sábado, 31 de janeiro de 2015

HUMANITAS Nº 32 - FEVEREIRO DE 2015 - PÁGINA 3

 REFÚGIO POÉTICO

Voltei, Recife

Lourenço da Fonseca Barbosa (Capiba)


Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo

Cadê "Toureiros"?
Cadê "Bola de Ouro"?
As "Pás", os "Lenhadores"
O "Bloco Batutas de São José"?
Quero sentir
A embriaguez do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé

*******

Frevo da Saudade

Nelson Ferreira


Quem tem saudade
não está sozinho
tem o carinho
da recordação
por isso quando estou mais isolado
estou bem acompanhado
com você no coração

Um sorriso,
um abraço e uma flor
tudo é você na imaginação
serpentina ou confete,
carnaval de amor
tudo é você no coração
você existe como
um anjo de bondade
e me acompanha nesse
frevo de saudade
*******
Recife, manhã de sol
J. Michiles

Vejo o Recife prateado
À luz da lua que surgiu
Há um poema aos namorados
No céu e nas águas dos rios
Um seresteiro, um violão
Anunciando o amanhecer
Um sino ao longe a badalar
Recife inteiro vai render
Ave Maria ao pé do altar
Bumba-meu-boi, Maracatu
Recife dos meus carnavais
Não vejo mais sinhá mocinha
À luz de um lampião de gás
És primavera dos amores
Do horizonte és arrebol
Vai madrugada serena
Traz delirante poema
Recife manhã de sol
*******
TRIBUTO A CARLOS PENA FILHO

Carlos Souto Pena Filho nasceu em 17 de maio de 1929 no Recife-PE, onde faleceu em 11 de julho de 1960. Filho de Laurindo e Carlos Souto Pena (portugueses) fez seu curso primário em Portugal e o secundário no Colégio Nóbrega, Recife, concluindo nesta cidade seu curso universitário, formando-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, em frente a qual se encontra o seu busto.
Estreou em livro no ano de 1952 com o volume O Tempo da Busca (Edições Região) seguindo-se Memórias do Boi Serapião (Gráfico Amador – 1965 - Recife); A Vertigem Lúcida (Secretaria da Educação/PE - 1958) e Livro Geral (Rio de Janeiro - Livraria São José, 1958).  Morreu num acidente de automóvel aos 30 anos.  Carlos Pena Filho é muito pouco conhecido talvez devido à alta qualidade de sua criação poética.
De acordo com a crítica especializada, ele era dono de um lirismo envolvente. Um poeta de imagens plásticas nas quais se destacava um intenso gosto pela cor - em particular o azul e o verde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário