Especial do Humanitas
Mais conhecida por ser avó do escritor José
de Alencar, Bárbara deixou imagens marcantes para as novas gerações, por ser
revolucionária, política, e empreendedora.
Destacou-se em várias frentes e em todas há
um ponto comum: a entrada feminina em campos dedicados somente aos homens
durante o século XVIII, diz a pesquisadora Kelyane Silva de Sousa, em tese de
mestrado.
Sobre o legado da revolucionária, a pesquisadora salienta que “não era um papel secundário. Ela foi
articuladora e, inclusive, escrevia os discursos para filhos e tios falarem em
público”.
Bárbara ainda assumiu protagonismo na
Revolução Pernambucana (1817) e na Confederação do Equador (1824).
imeiro era padre,
político e jornalista, e foi o pai do romancista José de Alencar).
Bárbara mudou-se
para a vila do Crato, no Ceará, onde se estabeleceu e tornou-se matriarca de
uma família, numa época onde a vida da mulher era restrita a criar filhos e o
patriarcado se impunha de modo rigoroso.
Casou, aos 22
anos, com o comerciante português José Gonçalves dos Santos. Ela própria fez o
pedido de casamento. No Crato, em meados de 1815, criou em sua casa o núcleo do
movimento revolucionário que se organizava em Pernambuco.
De acordo com o
escritor Roberto Gaspar, autor do livro “Bárbara
de Alencar, a Guerreira do Brasil”, “Dona Bárbara sempre foi considerada a cabeça pensante. Ela tinha a
política nas veias e, na articulação, era a referência do grupo”.
Quando estourou a
Revolução Pernambucana, em 1817, ela, junto com seu filho José Martiniano,
durante a missa dominical, proclamou a república tal como se fizera no Recife.
As tropas da coroa
portuguesa foram enviadas para conter a revolta, prenderam todos, enviando-os a
pé até a cidade de Fortaleza sob o sol escaldante, num percurso de 600 km, cuja viagem durou um
mês.
Em 1821, Bárbara
foi libertada, mas não deixou de lado o sonho de ver o Brasil livre do domínio
português. Em 1824, o movimento revolucionário que aconteceu no Recife, a “Confederação
do Equador”, liderado por Frei Caneca, espalhou-se pelo Nordeste e
encontrou Bárbara e seus filhos prontos para a nova revolta. Dois de seus
filhos, Carlos de Alencar e Tristão Gonçalves morreram em combate.
O sobrenome
Alencar foi perseguido pelo poder constituído durante muitos anos após a
Confederação do Equador. Algumas pessoas com este sobrenome, mesmo sem
participação na vida política do país, acabaram virando mártires.
Conta-se que pelo
menos 13 parentes, por consanguinidade e afinidade, foram assassinados. Quando
seu filho José Martiniano foi eleito senador do Império, em 1832, o imperador
Dom Pedro II vetou seu nome. Mesmo já tendo sido ministro da Justiça, o
imperador temia o sangue revolucionário que corria nas veias da “Família Alencar”.
Bárbara de Alencar
foi a primeira revolucionária e primeira presa política da História do Brasil.
Hoje quando o feminismo avança no País, ela ainda não é reconhecida como
heroína da nossa História. Falecida em 18 de agosto de 1832, apenas no Ceará
seu nome é reconhecido e lembrado no imaginário popular.
O cantor Luiz
Gonzaga, também nascido em Exu, antes do início de seus shows pela região do
Cariri, gostava de saudar “Dona Bárbara de Alencar”. Em Fortaleza, a
partir de 11 de fevereiro de 2005, o Centro Cultural que leva seu nome agracia
três mulheres com a “Medalha Bárbara
de Alencar”, uma respeitável condecoração. O Centro Administrativo do
Governo do Ceará é batizado com seu nome. Uma estátua da heroína foi erguida na
Praça Medianeira, Fortaleza/CE.
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