Quem é Frei Betto e qual é o apito que ele toca?
Ivo S. G. Reis – Campo Grande/MS
Bem, primeiramente, há que se saber que
pessoas o som do apito dele chama e quem são os que conseguem ouvi-lo, pois nem
todos os sons são audíveis ao ouvido humano e outros, apesar de audíveis,
melhor negócio se faz se os ignorarmos ou taparmos os ouvidos. Eu, por exemplo,
jamais atenderia a um chamado do apito de Frei Betto, assim como várias outras
pessoas coerentes.
Frei Betto é um respeitado intelectual
brasileiro. Escritor religioso dominicano, teólogo, ativista social e político
de esquerda "adepto da Teologia da Libertação, é militante de
movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial do
presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, entre
2003 e 2004. [...] Foi coordenador de Mobilização Social do programa
Fome Zero" (Wikipédia). Escreveu 53 livros, dois deles agraciados com
os prêmios Jabuti e Juca Pato. Sua obra premiada e mais conhecida é "Batismo de Sangue", depois
transformada em filme.
Um currículo respeitável, mas não
suficiente para aceitarmos tudo o que ele diz, quando mistura seus valores
religiosos em sua literatura e, mais ainda, quando se declara defensor da relação colaborativa
Igreja Católica-Estado.
Aí o bicho pega e a casa cai. Isso invalida seus méritos de intelectual,
escritor e ativista social?
Certamente que não, mas restringe seu
público-alvo. E entre esses não se situam os ateus e irreligiosos, que condenam
veementemente a perniciosa união Igreja e Estado, que equivale à união
"Igreja x Política", que dá no mesmo e nunca produz bons resultados
para os dominados, isto é, o povo.
O padre (ateu) Jean Meslier, lá por 1720,
já denunciava e condenava essa relação nefasta. E de lá para cá, as coisas não
mudaram, apenas sofisticaram-se e intensificaram-se. São sempre as mesmas
consequências: maior poder de dominação para o Estado e a Religião.
Vou dar um exemplo hipotético: Suponhamos
que exista um sociólogo e historiador, sobrevivente da Segunda Guerra Mundial,
mas que na época apoiava o nazismo e que hoje se identifica como simpatizante
do neonazismo, apesar de não ser um ativista.
Suponhamos que esse escritor e sociólogo e historiador seja reconhecido
como "o maior historiador do século 21". Suponhamos, a
seguir, que ele tenha escrito um clássico denominado "História das Grandes
Guerras e Conflitos dos séculos XX e XXI"
e que esse livro fosse altamente festejado pela crítica e até ganhasse alguns
prêmios...
Vocês confiariam na versão dele? Poderiam
dizer que ela seria verdadeira e imparcial? Pode até ser que sim (os anos mudam
as pessoas, inclusive suas convicções religiosas e políticas).
Porém, se o cara ainda se reconhece como
simpatizante do neonazismo...
Assim é como vejo o papel social do Frei
Betto e de suas obras. Como agravante, o fato dele ser um formador de opinião e
apologista religioso. E as passagens a seguir destacadas endossam com vigor
minhas assertivas. Uma pessoa, um escritor religioso que apoia a união
Igreja-Estado, mesmo quando ele ressalva (talvez para disfarçar suas posições
religiosas):
"... Não
creio no deus dos torturadores e dos protocolos oficiais, no deus dos anúncios
comerciais e dos fundamentalistas obcecados; no deus dos senhores de escravos e
dos cardeais que louvam os donos do capital. Nesse sentido, também sou
ateu."
E depois se atrapalha quando afirma crer
no:
"...Deus
da Arca de Noé, dos cavalos de fogo de Elias, da baleia de Jonas. Deus que
extrapola a nossa fé, discorda de nossos juízos e ri de nossas pretensões;
enfada-se com nossos sermões moralistas e diverte-se quando o nosso destempero
profere blasfêmias."
Não, esse cara eu olho com reservas, muitas
reservas. Ainda bem que pelo menos ele reconheceu "os cardeais que
louvam os donos do capital".
Como, depois disso tudo, pode continuar
apoiando a Igreja, se ela também louva e se associa com os donos do capital,
sendo ela mesma um deles?
Teria Frei Betto esquecido como foi formada
a riqueza e todo o patrimônio da Igreja Católica? Nós não.
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