A CURIOSA HISTÓRIA DO MENOR MÊS DO ANO
Especial do Humanitas
Tudo
começou por volta do século 6 de antes da Era Comum, quando o rei Tarquínio
reformulou o calendário romano, adicionando mais dois meses, quando até então
eram apenas dez: janeiro e fevereiro.
Ele fez isso, pois o novo calendário passou
a se basear nas mudanças de fase da Lua, totalizando um ano de 355 dias.
Para facilitar a distribuição dos dias
entre os meses, fevereiro, na época o último mês do ano, acabou ficando com
apenas 28 dias.
Outros fatores contribuíram para que ele
ficasse menor, como o fato de cair no ápice do inverno romano.
“O
período de frio trazia muitas doenças, e fevereiro passou a ser considerado de
mau agouro. O próprio nome do mês faz uma alusão à palavra febre“, diz o
astrônomo Roberto Bockzo, do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP.
O nome fevereiro vem do latim februarius,
inspirado em Februo, deus da morte e
da purificação na mitologia etrusca.
Em 44 de antes da Era Comum, o imperador
Júlio César alterou o calendário de novo – agora tendo por base o ciclo solar
–, e o ano passou a contar com 365 dias, sendo que fevereiro ganhou mais um
dia, ficando com 29.
Mas a fartura durou pouco.
Mais tarde, César Augusto assumiu o poder
e, para homenageá-lo, o Senado romano rebatizou de agosto o oitavo mês do ano.
Só que agosto tinha 30 dias, e pegaria mal
o novo soberano ter seu mês com menos dias do que o de outro – Júlio César já
tinha um mês em sua honra, julho, com 31 dias.
Assim, decidiu-se que agosto teria 31 dias.
Para isso, tirou-se um dia do infeliz fevereiro, que voltou a ter somente 28,
ganhando um dia a mais apenas nos anos bissextos.
Já houve um dia 30 de fevereiro? Sim, mas
só na Suécia e na extinta União Soviética.
E aconteceu três vezes.
Uma na Suécia, graças a uma ideia que deu
errado, e as outras duas foram na União Soviética, devido a uma reforma
desastrada do calendário. Exceto esses casos específicos, que só valeram para
esses países, a data nunca mais se repetiu.
Desde a criação dos doze meses do ano, na
época do Império Romano, fevereiro sempre teve menos dias.
Isso ocorreu porque, durante alguns anos,
ele foi o último mês do calendário e, como os outros tinham uma quantidade já
definida de dias, sua duração era limitada ao tempo que faltava para terminar o
ano.
Quando migrou para ser o segundo mês do
calendário, manteve a curta duração.
Na Suécia aconteceu o seguinte: o ano
tropical (período de um ano baseado no ciclo das estações) tem 365,2422 dias.
Sabendo disso, os romanos criaram
um calendário em que, a cada três anos de 365 dias, temos um bissexto,
de 366, resultando na média de 365,25 dias por ano. Esse calendário foi chamado
de Juliano.
A diferença entre a média do calendário e a
duração do ano tropical parece insignificante, mas 1,5 mil anos depois, o mundo
já estava dez dias atrasado.
Em 1578, o papa Gregório XIII reajustou o
sistema, mudando a regra dos bissextos. Em 1582, ele tirou o atraso ao pular
do dia 4 para o dia 15 de outubro.
O novo calendário foi logo adotado pelos
países católicos. Já os protestantes só se adaptaram no século 18. A Suécia foi a
exceção: em vez de pular os dias de uma vez, o país decidiu deixar de
lado os dias extras dos anos bissextos de 1700 a 1740, tirando a
diferença de dez dias gradativamente.
Como planejado, a Suécia pulou o dia extra
de 1700. Mas, após entrar em uma guerra, deixou de pulá-lo em 1704 e 1708,
fazendo seu calendário ficar sem nenhuma lógica.
Para arrumar a bagunça, em 1712 eles
voltaram ao calendário juliano e adicionaram um dia (o 30 de fevereiro)
para compensar o perdido em 1700.
O caso da Rússia, foi que no início da
URSS, estabeleceu-se que todas as semanas teriam cinco dias, todos os meses
teriam 30 (inclusive fevereiro) e mais cinco feriados seriam distribuídos pelo
ano, totalizando 365 datas.
Esse sistema foi iniciado em outubro de
1929 e cancelado em 1932. Assim, aconteceram dois 30 de fevereiro na União
soviética nesse intervalo: nos anos de 1931 e 1932.
Mesmo sendo o menor mês do ano, em
fevereiro há muito o que se comemorar, pois ocorrem muitas festas e feriado
prolongado.
Apesar de não ter uma data fixa, o Carnaval
geralmente é comemorado no mês de fevereiro. Mesmo com sua tradição pagã, a
data em que a festa é celebrada foi definida pelo calendário cristão, mas
também pode acontecer no mês de março, como neste ano de 2019. No Brasil, como
também em alguns outros países, a festa é feriado nacional.