REFÚGIO POÉTICO
Flor da penumbra
Ildásio Tavares – Salvador/BA
(1940-2010)
Orgasmo, flor da penumbra,
na noite sem geografia;
Rompendo a cor do silêncio;
Despertando as horas quietas,
Um desfolhar de soluços
Em transversais de gemidos,
Desabrochando em prazer.
De corola possuída
Suas pétalas abrindo-se
À majestade do amor.
na noite sem geografia;
Rompendo a cor do silêncio;
Despertando as horas quietas,
Um desfolhar de soluços
Em transversais de gemidos,
Desabrochando em prazer.
De corola possuída
Suas pétalas abrindo-se
À majestade do amor.
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Campo minado
Sérgio Gerônimo
Rio de Janeiro/RJ
o som deslizou pela pele
cantou três orações em mantra
de uma tecnomissa orgânica
ele estava sendo observado
estranhos corpos desnudos
em movimentos malabaristas
intimidadores desmaios
respiração arqueada
inventei flechas assassinas
atirando em sombras e desvios
houve outro som...
disparei intenções
perseguindo silhuetas e vontades
explodi inseguranças
demarquei limites
ciúmes e invejas
sem tato
rastejando tristezas
por entre armadilhas
e origames falsos
plantei o aviso
meu território é campo minado
de uma tecnomissa orgânica
ele estava sendo observado
estranhos corpos desnudos
em movimentos malabaristas
intimidadores desmaios
respiração arqueada
inventei flechas assassinas
atirando em sombras e desvios
houve outro som...
disparei intenções
perseguindo silhuetas e vontades
explodi inseguranças
demarquei limites
ciúmes e invejas
sem tato
rastejando tristezas
por entre armadilhas
e origames falsos
plantei o aviso
meu território é campo minado
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Brincar com afetos
Antonio Carlos Gomes – Guarujá/SP
Brincar com afetos sempre machuca
Por mais que se pense imunizado
É como os pesadelos acordados:
Sensação dolorida que cutuca.
Afeto é uma atração sorrateira
Que bate interna, mas com cuidado
Sempre quer durar uma vida inteira
Jamais admite que possa ser jogado.
Graciosa, quando te finges faceira
Passas. Brincas: No olhar tão marcante
Sinto este ardor. Que força pregnante!
Tal qual brasa avivando a fogueira.
Mas vejo como teu pensar fútil é,
Na verdade, antevejo tua má-fé.
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TRIBUTO A ALICE RUIZ
Alice Ruiz nasceu
em Curitiba(PR), em 1946. O contato com a literatura aconteceu logo cedo: aos 9
anos Alice já escrevia contos e, aos 16, versos.
Dez anos depois publicou alguns poemas em jornais e revistas culturais
e, aos 34, publicou seu primeiro livro. Conheceu o poeta Paulo Leminski, com
quem se casou, em 1968. Do casamento também surgiu outra parceria.
Alice e Leminski integraram o grupo musical “A chave”. Foi nesse período que Alice escreveu sua primeira letra
de música, em parceria com o marido.
Alice tem mais de 50 músicas gravadas por parceiros e intérpretes,
tendo lançado seu primeiro CD, “Paralelas”,
em 2005.
Além disso, a autora já publicou 15 livros, entre poesia, traduções e
até história infantil.
Os escritos de Alice lhe renderam vários prêmios, como o Jabuti de
Poesia, de 1989, pelo livro “Vice
Versos”.
Sempre produzindo, a autora participou dos projetos: Arte Postal, pela
Arte Pau Brasil; Poesia em Out-Door, Arte na Rua II; Poesia em Out-Door, 100
anos da Av. Paulista; XVII Bienal, arte em Vídeo Texto.
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