A
homossexualidade e a hipocrisia religiosa
Luísa L. – Lisboa – Portugal
A homossexualidade existe desde os primórdios da humanidade; mas as atuais sociedades conservadoras, regidas por um conjunto de valores morais hipócritas e por dogmas religiosos, insistem em discriminar (mesmo em países onde a legislação é igual para homossexuais e heterossexuais), porque essas pessoas se recusam a esconder suas paixões.
Muita tinta já correu sobre a questão da
homossexualidade, desde as religiões, no seu linguajar bíblico e dogmático sem
nexo, à hilariante classificação da homossexualidade como doença, distúrbio
psicológico ou perversão, por diversas organizações de saúde pelo mundo fora –
esta classificação foi abolida pela OMS no ano de 1990.
Na natureza – não esqueçamos que a
humanidade também faz parte dela –, há centenas de espécies onde comportamentos
homossexuais foram observados em alguns indivíduos.
Cachorros, pinguins, baleias, girafas,
golfinhos, escaravelhos, macacos, antílopes, girafas, elefantes, cisnes e leões
são apenas algumas das 1.500 espécies, que tem comportamento homossexual.
Estarão também os animais a pecar e será
que quando morrerem vão arder eternamente no inferno dos animais?
É possível… mas só na mente perturbada
dos religiosos, pois esses animais não são excluídos dos seus grupos apenas
porque é agradável ter uma relação sexual com indivíduos do mesmo sexo.
Com os seres humanos, a tolerância à
homossexualidade parece ser inversamente proporcional ao desenvolvimento
econômico e social.
Há 10 mil anos, algumas tribos da Nova
Guiné praticavam certas formas de homossexualidade ritual.
Esse povo acreditava que o conhecimento
sagrado, só poderia ser transmitido por meio de práticas sexuais entre pessoas
do mesmo sexo.
Na civilização Suméria (4000 antes da
era comum), práticas sexuais que hoje se entendem como imorais – casamentos
fictícios em honra aos deuses, estranhos rituais de fertilidade, prostituição
divina (mulheres e homens que se entregavam a terceiros, em troca de dádivas
para determinado templo), práticas entre homens e jovens do mesmo sexo, que
hoje chamamos homossexualidade –, parece que eram entendidas num contexto
espiritual e desprovidas dos conceitos morais de hoje.
Na Babilônia, por volta de 1750 a .e.c, surgiu uma das
mais antigas compilações de leis, elaborada pelo imperador Hamurabi, com alguns
privilégios para os prostitutos e as prostitutas, que participavam nos cultos
religiosos. Nota-se que essas pessoas já começavam a sofrer algum tipo de
pressão social.
Os escribas da civilização egípcia (3200 a .e.c. – 250 a .e.c.), não foram
pródigos em registrar ou mostrar a sua sexualidade em pinturas, baixos relevos
ou esculturas – salvo alguns artefatos fálicos encontrados em túmulos e umas
poucas pinturas, de valor real dúbio.
Segundo o historiador espanhol José
Miguel Parra Ortiz, em “A vida amorosa no Antigo Egito”, os egípcios tinham
interesse por sexo, tanto como qualquer outro povo.
As práticas homossexuais não eram de
modo algum tabu, embora fosse dada uma grande importância ao casamento e à
procriação.
Apesar da discrição dos egípcios, quanto
à vertente sexual, podemos deduzir que a organização social era baseada nas
relações heterossexuais, sendo a homossexualidade tolerada enquanto fonte de
prazer.
Os antigos gregos não entendiam a ideia
de orientação sexual como um identificador social.
A sociedade grega não diferenciava
desejo e comportamento sexual, com base no fato dos seus participantes serem
masculinos ou femininos, mas sim pelas normas sociais a adotar consoante cada
caso.
A prática sexual entre
homens tinha como objetivo a educação do jovem, sua preparação para a vida
adulta e a contemplação do amor que só entre os homens poderia ter lugar, já
que as mulheres, segundo a filosofia da época, eram desprovidas de intelecto e
sabedoria.
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