EDITORIAL
ESTUPRO DA VERDADE
Quando este mês de abril despontar, alguns
setores políticos da direita radical irão, novamente, colocar as unhas de fora,
tentando fraudar a História do Brasil. Depois de 51 anos, ainda pretendem criar
um novo estelionato, estuprando nossa verdade histórica.
Neste
abril de 2015 ainda existe gente a considerar uma maravilha a violência praticada
em 1964 contra a democracia, o golpe que derrubou do poder o presidente eleito
João Goulart, que dirigia a nação de acordo com a lei e a legalidade.
O que diz
a Grande Mídia hoje? A maior parte dela busca incutir na cabeça do povo que a
ditadura civil militar que o Brasil viveu entre 1964/1985 apresentou baixos
níveis de violência política e institucional. Mantém essa ladainha para exorcizar da
memória popular os crimes praticados sob as ordens dos ditadores militares,
Castello Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João
Figueiredo, supervisionados pelo empresariado civil e pela águia de rapina
ianque.
Esses
cafajestes da Grande Mídia, fazem o elogio de um regime de exceção que
perseguiu, exilou, prendeu, matou, torturou e mutilou milhares de patriotas
entre 1964 e 1985. Não devemos esquecer que, obedecendo aos ditadores fardados,
cabeças foram decepadas, corpos jogados no oceano e depois dados como "desaparecidos"
e a maior parte de nossa Grande Mídia aplaudia e continua aplaudindo tudo isso.
A
soberania popular foi estuprada em abril de 1964 por homens fardados e por
civis de triste memória, como Carlos Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães
Pinto, Roberto Marinho, Antônio Carlos Magalhães e outros.
Desaparecimentos, torturas,
mortes, sequestros não possuem ligação com nosso pensamento humanista. Seguindo esse ideal, estaremos sempre a
martelar nos espaços da comunicação para jamais deixar cair no esquecimento
essa famigerada época inserida na vida brasileira pelos antipatriotas, militares
e civis, apoiados, como sempre acontece, pelo império ianque.
..........................
A MARCHA DOS HIPÓCRITAS
Leandro
Fortes – Brasília/DF – Especial para
o Humanitas
NAVEGANDO NA CRÔNICA DA POLÍTICA
Primeiro,
vamos combinar uma coisa: se você votou em Aécio Neves nas
eleições passadas, você não está preocupado com corrupção. Você nem liga para
isso, admita.
Aécio usou dinheiro público para construir
um aeroporto nas terras da família dele e deu a chave do lugar, um patrimônio
estadual, para um tio.
Aécio garantiu o repasse de dinheiro
público do estado de Minas Gerais, cerca de 1,2 milhão de reais, a três rádios
e a um jornal ligados à família dele. Isso é corrupção.
Então, você que votou em Aécio, pare com
essa hipocrisia de que foi às ruas no dia 15 de março passado se manifestar
porque não aguenta mais corrupção. É mentira!
Você foi à rua porque, derrotado nas
eleições passadas, viu, outra vez, naufragar o modelo de país que 12 anos de
governos do PT tornaram melhor.
Você foi para a rua porque, classe média
remediada, precisa absorver com volúpia o discurso das classes dominantes e,
assim, ser aceito por elas.
Você foi para a rua porque você odeia cotas
raciais, e não apenas porque elas modificaram a estrutura de entrada no ensino
superior ou no serviço público.
Você odeia as cotas raciais porque elas
expõem o seu racismo, esse que você só esconde porque tem medo de ser execrado
em público ou nas redes sociais. Ou preso.
Você foi para a
rua porque, apesar de viver e comer bem, é um analfabeto político nutrido à
base de uma ração de ódio, intolerância e veneno editorial administrada por
grupos de comunicação que contam com você para se perpetuar como oligopólios.
Foram esses meios
de comunicação, sempre emprenhados de dinheiro público, que encheram a sua alma
de veneno, que tocaram você como gado para a rua, com direito a banda de música
e selfies com atores e atrizes de corpo sarado e cabecinha miúda.
Não tem nada a
ver com corrupção. Admita. Você nunca deu a mínima para corrupção. Você votou
no PFL, no DEM, no PP, em Maluf, em ACM, em Maciel, no Mendonça Filho, no
Agripino Maia em deputados fisiológicos, em senadores vis, em governadores
idem.
Você votou no
PSDB a vida toda, mesmo sabendo que Fernando Henrique Cardoso comprou a
reeleição para, então, vender o patrimônio do país a preço de banana a
investidores estrangeiros. Ainda assim, você foi para a rua bradar contra a
corrupção.
E, para isso,
você nem ligou de estar, ombro a ombro, com dementes que defendem o golpe
militar, a homofobia, o racismo, a violência contra crianças e animais.
Você foi para a
rua com fascistas, nazistas e sociopatas das mais diversas cepas. Você se
lambuzou com eles porque quis, porque não suporta mais as cotas, as bolsas, a
mistura social, os pobres nos aeroportos, os negros nas faculdades, as mulheres
de cabeça erguida, os gays como pais naturais.
Você odeia esse mundo laico, plural,
democraticamente caótico, onde a gente invisível passou a ser vista – e vista
como gente. Você não foi para a rua pedir nada. Você só foi fingir que odeia a
corrupção para esconder o óbvio: “de que você foi para a rua porque, no
fundo, você só sabe odiar”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário