O terrorismo cristão no mundo (Parte 2)
Especial para o Humanitas
Pedro Rodrigues Arcanjo- Olinda/PE
Semelhança com o atual fundamentalismo islâmico não
é mera coincidência
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No ano de 412, Cirilo
sobrinho de Teófilo é nomeado bispo de Alexandria. Ele apoia os sentimentos
antissemitas difundidos entre os cristãos da cidade e, à frente duma multidão
de seguidores, incendeia as sinagogas e faz fugir os judeus. Logo a seguir,
encoraja os cristãos a tomarem os bens dos fugitivos.
Hipátia, a última grande matemática da
Escola de Alexandria, filha de Theon, é assassinada em 415 da era comum por uma
multidão de monges cristãos, sob as ordens do bispo Cirilo. O motivo dessa
ação: a brilhante professora de matemática ameaçava a difusão do cristianismo
por defender a Ciência e o Neoplatonismo.
O fato de Hipátia ser uma mulher bela e
carismática fazia a sua existência ainda mais intolerável aos olhos dos
cristãos.
Sua morte marcou uma reviravolta: após
seu assassinato, pesquisadores e filósofos trocaram Alexandria pela Índia e
pela Pérsia, e Alexandria deixou de ser o grande centro de ensino das ciências
do Mundo Antigo.
A Ciência retrocedeu no Ocidente e só
voltou a atingir um nível comparável ao da Alexandria antiga no início da
Revolução Industrial.
Os trabalhos da Escola de Alexandria
sobre matemática, física e astronomia serão preservados, em parte, pelos
árabes, persas, indianos e chineses.
O Ocidente, por outro lado, mergulha no
obscurantismo, apenas começando a sair dele mais de um milênio depois. Em
reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos
judeus de Alexandria, Cirilo foi canonizado e promovido a “Doutor da Igreja”,
no ano de 1882.
A Idade Média cristã aconteceu entre os
séculos V a XV. Com o desaparecimento das grandes bibliotecas a Igreja
monopoliza a informação e a escrita. O povo é deixado propositadamente na
ignorância, a leitura da Bíblia é desencorajada mesmo no caso de se ter acesso
a um exemplar. Pouco a pouco, a Igreja impõe o seu domínio sobre a sociedade.
É nesse período que surgem a Inquisição
e o celibato dos padres. O casamento tem de vir antes de quaisquer relações
sexuais.
Também é nesse período que nasce uma das
mais “grandiosas e famosas”
tradições cristãs: “queimar pessoas vivas!” Aproximadamente um milhão de
seres humanos se transforma em churrasco durante a Idade Média.
As cidades buscam bater recordes na
quantidade de pessoas queimadas por ano. O recorde principal é da cidade de
Bamberg, no estado da Baviera, na Alemanha, que conseguiu assar 600 seres
humanos num só ano.
Até hoje, muitos integrantes da Igreja
lamentam o fim desse período, quando o cristianismo dominava totalmente a vida
social.
Relembram com saudade a “espiritualidade” da época, bem
como a arte que deu grande ênfase à morte – “assunto apaixonante para os
cristãos” - e a música envolvente das catedrais.
Nesse período caótico da história humana
começou a ocorrer um crescimento populacional na Europa. A Igreja então propõe
um método de controle bem natural, criando as Cruzadas, no ano de 1095.
Em 1099 Jerusalém é “libertada” e logo que os cruzados
entram na cidade, o governador muçulmano rende-se, sob a promessa da população
civil ser poupada.
Em parte, a promessa foi cumprida (só em
1%), pois a totalidade da população, essencialmente de judeus e muçulmanos, foi
passada a fio de espada, não sem antes que os bons cristãos cruzados
violentassem as mulheres e decapitassem as crianças. Mais de 70 mil civis foram
assassinados.
A última fase do massacre ocorreu nas
sinagogas e mesquitas da cidade, onde os habitantes aterrorizados se
refugiaram. Eles pensavam que o caráter religioso dos locais pudesse inspirar
os piedosos cruzados à mostrarem clemência.
Nada disso ocorre: os cruzados entram e
transformam os locais de culto em um mar de sangue. O massacre de milhares de
civis amontoados na grande mesquita da esplanada do templo dura várias horas.
Depois de cumprirem e seguirem a
ideologia de sua piedosa e amorosa seita cristã os comandantes dos cruzados
informam aos bispos e ao papa que “tudo o que respira” na cidade foi
morto.
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