quinta-feira, 4 de setembro de 2014

HUMANITAS Nº 27 – SETEMBRO/2014 – PÁGINA 2


Editorial 
PODER EVANGÉLICO FUNDAMENTALISTA EXPANDE SEUS TENTÁCULOS

Por quanto tempo ainda poderemos dizer, com alguma credibilidade, que o Brasil é um Estado laico? Dez anos? Quinze anos?  Pedra  por pedra, na calada da noite dos meios de comunicação os tentáculos do poder religioso evangélico fundamentalista se expandem sobre posições no governo.
Nos templos, os chamados obreiros de  Deus encarregam-se de distorcer, apagar e transformar o noticiário do pouco que poderia  remanescer, em inexistente memória dos fiéis. Embutido nisso vem o acalentado sonho de empossar um presidente evangélico.
A fúria religiosa evangélica fundamentalista alastra-se pelo país  com rapidez. Sem sombra de dúvidas é uma ferramenta de poder que faz parte dos inúmeros acessórios utilizados pelo grupo que joga no tabuleiro terrestre o jogo do poder para transformar em realidade o plano de um governo teocrático no país. Desejo milenar!
Para que  a fé se consolide e cresça, tem que haver solo fértil como ingenuidade, necessidade, miséria e pobreza. Como em nossa época essas situações se igualam ou ultrapassam a típica magnitude de todas as outras “obras” humanas, resultado da incompetência e omissão dos políticos, surge um fenômeno infeliz chamado movimento das massas.
Esse movimento tem poder magnético sobre as pessoas e age automaticamente, sedimentado na ignorância, na falta de uma cultura real  e entendido como um aviso divino de movimento e sinal dos tempos. Essa força faz com que o indivíduo  comum não precise fazer o que ele menos gosta: raciocinar e tomar decisão! A força da massa de indivíduos decide por ele e ele segue o “caminho”!
Tal fenômeno de acreditar que é necessário ter e praticar uma religião, só acontece porque a massa  humana é mantida na ignorância. O propósito é não lhe permitir perceber, desenvolver  e cultivar uma cultura efetiva e verdadeira.
E creem que esse caos é a única forma terrestre de viver. Na mente deles habita a ilusão de que em futuro próximo haverá a separação do joio do trigo, tal como acham que se encontra escrito naquilo que chamam de sagradas escrituras. 
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CARTAS DOS LEITORES 
Parabéns ao Humanitas! Gerusa Martins – Manaus/AM 
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Uma publicação livre das amarras da mídia comum. Parabéns! Anne Cristine Mendes – Olinda/PE 
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Parabéns por mais um ano de vida. Geraldo Coelho – Recife/PE 
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Congratulações por outro ano de vida a este pequeno/grande jornal. Carlos Stefanni – Maceió/AL 
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TEMPLO PARA CULTUAR O BEZERRO DE OURO É INAUGURADO 
Celso Lungaretti – São Paulo/SP 

Foi um comportamento deplorável dos nossos políticos, principalmente os da esquerda, que não tiveram pejo em se perfilarem com o autoproclamado pastor da Igreja Universal, na inauguração do megatemplo da dita seita.
Não sei o que me causou mais mal estar: ver a foto de Dilma Rousseff e Gilberto Carvalho ao lado de tão duvidoso personagem ou ler o auê louvaminhas de Elio Gaspari, segundo quem "o templo de Salomão é um monumento à fé" e "haverá de se tornar um símbolo da cidade e da fé dos brasileiros". 
O chefe dessa seita esteve preso em 1992 acusado de charlatanismo, estelionato e curandeirismo, enquanto sua igreja é useira e vezeira na prática da intolerância e perseguição religiosa (tanto que seus seguidores chutam imagens de santas e vandalizam as humildes instalações dos cultos afrobrasileiros).
O mínimo que se esperava era um pundonoroso distanciamento das altas autoridades, em relação ao chefe da seita e às suas ostentações faraônicas (que absolutamente nada têm a ver com o tal espírito cristão!).
A edificação terminou sendo inaugurada com alvará provisório emitido pela prefeitura paulistana.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), repetiu a iniciativa de seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD), que forneceu documento de igual teor a favor do templo católico do padre Marcelo Rossi (o Mãe de Deus). Vemos assim que em matéria de adulação e subserviência às igrejas, o poder público é ecumênico.
O Estado brasileiro ainda que se diga laico continua tendo relações ambíguas e questionáveis com instituições religiosas.
E tudo isso apenas levando em conta interesses eleitorais dos políticos e nunca a fé em um deus.

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