Manual de americanalhice, ou seja, para ser
americano do Norte
Araken Vaz
Galvão é escritor e membro da Academia de Artes do Recôncavo. Mora em
Valença/BA
Primeira
Lição - Para ser americano
(dos Estados Unidos), o sujeito precisa – além de ter um bom plano, pois todo
americano (dos Estados Unidos) sempre o tem – nascer nos Estados Unidos e, para
tal, deve alertar os pais (e/ou a cegonha) – antecipadamente – para que tomem
as providências cabíveis.
Não pode
esquecer que nos Estados Unidos só se é americano da gema se for um WASP,
isso significa que o melhor lugar para se nascer são os estados da Pensilvânia
e de Massachussetts, as cidades de Filadélfia e Boston são consideradas o fino
do fino. Não sendo possível, deve nascer em qualquer uma das antigas 13 colônias
inglesas. Isso é importante.
O sul
(profundo) não conta, há muito “coloured”, e se você é
brasileiro, com a possibilidade de seus ancestrais terem (sempre têm) um pé na
senzala, é um perigo. O oeste, como você sabe é terra de “cowboys” (que
recentemente se descobriu que eram gays), ou seja, de gente rústica, o
que sempre é um ponto a menos, ainda que seja melhor do que nada. A Califórnia,
embora seja muito rica, caso você não tenha de berço o destino manifesto para
surfista, hippie ou gay ou lésbica, é um perigo; possui muitos orientais e...
hispânicos.
A única coisa
que você não pode é ser confundido com um hispânico. Melhor ser confundido com
um “dog”.
Nem pensar em
algum outro estado que tenha fronteira com o México, ali o perigo é maior e
você poderá ser chamado de “cucaracha”. Contudo, esses
estados são importantes como trampolins, pois servem para se entrar
clandestino, porém você não quer ser tal coisa, seu dream é ser gringo
puro sangue, com pedigree e tudo.
Há uma coisa
que você não pode esquecer, seja onde for o lugar onde você nascer (lá), é que
você tem que ser durão e provar isso a toda hora.
Agora, o
básico, o fundamental, o decisivo, o que jamais pode ser esquecido, é que os
americanos (dos Estados Unidos), ou seja, os estadunidenses, dividem-se em três
grandes grupos: os perdedores, 71%; os políticos, 5%; e os vencedores, 14% da
população, mais ou menos.
Os vencedores
são os Mellon, os Du Pont, os Ford, os Rockefeller, os Dillon, et caterva. Os
que ficaram ricos construindo impérios no fundo do quintal ou na garagem, do
tipo Bill Gates, são emergentes – igual que aqui – mas contam muito e muito
mais. Os políticos, são aqueles que, servindo aos vencedores, estão – lá, como
aqui – sempre por cima da carne seca.
Os perdedores,
os 71% da população, são a fortíssima classe média que ganha o suficiente para
pensar que é vencedora, e é justamente neste grupo social que você deve sonhar
ingressar.
Ah! Você fez as
contas e notou que a soma dá 90% da população e pergunta: “onde estão os 10% restantes?”
Estão na Máfia,
ou melhor, nas máfias, a italiana, a mais forte e numerosa; a judia; a
polonesa; a irlandesa; a negra; a russa, a mais nova, a alemã, e assim
sucessivamente. O que sobrar desses 10%, se sobrar, está nas prisões.
Com um plano
bem estruturado e tomadas essas elementares providências, você terá uma grande “surprise”.
Para ser um
autêntico WASP, o seu tetravô teria que ter ido para as colônias
inglesas da América do Norte no “Mayflower”, ou ali por volta de
1664, o mais tardar, um pouco antes de 1775, para ter tempo de participar do
primeiro “Independence Day”; mas se seu tetravô veio como degredado
para south American, então a coisa se complica e você já começou no
prejuízo (...), ainda que só um imbecil corra atrás de prejuízos... Porém se
uma pessoa deseja ingressar no “American way of life” só pode ser
um.
Aguardem a segunda lição. Enquanto isso, desejo a
todos um Feliz Ano Novo.
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