Até quando o planeta vai
durar?
Especial para o Humanitas
Ana Maria Leandro - uma das principais
colaboradoras do Humanitas - é
escritora e jornalista. Atua em Belo Horizonte/MG
Fico pensando no
que é que ficamos esperando a cada fim de ano.
Um “novo ano”?
O planeta formou-se há 4,56 bilhões de anos e a vida surgiu na sua superfície
um bilhão de anos depois.
É incrível como o
homem não percebe que o poder de mudanças na própria vida está nele mesmo.
Aliás, muitas das mudanças da natureza acontecem, muito mais por consequência
dos próprios desatinos do homem.
Encharca o mar de
quinquilharias e não quer que ele as devolva em fortes marés; mata os peixes e
tira assim outra fonte de alimentação, quando se a espécie fosse usada apenas
dentro da cadeia alimentar natural, não se extinguiria.
Faz escavações de
minas para extração de minérios e depois se vê assolado pelo derrame das terras
que as continham, invadindo rios e mares e exterminando seres vivos aquáticos e
terrestres. Canaliza rios e se vê inundado por arrebentações de canais em
épocas de cheias.
Entope o ar
natural com uma infinitude de gases artificiais, e depois reclama de males da
saúde e das dificuldades respiratórias...
Bem! Impossível
conseguir falar de “todas as mudanças” que o homem provoca, por
irresponsabilidade, por ganância financeira, por ignorância das reações da
natureza!
Mesmo assim, vamos
às praias jogar “flores a Iemanjá” para que ela nos dê mais prosperidade
para o novo ano.
Ao que parece, se
ela existe, parece que não gosta de flores. Nem que sujem o mar...
E se algum pedido
feito em nome dela foi realizado, podem ter certeza; foi por ação do próprio
ser humano.
O “calendário
humano” foi escrito por “seres humanos”.
A natureza não
faz calendário, ela mantém a terra girando em torno do sol.
A Terra vai
variando ângulos entre dias e noites, exatamente por esse efeito giratório.
A noite não é
mais perigosa que o dia em função da natureza, mas em função do homem, quando
usa as trevas para nela se esconder e praticar atos ilícitos.
E hoje poderá ser
melhor ou pior do que amanha, depende do que fazemos no agora.
Sementes
plantadas sempre vicejam os frutos de sua espécie.
E os fantasmas?
Bem, os fantasmas somos nós mesmos, criados em nossas mentes.
Neste aspecto,
considerando-se que o homem faz parte da natureza, aí então sim, sua natureza
pode criar o que quiser, inclusive “monstros”, que o assolam por razões
de uma mente que tem medo de si mesm e do que é capaz de fazer. E muitas vezes
o faz...
Não há, ainda,
condições de previsão do fim “deste nosso pequeno planeta”.
A ciência
considera que é possível um fim naquilo que envolve um ou vários planetas.
A Terra é apenas
um pedaço da explosão que ocorreu há mais de 4,56 bilhões de anos, portanto,
nada absurdo considerar que de novo podemos ter uma terra se estilhaçando num
novo “big-bang”. Preocupados com isso já existem terráqueos procurando
um jeito de irem para outro planeta (“projeto
Mars One ou Marte Um”).
A ciência diz que
guerra nuclear, pandemia viral, mudança climática: a suposta profecia maia do
fim do mundo não será cumprida, mas o Apocalipse já começou e a agonia será
lenta, alertam os cientistas. "A
idéia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é
absurda", declarou David Morrison, cientista da NASA e especialista da
vida no espaço. Mas enquanto estamos aqui, melhor que procurássemos nossa
transformação interior, aquela que pode ser menos egoísta, mais unida e
solidária uns com outros.
Necessitamos de
vivência melhor na Terra e nosso planeta só será um lugar bom se tomarmos
consciência disto.
Excesso de
abastança para uns, enquanto outros passam fome é, sem dúvida, o mal que
somente nós, seres humanos, podemos resolver com uma consciência mais
igualitária, pois o fim será o mesmo para cada um de nós.
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