REFÚGIO POÉTICO
DUVIDADOR DO MUNDO
Antonio Carlos Gomes
Guarujá/SP
No fundo
Sou duvidador do mundo.
Minha arte é duvidar
Se a vida é superfície
O ser profundo não pode falar...
Só contestar.
Se o passado me amarra
É o presente o mundo onírico
O futuro se desgarra
Não obedece artifícios
Pois, o presente não embala
As fantasias do frontispício
Que minha mente avassala
Com ares sapientes... mas indecisos.
Sou o sonho que flutua
Discordando do sonhar...
Já que as velas que amarrei
Não impedem o velejar
Trazem máscaras do passado
Pro futuro assombrar
E eu cá, ensimesmado
Continuo a duvidar...
*********
CARTAS DE UMA ALMA
Karline Batista – Aracati/CE
Posso deixar aqui
as cartas amanhecidas
de uma alma
que deflagrou com seus sonhos de vitrais no tempo
e caiu em pedaços pelo espaço
espalhando suas letras
pelo caminho
na esperança teimosa que um dia
o destinatário reconheça a caligrafia
e venha afogar-me com seus beijos
em letargia
.........................
UMA MULHER MUITO À FRENTE DO SEU TEMPO
Francisca Clotilde nasceu em Tauá, Ceará, em 19 de outubro de 1862.
Filha de João Correia Lima e Ana Maria Castelo Branco.
Ávida por liberdade engajou-se no Movimento Abolicionista; já então se
notabilizava pela vocação poética. Em 1884, por concurso público foi nomeada
com o título de professora para a Escola Normal de Fortaleza.
Colaborou na imprensa (prosa e
verso): Cearense, Gazeta do Norte, Pedro II, O Libertador, A Quinzena, A República, Almanaque do
Ceará, no Ceará; e na de outros estados.
Ao ser demitida da Escola Normal (sua pena incomodava os poderosos)
fundou externato próprio que funcionou em Fortaleza e depois em Baturité.
Além de poetisa, foi também contista, cronista, jornalista, dramaturga
e romancista. Em 1902 veio a público o romance “A Divorciada”.
Pelo tema, há de se imaginar o abalo na sociedade e o preço que a
romancista pagou pela "ousadia".
Em 1908 transferiu-se com a família, o externato e a revista A Estrella para a cidade de Aracati,
onde passou 27 anos de sua vida dedicados à educação da Zona Jaguaribana.
Seus filhos Antonieta, Aristóteles e Angelita seguiram o exemplo da mãe:
todos percorreram o árduo caminho de educar.
Faleceu em Aracati no dia 8 de dezembro de 1935.
....................................
A vida é uma estranha
hospedaria. De onde se parte quase
sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas
Pois nunca as nossas malas
estão prontas
E a nossa conta nunca está em dia.
E a nossa conta nunca está em dia.
- MÁRIO QUINTANA -
.........................
Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda minha vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.
E foi melhor nunca ter dado:
Em te pungindo algum espinho
Cinge-a ao teu seio angustiado.
E sentirás o meu carinho
Pensa que nesse grito vem
O mal de toda minha vida:
Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém.
E foi melhor nunca ter dado:
Em te pungindo algum espinho
Cinge-a ao teu seio angustiado.
E sentirás o meu carinho
- MANUEL BANDEIRA -
......................
Quem
desejar receber o jornal Humanitas pelo correio deve fazer uma
assinatura no valor de R$ 30,00, que receberá mensalmente dois exemplares da
publicação. Tratar do assunto pelo e-mail: jornalhumanitas2013@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário