A necessidade de opinar
Especial para o Humanitas
Jorge Oliveira de Almeida é um
autodidata e colaborador deste Humanitas. Mora no Rio de Janeiro/RJ
Os
artigos publicados neste HUMANITAS refletem a capacidade intelectual de
seus autores. A edição de outubro de 2016 está repleta de textos da melhor
qualidade (eu diria que todos!), como sempre acontece.
Estão de parabéns os leitores desse
pequeno grande jornal que se agiganta a cada dia. Como é dirigido aos livres
pensadores, por isso mesmo auguramos que a quantidade de leitores se
multiplique.
É de salutar importância que as ideias
aqui apresentadas não sejam aceitas como absolutas, sem qualquer
questionamento, mas que, ao contrário, sejam debatidas com racionalidade;
porque não se trata de ganhar ou perder, pois essa linha de pensamento é
totalmente fora de propósito, para nós, leitores e colaboradores. Devemos
tão somente desejar que os artigos aqui expostos nos levem a concordar ou
discordar, que nos levem a pensar, enfim, procurando alcançar a Verdade!
A Verdade não é para nós tão somente a
verdade científica, que também não é absoluta, pois que pode ser revista e
corrigida a qualquer tempo, diferentemente da religião, que procura impingir
aos seus inocentes seguidores, por exemplo, que a Terra é o centro do Universo,
e isso não depende de interpretação, pois é assim que está escrito nos livros
sagrados. Não há como interpretar de
outra maneira.
A
verdade para nós não é a antítese da mentira. Ao discordarmos do que quer que
seja, isso não significa que estamos a considerar que o nosso debatedor esteja
faltando com a verdade. Significa, simplesmente, que não concordamos com o seu
ponto de vista; isto, é claro, se temos certeza de suas boas intenções.
Poderíamos discorrer sobre a Verdade, mas
não seria o caso de aqui fazê-lo. Entretanto, é bom que se diga que a Verdade é
uma só. Não existe uma verdade pela metade.
O problema é saber qual é essa verdade. Os
debates servem justamente para isso, para procurar encontrá-la. Entretanto,
podem existir diversas interpretações, o que não significa que possa haver mais
de uma verdade!
Por tudo isso, permito-me discordar
de um dos pontos de vista do sr. Manfred Grellmann no artigo da última página
do HUMANITAS de número 52, outubro/2016.
Ele comenta que o motivo para que não
houvesse refrigerante numa feira em São Paulo seria devido a uma imposição da
prefeitura, que considera que a não oferta de refrigerantes, mas de caldo de
cana, obrigaria os fregueses a optar pelo caldo de cana, muito mais saudável,
como ele mesmo diz, e questiona: “Cadê a
liberdade de escolher o que se quer vender e beber?”
Entendo que o Estado, seja em que nível
for, deveria preocupar-se com o bem-estar do cidadão e de seu
desenvolvimento como pessoa, visando em última análise o desenvolvimento da
sociedade.
Imagino que o sr. Manfred não atentou até
onde pode chegar o questionamento por ele levantado.
Se verdadeiro aquele raciocínio, as drogas
não deveriam sofrer limitações para venda e consumo.
Talvez também não tenha atentado ele para
o fato que aquele tipo de raciocínio é típico do capitalismo, que não dá a
mínima para a saúde do cidadão e não visa senão o lucro, não só vendendo
qualquer produto à população, mesmo que lhe proporcione malefícios, como sem
qualquer pejo adulterando medicamentos para doenças terminais.
Assim, que me desculpe aquele companheiro, mas
o Estado não funciona adequadamente porque os nossos representantes não são
dignos de crédito, e isso confirma com suas ações, mas nesse caso me parece que
a prefeitura de São Paulo está agindo dentro de suas precípuas atribuições,
devendo pelo menos nesse caso específico, ser parabenizada.
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