segunda-feira, 2 de março de 2015

HUMANITAS Nº 33 – MARÇO DE 2015 – PÁGINA 4

A homossexualidade e a hipocrisia religiosa
Luísa L. – Lisboa – Portugal
Texto extraído de http://irreligiosos.ning.com/

A homossexualidade existe desde os primórdios da humanidade; mas as atuais sociedades conservadoras, regidas por um conjunto de valores morais hipócritas e por dogmas religiosos, insistem em discriminar (mesmo em países onde a legislação é igual para homossexuais e heterossexuais), porque essas pessoas se recusam a esconder suas paixões.
Muita tinta já correu sobre a questão da homossexualidade, desde as religiões, no seu linguajar bíblico e dogmático sem nexo, à hilariante classificação da homossexualidade como doença, distúrbio psicológico ou perversão, por diversas organizações de saúde pelo mundo fora – esta classificação foi abolida pela OMS no ano de 1990.
Na natureza – não esqueçamos que a humanidade também faz parte dela –, há centenas de espécies onde comportamentos homossexuais foram observados em alguns indivíduos.
Cachorros, pinguins, baleias, girafas, golfinhos, escaravelhos, macacos, antílopes, girafas, elefantes, cisnes e leões são apenas algumas das 1.500 espécies, que tem comportamento homossexual.
Estarão também os animais a pecar e será que quando morrerem vão arder eternamente no inferno dos animais?
É possível… mas só na mente perturbada dos religiosos, pois esses animais não são excluídos dos seus grupos apenas porque é agradável ter uma relação sexual com indivíduos do mesmo sexo.
Com os seres humanos, a tolerância à homossexualidade parece ser inversamente proporcional ao desenvolvimento econômico e social. 
Há 10 mil anos, algumas tribos da Nova Guiné praticavam certas formas de homossexualidade ritual.
Esse povo acreditava que o conhecimento sagrado, só poderia ser transmitido por meio de práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo.
Na civilização Suméria (4000 antes da era comum), práticas sexuais que hoje se entendem como imorais – casamentos fictícios em honra aos deuses, estranhos rituais de fertilidade, prostituição divina (mulheres e homens que se entregavam a terceiros, em troca de dádivas para determinado templo), práticas entre homens e jovens do mesmo sexo, que hoje chamamos homossexualidade –, parece que eram entendidas num contexto espiritual e desprovidas dos conceitos morais de hoje.
Na Babilônia, por volta de 1750 a.e.c, surgiu uma das mais antigas compilações de leis, elaborada pelo imperador Hamurabi, com alguns privilégios para os prostitutos e as prostitutas, que participavam nos cultos religiosos. Nota-se que essas pessoas já começavam a sofrer algum tipo de pressão social.
Os escribas da civilização egípcia (3200 a.e.c. – 250 a.e.c.), não foram pródigos em registrar ou mostrar a sua sexualidade em pinturas, baixos relevos ou esculturas – salvo alguns artefatos fálicos encontrados em túmulos e umas poucas pinturas, de valor real dúbio. 
Segundo o historiador espanhol José Miguel Parra Ortiz, em “A vida amorosa no Antigo Egito”, os egípcios tinham interesse por sexo, tanto como qualquer outro povo. 
As práticas homossexuais não eram de modo algum tabu, embora fosse dada uma grande importância ao casamento e à procriação.
Apesar da discrição dos egípcios, quanto à vertente sexual, podemos deduzir que a organização social era baseada nas relações heterossexuais, sendo a homossexualidade tolerada enquanto fonte de prazer.
Os antigos gregos não entendiam a ideia de orientação sexual como um identificador social. 
A sociedade grega não diferenciava desejo e comportamento sexual, com base no fato dos seus participantes serem masculinos ou femininos, mas sim pelas normas sociais a adotar consoante cada caso.
A prática sexual entre homens tinha como objetivo a educação do jovem, sua preparação para a vida adulta e a contemplação do amor que só entre os homens poderia ter lugar, já que as mulheres, segundo a filosofia da época, eram desprovidas de intelecto e sabedoria.

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