Um outro olhar para avanços políticos em
2018
Ana Leandro - colaboradora do Humanitas
- é escritora e jornalista. Atua em Belo Horizonte/MG
Vamos tomar um
rumo numa direção mais empírica e cidadã para que este não se torne um artigo
de linguagem muito tecnicista e cheia de dados fartamente divulgados na mídia,
com farto uso de expressões e jargões já intensamente repetidos.
Comecemos por
algo bem conhecido, ou pelo menos assim pensamos: Nós!
Será que nos
conhecemos mesmo? E se nos conhecemos porque será que nos enganamos tanto,
mesmo em relação a nós mesmos?!
Sim, eu sei que
acertamos muito: somos honestos, estudamos o quanto pudemos; e cumprimos com
nossas obrigações. Apenas às vezes não temos sorte, por causa de “outras
pessoas”. Ah! A culpa é do outro!
Um momento: “nós
também somos o outro; do outro!”
Falhamos inúmeras
vezes na forma de relacionamento com o próximo.
Erramos em relações familiares, tomando
atitudes agressivas no âmbito emocional ou físico, que deixam às vezes marcas
indeléveis.
A vida é
irredutivelmente um “bumerangue”. O
que atiramos nos retorna, de algum modo. É a Escola da Vida...
Começamos essa
conversa olhando-nos com coragem e de frente para nós mesmos.
Isto não é um
julgamento, portanto não se sinta apontado.
Leia em silêncio
e de si para si.
A partir do
momento que o comando de sua vida é seu, ‘só você” poderá resolver sobre
o caminho que essa vida seguirá.
Mesmo que lhe doa
promover mudanças interiores.
Essa de dizer
simplesmente que a culpa “é de todos” é uma boa desculpa para não nos
referirmos aos nossos próprios erros.
Imagine, pois, as
consequências de erros coletivos.
Estamos sempre a
nos horrorizar com o crescente abandono de crianças nas ruas; evasão da
educação; excesso de criminalidade; assassinatos individuais e em escala
crescente até coletivos.
Aqui chegamos à
questão do “olhar para uma nova política para 2018”.
Mas se falamos em
coletivo, falamos em “povo”.
E se falamos em “povo”
decidimos juntos como será a nossa nação!
E novamente
caímos na culpa do outro: “os candidatos nos enganam, mentem para a gente. Eles
se organizam em quadrilhas para nos enganar. Qualquer um que se eleger vai
roubar! O sistema permite”...
Ah! Enfim
chegamos a outro “motivo”!
O problema é dos
“sistemas”. Pelo menos já temos outro “pivô”.
Então afirmamos:
“os sistemas não mudam porque as pessoas que estão no poder não querem
perder esse poder”!
De fato, ficam lá
às vezes décadas, cometendo os mesmos erros. Mas quem colocou essas pessoas
lá?...
“Nós”...
Aliás, já se
disse que o ser humano é o único animal que tropeça mais de uma vez na mesma
pedra. Talvez os ditos “animais irracionais” tenham lido melhor o poema do
imortal Carlos Drummond: “havia uma pedra no caminho”.
Pois é: existem
pedras no caminho e elas continuarão lá.
Mas os ditos ”animais
irracionais” nelas não tropeçaram mais.
Como
nos diz o professor Ernani F. Leandro é preciso ”fazer de cada pessoa alguém comprometido com o cuidado da criação que
alerte a todos para que o futuro do planeta seja assumido” e
isto consta de uma das recomendações da Campanha da Fraternidade
2017 - Fraternidade: Biomas
Brasileiros e defesa da vida.
Tivemos
ao longo do ano de 2017 movimentos sociais que assumiram essa recomendação como
meta.
O
êxito alcançado nos anima a termos um olhar para avanços, no ano de 2018,
tais como alavancar a política de Segurança Alimentar e Nutricional com
suporte no indivíduo e na coletividade, “utilizando
conhecimentos adquiridos, habilidades e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sua
qualidade de vida e sua sustentabilidade" (definição de Educação
ambiental constante da Política Nacional de Educação Ambiental. Lei Federal nº
9.795/1999).
Num
aspecto generalista, podemos dizer que a nação mais errou do que acertou. Mas
precisamos admitir, que diante de tantos erros absurdos mantidos por séculos,
os acertos perderam projeção. Mas precisamos “nos unir” ao “outro”,
à comunidade, e conversar sobre a responsabilidade deste conjunto de olhar para
2018.
Conversar
não é se colocar “dono da verdade”, perdendo-se em defesas ou ataques
descontrolados.
Saber
expor um ponto de vista com sabedoria é admitir que o mesmo seja colocado numa
avaliação própria e coletiva.
Enfim, precisamos entender que abrir mão de lutar pelo
planejamento e exercício de uma ampla e total mudança no quadro político
brasileiro é simplesmente perder a noção de que somos “operadores” e não
“espectadores” da reconstrução nacional.
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