Deus, deuses, fé, superstição,
astrologia, destino
Décio Schroeter colaborador deste Humanitas é escritor. Atua em Porto
Alegre/RS
Superstição!
Que palavra estranha essa!
Se a gente acredita no bom Deus, isso se
chama ter “fé”.
Mas se a gente acredita em astrologia, ou
sexta-feira 13, o nome muda para superstição!
As doenças são castigos dos deuses?
Será que alguém acredita nisso hoje em dia?
Muitas pessoas ainda consideram doenças,
como a AIDS, um castigo de Deus.
Ora, isso significa que, para elas, deve
haver um dedo de Deus na decisão sobre quem deve adoecer e quem deve continuar
sadio.
Se fosse Deus, forças místicas ou o
destino, as pessoas não teriam livre-arbítrio.
Não acreditamos que uma pessoa enferma
possa ser curada por meios sobrenaturais.
Não acreditamos na interferência de forças
espirituais sobre a vida.
Assim, não acreditamos que o homem tenha
uma alma imortal.
Para Richard Sloan, pesquisador de medicina
comportamental na Universidade de Columbia (EUA), as revistas científicas
deveriam recusar esses estudos porque eles são uma afronta à ética da ciência médica.
"Não há nenhuma evidência de que a
fé faz bem à saúde", afirmou ele. "A
maioria desses pesquisadores está interessada em promover alguma
religião."
Sloan, que é autor do livro Blind Faith: The Unholy Alliance of
Religion and Medicine (Fé Cega: A aliança profana entre religião e
medicina), disse que existem pesquisas sérias confirmando que pessoas
otimistas enfrentam melhor a adversidade de uma doença, mas isso, não tem a ver
com a fé em um deus.
Um otimista pode ser religioso ou não.
Sloan também afirmou que os estudos que ligam
crença e saúde podem apresentar um efeito perverso porque a pessoa poderá se
sentir culpada por achar que não teve fé suficiente para evitar uma doença.
"Ficar
doente já é ruim. E fica pior se a doença vem acompanhada pelo peso na
consciência por não ter sido crente o suficiente."
Falou que muitos desses estudos são feitos
de modo a dar credibilidade a algumas crenças. Amostras de pesquisa são
pequenas e dados importantes são ignorados ou deturpados.
Vivemos uma boa vida (Carpe diem) porque nos libertamos do medo da morte.
Não precisamos mais temer os deuses e nos
preocupar com a morte.
. É fácil alcançar o bem. É mais fácil
suportar o que nos amedrontava.
Ou seja, vivemos o momento, não acreditamos
na ressurreição da carne, imortalidade da alma e na vida eterna.
Portanto, ser ateu e sem religião não
é negar a maravilha, o grandioso, o magnífico.
É dizer adeus ao cristianismo.
É simplesmente não precisar de explicações
com base na “fé cega” para algo que
carregamos.
Se deus(es) existem, ou ele ou ela não pode
fazer nada para impedir as mais terríveis calamidades, ou então ele é
impotente, ou então é mau.
E, ainda, qualquer deus que se preocupe com
coisas tão triviais como o casamento gay, ou o nome pelo qual ele é chamado nas
orações, não é tão inescrutável assim.
Os ateus consideram outra possibilidade,
claro, que é ao mesmo tempo mais razoável e a menos odiosa: o deus bíblico é
uma ficção, tal como Zeus e milhares de outros deuses mortos que a maioria dos
seres humanos mentalmente sãos hoje ignora.
E quando você argumenta que seu deus é
verdadeiro, aí toda a sua tese desmorona, porque cada cultura tem uma
inspiração divina que aponta para uma dimensão mágica diferente, governada por
um criador do universo diferente.
Para o seu deus existir, todos os outros
precisariam existir também.
Não há porque considerar apenas o “seu” como
o deus verdadeiro.
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