhas dos Guararapes (1648 e 1649). Incentivada por D. João IV, rei de
Portugal principal interessado no fim do domínio flamengo a
Insurreição teve inicio em 1645 e só terminou no dia 26 de janeiro de 1654,
quando os holandeses se renderam, sendo expulsos do território brasileiro no
dia seguinte.
Muitos
historiadores dizem que o processo de expulsão dos holandeses foi a primeira
manifestação de um espírito nacionalista no país, quando a palavra “pátria” foi
pronunciada pela primeira vez no território brasileiro através do texto "Compromisso Imortal" assinado
por 18 líderes em maio de 1645.
Também
é emblemático assinalar que o Exército brasileiro adotou o dia 19 de abril,
data da primeira Batalha dos Guararapes
como o dia de seu aniversário.
Após
a segunda Batalha dos Guararapes
(1649), os holandeses foram derrotados e no dia 26 de janeiro de 1654,
renderam-se na Campina do Taborda, deixando definitivamente o Nordeste
brasileiro nessa data.
Ainda assim o definitivo tratado de paz só foi
assinado no ano de 1661 após a armada holandesa cercar a cidade de Lisboa e
ameaçar Portugal exigindo o pagamento de uma indenização pela perda dos
territórios. Assim, a Holanda conseguiu receber cerca de 650 milhões de dólares
(na moeda de hoje).
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