UMA MULHER OUSADA
Uma mulher foi
exceção: Safo, a Poetisa (nascida entre 630 e 612 a .e.c – falecida em data
desconhecida a.e.c). Pouco se sabe sobre essa mulher magnífica – política,
poetisa e professora –, cuja personalidade, ousadia e talento deram origem a
fantásticas lendas.
Pelo que nos
resta da sua obra, queimada em 1073 em Constantinopla e Roma, por ter sido
considerada herética, podemos perceber o amor que devotava a uma aluna da sua
escola, na ilha de Lesbos, mas nada que seja claro no que respeita à aceitação,
comportamento ou regras sociais para a homossexualidade feminina.
Entre os
romanos, os ideais amorosos eram equivalentes aos dos gregos. A pederastia
(relação entre um homem adulto e um jovem) era encarada como sentimento puro.
Mas se um homem
mais velho mantivesse relações sexuais com outro de idêntica idade, estava
estabelecida sua desgraça – os adultos passivos eram encarados com desprezo ao
ponto de serem impedidos de exercer cargos públicos.
Dando uma vista
de olhos pela história não é difícil perceber que, na Antiguidade, o sexo tinha
como objetivo a preservação da espécie, o amor, o prazer e até o
aperfeiçoamento espiritual.
Na civilização
Suméria (4000 antes da era comum), práticas sexuais que hoje se entendem como
imorais – casamentos fictícios em honra aos deuses, estranhos rituais de
fertilidade, prostituição divina (mulheres e homens que se entregavam a
terceiros, em troca de dádivas para determinado templo), práticas entre homens
e jovens do mesmo sexo, que hoje chamamos homossexualidade –, parece que eram
entendidas num contexto espiritual e desprovidas dos conceitos morais de hoje.
Na Babilônia,
por volta de 1750 a .e.c,
surgiu uma das mais antigas compilações de leis, elaborada pelo imperador
Hamurabi, com alguns privilégios para os prostitutos e as prostitutas, que
participavam nos cultos religiosos. Nota-se que essas pessoas já começavam a
sofrer algum tipo de pressão social.
Os escribas da civilização egípcia (3200 a .e.c. – 250 a .e.c.), não foram
pródigos em registrar ou mostrar a sua sexualidade em pinturas, baixos relevos
ou esculturas – salvo alguns artefatos fálicos encontrados em túmulos e umas
poucas pinturas, de valor real dúbio.
Os escribas da civilização egípcia (
Segundo o
historiador espanhol José Miguel Parra Ortiz, em “A vida amorosa no Antigo
Egito”, os egípcios tinham interesse por sexo, tanto como qualquer outro povo.
As práticas
homossexuais não eram de modo algum tabu, embora fosse dada uma grande
importância ao casamento e à procriação.
Apesar da
discrição dos egípcios, quanto à vertente sexual, podemos deduzir que a
organização social era baseada nas relações heterossexuais, sendo a
homossexualidade tolerada enquanto fonte de prazer.
Os antigos
gregos não entendiam a ideia de orientação sexual como um identificador social.
A sociedade
grega não diferenciava desejo e comportamento sexual, com base no fato dos seus
participantes serem masculinos ou femininos, mas sim pelas normas sociais a
adotar consoante cada caso.
A prática
sexual entre homens tinha como objetivo a educação do jovem, sua preparação
para a vida adulta e a contemplação do amor que só entre os homens poderia ter
lugar, já que as mulheres, segundo a filosofia da época, eram desprovidas de
intelecto e sabedoria.
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