segunda-feira, 29 de setembro de 2014

HUMANITAS Nº 28 - OUTUBRO DE 2014 - PÁGINA 2

Editorial
 
Fé religiosa nunca foi nem será conhecimento

Na enciclopédia da fé não existem respostas convincentes para as indagações humanas. Fé religiosa nunca foi nem será conhecimento científico. Fé religiosa não pode se irmanar com a filosofia.
Não se pode criar uma filosofia da fé. Thomas de Aquino tentou fazer isso e terminou deturpando a filosofia aristotélica. Mentiu para idealizar a vida eterna. Os filósofos da religião sempre deturparam a verdade.
As perguntas - Quem sou? De onde vim? Para onde vou depois de morrer? - serão respondidas pelo conhecimento científico, mas já se pode responder a elas de forma simples:
O homem é um produto do meio ambiente. Não foi criado nem planejado por nenhum deus. Nasceu do acaso e evoluiu. Depois de morrer não vai para lugar algum (inferno ou paraíso). Existe e passa.
O grande filósofo Friedrich Nietzsche estava certo quando dizia que “a fé não remove montanhas, mas coloca montanhas onde elas não existem.
Portanto, os mistérios estão sendo revelados cientificamente ao homem. Viver apenas pela fé, hoje, é simplesmente falta de formação crítica ou desinteresse por conhecimentos.
Toda e qualquer religião tem como fórmula inculcar o medo na cabeça das pessoas. Tudo para fazer existir seus deuses, santos, santas e mártires. Entre eles, o medo de morrer e perder uma ilusória vida eterna.
Mais: medo de viver a vida com intensidade pensando que está a pecar. Medo de enfrentar a realidade.  Medo, principalmente, do inexistente deus cristão perante o qual tanta gente se ajoelha e que, por não existir, simplesmente não interage junto aos seus seguidores.
------------------
CARTAS DOS LEITORES

Um jornal bom demais. Dizer bom é pouco. Estou a aprender muito com ele. Libertário e que faz pensar. Kátia Lima – São Paulo/SP
......
Sempre chegando do Recife as ideias do pensamento livre e de apoio à verdade. Edson Cardoso – João Pessoa/PB
-------------
O porco com obesidade mórbida
Antonio Carlos Gomes – Guarujá/SP

Denunciaram, sim, Denunciaram! Um matadouro clandestino no morro. Há tempos que por lá se sacrificavam e vendiam animais. Até que enfim alguém denunciou.
Pobres bichinhos!
O referido abatedouro ficava no final da favela, no morro. Aliás, no final do morro, já com vistas para o outro lado, ou seja, a mata. Nem o mar, o privilégio de quem por lá habita, existia.
Juntamente com a polícia foi a Vigilância Sanitária. Lá encontraram algumas cabras, alguns pequenos porquinhos e um porco de quinhentos quilos: obesidade mórbida evidente e indubitável.
Retiraram os animais pequenos. E o gordo porco? Como fazer? O animal mal andava, não desceria a montanha. Por lá não chega nenhuma caminhonete para o resgate. 
Se forçar o animal a andar ele morre, fato bem conhecido. Até Charles Dickens relatou nas “Aventuras do Senhor Pickwik”, onde a obesidade chega a tal ponto que qualquer esforço pode ser fatal. Chamaram os bombeiros.
Junto com os bombeiros vieram os repórteres ávidos por notícias.  Feita a reunião: como retirar o animal?
Muita discussão, muitas fotos e nenhuma conclusão.
O nosso amigo obeso virou manchete escrita e falada; até televisionada, e os órgãos competentes ficaram de estudar o caso.
Três dias de Imprensa e de pensamentos conseguiram um meio, usando toda a inteligência da cidade: remover o animal são e salvo.
A imprensa vibrou, a notícia ganhou a primeira página, os comentaristas da rádio discutiram o caso. O animal estava salvo.
Realmente, dali nosso gordo amigo foi para um confinamento, fizeram todos os exames objetivando avaliar direito a saúde tão agredida pelo excesso de lavagem, ou seja, restos de comida com que foi alimentado e, após constatar que o animal estava perfeito o encaminharam para o matadouro local, com todas as condições de higiene que exige a lei.
Ninguém noticiou a morte do suíno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário