O holocausto
de Winston Churchill
Especial do
Humanitas
Os nazistas
de Hitler mataram cerca de 6 milhões de judeus. Stalin, na Rússia, matou entre
25 e 27 milhões de pessoas.
O
primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Spencer Churchill, um dos mais
venerados estadistas do século passado, também tem a sua cota de mortos,
com o assassinato pela fome de mais de 5 milhões de
seres humanos na Índia.
Num livro intitulado
“Churchill’s Secret War”, Madhusree Mukerjee, estudiosa que já
pertenceu ao conselho de editores da Scientific American, denuncia o
desvio de alimentos que Churchill fez de Bengala, região indiana empobrecida
pelas políticas segregacionistas da administração britânica.
Enquanto se
amontoavam os mortos nas ruas, Winston dizia para o secretário de Estado para a
Índia, Leopold Amery: “Odeio indianos” e a fome é culpa deles porque “se
reproduzem como coelhos”.
Tudo começou
quando o governo de Londres, por ordem do primeiro-ministro, requisitou todo o
arroz e outros demais alimentos em Bengala, na Índia, para levá-los para o
médio oriente e Egito, onde se posicionava o grosso das tropas britânicas que
naquela época tentavam duramente defender o canal de Suez dos exército italiano
e alemão.
Aqueles que
podiam se opor a essa ordem foram sumariamente silenciados.
Todas as
suas organizações políticas e sociais foram dissolvidas entre o verão e o
outono de 1942.
Mahatma
Gandhi e Jjawaharlal Nehru e todos os mais altos integrantes do partido do
congresso indiano que reclamavam a independência do seu país do domínio inglês,
incluindo os pacifistas, foram presos.
Como
resultado, houve uma série de protestos e rebeliões que acabaram por ser
esmagados com violência.
Em poucas
semanas os britânicos executaram 2.500 pessoas e fizeram prisioneiros a mais 66
mil.
Dezenas de
milhares de famílias morreram de fome dentro das suas casas.
Outras
pessoas preferiram ir para a rua e fraquejar na via pública à vista de todo o
mundo.
As aldeias e
cidades foram se enchendo de cadáveres putrefatos e sem recolher, o que
aumentava ainda mais os riscos de ocorrência de doenças tais como cólera, tifo
e disenteria, que se expandiram sem controle levando milhares de vidas.
Já se sabia
que Churchill não tinha em grande conta a vida humana. Apenas a três meses do
fim da II Guerra Mundial, quando a Alemanha já estava militarmente sem forças,
ele ordenou, com o auxílio norte-americano, o criminoso massacre aéreo de
Dresden, no qual pereceram 250 mil civis sob o efeito devastador das bombas de
fósforo.
A catástrofe
humanitária na Índia atingiu tal proporção que o próprio vice-rei da
Índia, o inglês Lord Wavell, considerou a atitude de Churchill como “negligente, hostil e desdenhosa”.
Em seu livro
War of Civilisations: India AD 1857
(Guerra de Civilizações: Índia 1857), e historiador Amaresh Misra diz que houve
um “holocausto não informado” pela
história, e que causou a morte de mais de 10 milhões de pessoas durante uma
década, com início em 1857.
A Grã-Bretanha era a superpotência mundial.
Fatos assim
obrigam a uma verdadeira revisão da historiografia oficial, que tem preservado
alguns dos abomináveis crimes cometidos durante a guerra. “Foi um holocausto onde milhões de pessoas simplesmente desapareceram”,
acrescenta o historiador. Para ele, do ponto de vista britânico, um holocausto
foi necessário, pois a Grã-Bretanha acreditava que a única maneira de ganhar
era assassinando populações inteiras em cidades e vilas.
“Foi simples e brutal. Os indianos que se meteram no
caminho foram assassinados, mas as proporções desses crimes ficaram mantidas em
segredo”, diz o escritor e historiador Amaresh Misra.
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