Uma semana para transformar a arte
Pedro Rodrigues Arcanjo – Olinda/PE
No mês de fevereiro de 1922
aconteceu em São Paulo a Semana da Arte Moderna que, diferentemente do que se diz
na mídia não foi criada sob o patrocínio de uma classe média emergente, e sim
da elite agrária paulista.
A Semana de Arte Moderna refletiu o grande anseio por mudanças no campo
artístico tal como ocorria na área da política.
Na verdade, podemos definir a Semana de Arte Moderna com uma intenção
também destrutiva.
Tornou-se muito claro que seus criadores pretendiam, acima de tudo,
destruir as velhas formas artísticas na literatura, música e artes plásticas
brasileira, incluindo nisso a apresentação de uma nova forma de arte e de
literatura.
Oswald de Andrade, um dos criadores da Semana afirmou categoricamente
que "não sabemos o que queremos. Mas
sabemos o que não queremos".
A Semana, na realidade, durou só três noites, com recitais, exposições
de artes plásticas, conferências etc. A cidade de São Paulo esquentou com o
clima provocativo dos intelectuais da época com temas vanguardistas e fora da
linha de pensamento dos antigos.
O público também se manifestou aplaudindo e vaiando os participantes,
entre eles os escritores Mário de Andrade, Mennotti Del Picchia, Oswald de
Andrade, Ronald de Carvalho, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliett. Os pintores
Anita Malfatti, Di Cavalcanti, o maestro Heitor Villa-Lobos e outros.
De acordo com o jornalista e escritor Jorge Tadeu da Silva, “se a Semana foi realizada por jovens
inexperientes, sob o domínio de doutrinas europeias nem sempre bem assimiladas,
conforme acentuam alguns críticos, ela significou também o atestado de óbito da
arte dominante. A Semana cumpriu a função de qualquer vanguarda: exterminar o
passado e limpar o terreno”.
Oswald de Andrade talvez fosse um dos
artistas que melhor representavam o clima de ruptura que o evento procurava
criar.
O poeta Manuel Bandeira, que não esteve
presente, provocou inúmeras reações de desagrado e de ódio por causa de seu
poema “Os Sapos”, que fazia uma
sátira do Parnasianismo, lido por Ronald de Carvalho durante o evento.
Ainda assim, muitos críticos e
historiadores desconsideram o alcance e a amplitude que depois muita gente
atribuiu à Semana.
No fim do evento, diversos artistas de vanguarda que dele participaram
com o intuito de banir do Brasil as facetas artísticas mais tradicionais
acabaram voltando para a Europa, o que trouxe mais dificuldades para que o
processo de ruptura tivesse uma continuidade mais ampla.
De qualquer maneira não se tem dúvida alguma que a Semana de Arte
Moderna de 1922 pode ser considerada um marco do Modernismo brasileiro. A sua
intenção maior foi a de inserir o país nas questões do século, estabelecendo
uma arte nacional totalmente nova.
Os intelectuais brasileiros mostraram nesse evento o quanto era
necessário se abandonar os valores estéticos antigos, ainda muito apreciados em
nosso país, para dar lugar a um estilo moderno e completamente contrário. A
literatura explorou mais o descontentamento com o estilo antigo, tendo a poesia
como carro-chefe.
Entre os escritores e poetas modernistas de destaque da semana podemos
citar Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Mennotti Del Picchia e Manuel
Bandeira. Nas artes plásticas, a pintora Anita Malfatti foi o nome de maior
relevo.