sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

HUMANITAS Nº 55 – JANEIRO/2017 – PÁGINA 7

Até quando o planeta vai durar?
Especial para o Humanitas
Ana Maria Leandro - uma das principais colaboradoras do Humanitas -  é escritora e jornalista. Atua em Belo Horizonte/MG

Fico pensando no que é que ficamos esperando a cada fim de ano.
Um “novo ano”? O planeta formou-se há 4,56 bilhões de anos e a vida surgiu na sua superfície um bilhão de anos depois.
É incrível como o homem não percebe que o poder de mudanças na própria vida está nele mesmo. Aliás, muitas das mudanças da natureza acontecem, muito mais por consequência dos próprios desatinos do homem.
Encharca o mar de quinquilharias e não quer que ele as devolva em fortes marés; mata os peixes e tira assim outra fonte de alimentação, quando se a espécie fosse usada apenas dentro da cadeia alimentar natural, não se extinguiria.
Faz escavações de minas para extração de minérios e depois se vê assolado pelo derrame das terras que as continham, invadindo rios e mares e exterminando seres vivos aquáticos e terrestres. Canaliza rios e se vê inundado por arrebentações de canais em épocas de cheias.
Entope o ar natural com uma infinitude de gases artificiais, e depois reclama de males da saúde e das dificuldades respiratórias... 
Bem! Impossível conseguir falar de “todas as mudanças” que o homem provoca, por irresponsabilidade, por ganância financeira, por ignorância das reações da natureza!
Mesmo assim, vamos às praias jogar “flores a Iemanjá” para que ela nos dê mais prosperidade para o novo ano.
Ao que parece, se ela existe, parece que não gosta de flores. Nem que sujem o mar...
E se algum pedido feito em nome dela foi realizado, podem ter certeza; foi por ação do próprio ser humano.
O “calendário humano” foi escrito por “seres humanos”.
A natureza não faz calendário, ela mantém a terra girando em torno do sol.
A Terra vai variando ângulos entre dias e noites, exatamente por esse efeito giratório.
A noite não é mais perigosa que o dia em função da natureza, mas em função do homem, quando usa as trevas para nela se esconder e praticar atos ilícitos.
E hoje poderá ser melhor ou pior do que amanha, depende do que fazemos no agora.
Sementes plantadas sempre vicejam os frutos de sua espécie.
E os fantasmas? Bem, os fantasmas somos nós mesmos, criados em nossas mentes.
Neste aspecto, considerando-se que o homem faz parte da natureza, aí então sim, sua natureza pode criar o que quiser, inclusive “monstros”, que o assolam por razões de uma mente que tem medo de si mesm e do que é capaz de fazer. E muitas vezes o faz...
Não há, ainda, condições de previsão do fim “deste nosso pequeno planeta”.
A ciência considera que é possível um fim naquilo que envolve um ou vários planetas.
A Terra é apenas um pedaço da explosão que ocorreu há mais de 4,56 bilhões de anos, portanto, nada absurdo considerar que de novo podemos ter uma terra se estilhaçando num novo “big-bang”. Preocupados com isso já existem terráqueos procurando um jeito de irem para outro planeta (“projeto Mars One ou Marte Um”).
A ciência diz que guerra nuclear, pandemia viral, mudança climática: a suposta profecia maia do fim do mundo não será cumprida, mas o Apocalipse já começou e a agonia será lenta, alertam os cientistas. "A idéia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é absurda", declarou David Morrison, cientista da NASA e especialista da vida no espaço. Mas enquanto estamos aqui, melhor que procurássemos nossa transformação interior, aquela que pode ser menos egoísta, mais unida e solidária uns com outros.
Necessitamos de vivência melhor na Terra e nosso planeta só será um lugar bom se tomarmos consciência disto.
Excesso de abastança para uns, enquanto outros passam fome é, sem dúvida, o mal que somente nós, seres humanos, podemos resolver com uma consciência mais igualitária, pois o fim será o mesmo para cada um de nós.

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